Autor Tópico: Baderna na USP  (Lida 25636 vezes)

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Offline Dinobot

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Re:Baderna na USP
« Resposta #60 Online: Novembro 10, 2011, 05:42:57 am »
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Citação de: MagoCego em Novembro 09, 2011, 09:47:09 am
Ontem de madrugada vi depoimentos de estudantes que foram obrigados (ontem) a sair das salas para fazer a greve. Algo do tipo, segundo os depoimentos: "Ou sai ou tiramos a força." "Não garantimos sua segurança lá fora."
Procede?
Procede. Amigos meus da fulos da vida com isso.

Eu acho isso um absurdo.

Sobre a foça destinada a retirada do grupo. (me baseando no DDB) Será que era realmente necessário mandar a parte da policia que está habituda a ser recebida a tiro, para coibir estudante? Ninguém duvidava que os estudantes irião continuar na reitoria mesmo com uma ordem judicial contrária. A policia ia ser necessária para fazer valer a ordem isso era claro, entretanto o aparato que foi enviado para suprimir os estudantes pareceu que eles eram um grupo de comandos altamente treinados.

Por incrivel que pareça, era necessário sim. Conter uma pessoa sem causar ferimentos craves é muito mais difícil do que simplesmente conter uma pessoa livremente. Um destacamento de 10 soldados seria o suficiente para retomar a Reitoria se eles tiverem carta branca para agirem, mas para conseguirem segurar os manifestantes sem causar nenhuma morte nem ferimento grave, a maioria numérica significativa é a única vantagem real.

Fora que pelas noticias que chegaram a mim, a policia ficou um tempo trancada junto com os estudantes na reitoria, longe do publico. Por isso, por exemplo tenho sérias duvidas quanto a destruição do patrimonio publico no interior da reitoria e dos coquetéis molotv sejam realmente dos alunos.

Eu não. Conheço o tipo de revolucionário cabeça de vento que estuda na FFLCH. Aposto as pregas do meu rabo que os molotovs são deles...

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Dessa concepção elitista, decorre, ainda, a idéia de que a PM aborda um estudante ou um trabalhador para reprimí-lo. Soa-me paranóico, como se a pessoa policial fosse uma peça de um maquinário regido por uma grupo de conspiradores que querem controlar os estudantes e o pensamento na sociedade. E é como se o status de "estudante" ou de "trabalhador" o isentasse de culpa por seus atos, como se tudo que fizesse, como seus crimes, decorresse de atos politicamente conscientes que anulasse os efeitos legais da ação. No fim das contas, critica-se um tipo de ação policial é legal e com efeitos preventivos eficientes: a abordagem policial.

Só que vamos colocar a PM não abordar a pessoa sendo educada, ela te trata como um criminoso. A abordagem da PM tem uma tendência alta a beirar o abuso de poder, especialmente quando os alvos são moradores de favela ou pessoas que estão participando de alguma manifestação. Nesse sentido quando os universitários reclamam da PM e de seus atos nao é elitismo, todos somos inocentes até que provem o contrário.

Alto lá. Eu mesmo já fui parado pela Polícia algumas vezes e, se a atitude assusta um pouco, infelizmente é uma necessidade. É assim que o mundo funciona. Contanto que não atirem em ninguém (e em geral, não atiram mesmo) O procedimento correto é esse.

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Primeiramente, a de que a simples presença policial gera repressão e cerceamento da liberdade. Mas cadê os dados concretos sobre? Quais são os meios de repressão policial? Como a presença da PM restringe a liberdade e o debate democrático na Universidade? Falta algo mais concreto na argumentação geral. São palavras jogadas ao vento

Pense desse modo: a presença de membros da foça que representa o poder de coação do Estado, que tem como objetivo lutar contra o crime e impor a ordem. Você realmente acha que a sua mera presença não gera automaticamente um nível de repressão? Não temo como chegar e colocar números de como a PM reprimi. Como você irá discutir a atuação da PM com ela do seu lado, você é capaz de falar que muitos são corruptos com um cara de fuzil do seu lado? Como discutir sobre a liberalização das drogas, com policias podem alegar que você estava fazendo apologia a mesma? Isso são aluns exemplos que pensei agora.
 Um outro exemplo pode ser visto em como a marcha da maconha foi tratada de maneira super delicada pela PM. Não podemos reclamar da truculência dela, ela não foi feita para isso, não tem treinamento para isso.

O mais importante que eu quero tentar passar é a PM não é prevenção, ela é resposta a um crime. O treinamento dela é focado nesse aspecto, ela possui recursos para responder aos crimes não para prevenir. Está retirando um força especializada em confronto direto das ruas e colocando ela em um meio que a solução mais adequada seria um segurança própria. Treinada para aquele ambiente.

A PM é prevenção também. A simples presença das patrulhas causou uma redução de mais de 70% nos assaltos na região da Cidade Universitária e arredores. Não se pode discutir com os fatos.
Entrem em http://www.facebook.com/hora13 e acompanhem os episódios do programa Hora 13, apresentado por esse idiota que vos fala.

