Eu acredito ter compreendido o crude, de certa forma. Tirando a sua tradicional prolixidade desnecessária, eu vejo onde ele quer chegar.
A questão é sobre o objetivo principal do Wolverine gay em questão de mercado e querendo ou não, de qualidade como história.
Qual o objetivo do Wolverine gay? É apresentar outra forma como os quadrinhos possam ser vistos? Criar outra história e outro arco interessante? Ou simplesmente fazer sensacionalismo barato com um personagem famoso simplesmente virando sua personalidade pelo avesso para faturar uns dólares a mais, gerar ruído de fanboys e atingir (de forma boa ou ruim) um público-alvo em específico (no caso, os gays)?
Segundo o Crude, e que o único a debater aqui usando o mesmo diálogo que foi o Lanzi, há indícios fortíssimos de que o objetivo do Wolverine gay seja apenas o sensacionalismo. Daí, como de praxe quando envolve assuntos polêmicos como homofobia, racismo, machismo, etc, o fato de questionar uma identidade em específico do personagem já acarreta acusações de homofobia, homossexualismo enrustido e similares por parte de alguns que não podem ver estes assuntos serem tocados que já sentam as pedras caso a questão levantada seja, mesmo que de leve, uma lembrança de um sujeito conservador.
Está aí algo que condeno de forma veemente. Acusações, contra quem quer que seja, sobre posições que não caiam na veia liberal-esquerdista-progressista. Não vi nenhuma insinuação por parte do crude que possa considerá-lo como um homófobo. Vi ele é questionando a qualidade sobre a repaginação de um personagem em outro conceito sob uma lógica de mercado.
Aos que tecem pré-julgamentos, sugiro mais empatia. Você pode não concordar com elas, mas um mínimo de respeito e de visualizar que mesmo ideologias ruins tem certas qualidades, já se pode fazer uma discussão um pouco mais interessante e saudável.
Minha posição:
Eu sou um daqueles desconfiados que acredita que o Wolverine gay foi mais para causar polêmica, sensacionalismo barato e vender algumas revistas do que aliar vendas a qualidade, algo importante para qualquer produto de mercado no meio da arte e entretenimento.
Pegando como base a verossimilhança, sabemos que o Wolverine comum é um sujeito agressivo, rústico, selvagem, inconsequente e é praticamente um homem das cavernas dos tempos modernos. Já a maior parte dos gays que eu conheço não possuem características similares ao Wolverine. Assim, sem descaracterizar completamente o personagem, seria muito difícil termos um Wolverine gay convincente.
Ser gay não é apenas dormir com uma pessoa do mesmo sexo. Ser gay envolve uma série de fatores inclusive sociais que afetam o indivíduo por si. Tem a influência genética e tem a influência social. Que é o que faz o Elfo citar exemplos de escolha: um gay pode optar por viver a vida inteira como heterossexual. O fato dela ter nascido gay não significa que ela realmente acabe por se tornar gay dentro da sociedade.
Não vou julgar a questão da qualidade das histórias do Wolverine gay por não ter lido a revista. Mas saber nesse tópico que Colossus foi gay em outra realidade me é indiferente. Ou sabermos que o Lanterna antigo é gay e é canon, também não é surpreendente. Aliás, é um retrato bem comum da sociedade um sujeito se revelar depois de muito tempo, e faz muito sentido dentro do nosso mundo real. Pelo contrário, a revelação do Lanterna é até muito positiva e dá mais verossimilhança com a realidade que nos cerca.
Daí, utilizando todos esses argumentos que citei, acho até um certo contra-estereótipo nocivo e ruim dessa abordagem. Acharia até ofensivo ao público gay. Pegar um personagem oposto, deformá-lo, e utilizar nossos conceitos somente para causar e ganhar uns dólares em cima.
Resumindo:
Lanterna gay é uma abordagem positiva. Ponto para a DC Comics.
Wolverine gay é uma abordagem sensacionalista. Desponto para a Marvel.
Porém, se a Marvel conseguir desenvolver o Wolverine que fique com uma ideia mais interessante sobre essa nova abordagem dele, mudarei de opinião.