Contem Minha história aos que perguntarem. Contem toda a verdade, tanto os atos vergonhosos quanto os louváveis. Que eu seja julgado de acordo.

O resto... É silêncio...

Offline ferdineidos

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Re:Baderna na USP
« Resposta #61 Online: Novembro 10, 2011, 11:02:23 am »
Aguns pontos:

400 PMs com aparato completo (escudo, cassetete, proteção contra tumultos) é necessário? Não. Mas se tivesse 100 pode ter certeza que o pau ia cantar. O número desestimula, demonstra que eles não estão ali pra brincadeira e resolve as coisas sem violência. Achei uma tática óbvia.

Sobre a abordagem policial: PM tem que abordar de forma mais neutra possível e sempre com a mão na arma. Uma coisa é ser direto e ríspido, outra é ser mal educado.

E PM não é pra atuar após o fato criminoso, ela é uma polícia de prevenção, existe pra fiscalizar e operar também pela mera presença.

Com relação a coibir o livre pensamento, isso é besteria. O PM não vai ficar dentro do auditório com os alunos, não fica na sala de aula. É a mesma coisa que você dizer que não tem liberdade de conversar em uma praça.

Agora, ouvi ontem o Boechat levantar um ponto interessante: o orçamento anula da USP é de 3 bilhões de reais. Teoricamente tem dinheiro mais do que suficiente pra manter a segurança da área sem precisar recorrer à PM. Aí é um caso interessante e que pra mim deveria ser explorado. Por que a usp não investe mais em segurança?
"Entre todas as tiranias, a tirania exercida para o bem de suas vítimas é a mais opressiva.Talvez seja melhor viver sob o olhar de nobres usurpadores do que de intrometidos moralistas onipotentes."

Re:Baderna na USP
« Resposta #62 Online: Novembro 10, 2011, 11:18:31 am »
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Teoricamente tem dinheiro mais do que suficiente pra manter a segurança da área sem precisar recorrer à PM. Aí é um caso interessante e que pra mim deveria ser explorado. Por que a usp não investe mais em segurança?
Eles querem os milicos. Afinal, a PM tem helicópteros, e helicópteros são legais.

Re:Baderna na USP
« Resposta #63 Online: Novembro 10, 2011, 12:41:40 pm »
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Eu acho isso um absurdo.

Sobre a foça destinada a retirada do grupo. (me baseando no DDB) Será que era realmente necessário mandar a parte da policia que está habituda a ser recebida a tiro, para coibir estudante? Ninguém duvidava que os estudantes irião continuar na reitoria mesmo com uma ordem judicial contrária. A policia ia ser necessária para fazer valer a ordem isso era claro, entretanto o aparato que foi enviado para suprimir os estudantes pareceu que eles eram um grupo de comandos altamente treinados.

Nesse caso, é a coisa mais correta a se fazer,por incrível que pareça.

Se você quer assegurar a rendição de um grupo de pessoas sem conflitos, ainda mais de pessoas que já demonstraram em situação anterior que eles seriam capazes de iniciar e manter um conflito, a maneira mais assegurada de conseguir isso é através da demonstração de força imensamente superior (como é dito nos EUA, "Peace through superior firepower"), que força os estudantes ou a assumir a postura de suicidas (caso queiram entrar em conflito) ou a se render (que foi o que aconteceu).

Caso a PM quisesse realmente descer o sarrafo nos estudantes, eles não fariam uma demonstração de força durante o dia e nem usariam soldados tão visíveis - eles fariam isso a noite, sem avisos prévios e aglomerações, aproveitando o elemento surpresa e o fato que muitos manifestantes estariam dormindo.

Re:Baderna na USP
« Resposta #64 Online: Novembro 10, 2011, 12:45:30 pm »
400 PMs é exagero. Com 100 PMs eles já demonstravam "força superior". Não esqueçam que essa confusão toda está saindo dos cofres públicos.

Re:Baderna na USP
« Resposta #65 Online: Novembro 10, 2011, 01:00:03 pm »
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400 PMs é exagero. Com 100 PMs eles já demonstravam "força superior".

Superioridade numérica e impressão de possuí-la é algo crucial nesse caso, Gegê. E que eu me lembre, a maioria deles não foram usados em operação, estavam lá justamente para isso.

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Não esqueçam que essa confusão toda está saindo dos cofres públicos.

E isso é motivo para reclamar? Quem quer gasto público deveria jubilar de alegria com esse evento.  :b

Aos de Esquerda Maluca, porque mostra que o Estado é um aparato repressor monstruoso, então vão continuar na sua luta contra ele (mas a favor de cargos políticos). Aos da Esquerda Social-Democrata, o patrimônio afetado vai ter que ser consertado, o que gera investimento e crescimento. A Direita Paranóica, mostra que o Foro de São Paulo está movendo seus soldados para a tomar a Sociedade Brasileira, mas que os Bravos Soldados ainda nos defenderão contra eles - e Segurança é gasto, é investimento.

Re:Baderna na USP
« Resposta #66 Online: Novembro 10, 2011, 01:23:28 pm »
Mover um contingente de 400 soldados contra 70 civis é um Overkill desnecessário.

Re:Baderna na USP
« Resposta #67 Online: Novembro 10, 2011, 02:10:04 pm »
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Mover um contingente de 400 soldados contra 70 civis é um Overkill desnecessário.

Se houvesse algum civil que foi ferido, agredido ou seriamente afetado, eu concordaria, mas como até agora, a pior acusação que vi foi que os manifestantes ficaram 3h sem água, depois de serem levados para delegacia, não consigo ver nada de errado ou problemático.

Re:Baderna na USP
« Resposta #68 Online: Novembro 10, 2011, 02:27:50 pm »
Shadai, eu concordo que é melhor ter bastantes policiais e não ter incidentes com feridos do que poucos policiais e o pau comendo.

Mas eu acho que 400 é exagero e um gasto desnecessário. Sem contar que para levar esses 400 policiais para lá, quantos postos não ficaram desguarnecidos? São Paulo não tem problemas de segurança maiores para resolver do que medir falos com um bando de estudantes?

Offline Ciggi

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Re:Baderna na USP
« Resposta #69 Online: Novembro 10, 2011, 02:53:13 pm »
Entenda assim GG, tu é um funcionário da lei, ta ali pra lidar com a pior situação possível. Ou seja, basicamente tu bota tua vida em risco diariamente. Tu acha mesmo que em uma situação estranha, você ia chegar na boa, sem querer ter uma vantagem obvia e irrevogável? Não, não iria querer. Por isso PM aborda com arma na mão e mandando deitar, porque se não for assim, uma hora inevitavelmente ele encontra um armado que vai revidar.

AGORA, depois do acontecido, com as coisas mais claras eu acho que 200 homens seriam suficiente, mas na hora? Tu leu a parte do molotov né? Tu entendeu que querendo ou não o que se esperava lá era uma ação violenta né? Não to dizendo que era o que ia acontecer nem que as estudantes buscavam isso, mas era o que qualquer pessoa da inteligencia militar entenderia. Havia jovens, havia inocentes, e havia confusão, qual a melhor solução? Vantagem numérica. Acho que a posição da PM nesse caso foi muito bem colocada. Eles foram, impuseram por coação não violenta a ordem, e a situação se resolveu sem incidentes.

E sobre a questão dos gastos... Bem, é um problema de todos ou não? Então acho justo que seja pago com dinheiro publico sim. Melhor que isso só se não tivesse tido confusão.

Offline Aluriel de Laurants

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Re:Baderna na USP
« Resposta #70 Online: Novembro 10, 2011, 05:05:31 pm »
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A seguir, o relato de uma estudante – contrária à ocupação da reitoria da USP – publicado no Facebook. Notem os detalhes onde a estudante cita os bastidores da cobertura da imprensa, a relação promíscua desta com a Polícia Militar e o vandalismo feito pelos próprios policiais. Trata-se de uma visão alternativa à propagada pela grande imprensa, que esconde a truculência da polícia contra estudantes desarmados, mas faz questão de berrar quando uma das câmeras caras do patrãozinho é atingida por uma pedra em meio ao conflito.
Aos opinadores de plantão, que não perdem a oportunidade de mostrar todo o fascismo enrustido e disfarçado de cool e antenado, uma dica: busquem fontes alternativas de informação, de preferência contra-informação antes de se posicionar. Do contrário, estarão apenas bancado os imbecis manipulados, massa de manobra, ventríloquo de circo. Enfim, ovelhas da classe média facilmente comandadas pelos chefões da mídia e do Estado.
Por Shayene Metri*
Cheguei na USP às 3h da manhã, com um amigo da sala. Ia começar o nosso ‘plantão’ do Jornal do Campus. Outros dois amigos já estavam lá. A ideia era passar a madrugada lá na reitoria, ou pelas redondezas. 1) para entender melhor a ocupação, conhecer e poder escrever melhor sobre isso tudo. 2) para estarmos lá caso a PM realmente aparecesse para dar um fim à ocupação.
Conversa vai, conversa vem. O tempo da madrugava passava enquanto ficávamos lá fora, na frente da reitoria, conversando com alunos da ocupação. Alguns com posicionamentos bem definidos (ou inflexíveis), outros duvidando até das próprias atitudes. A questão é: os alunos estavam lá e queriam chamar atenção para a causa (ou as causas, ou nenhuma causa)…e, por enquanto, era só. Não havia nada quebrado, depredado ou destruído dentro da tão requisitada reitoria (a única marca deles eram as pixações). A ocupação era organizada, eles estavam divididos em vários núcleos e tinham medidas pra preservar o ambiente. Aliás, nada de Molotov.
Mais conversa foi jogada fora, a fogueira que aquecia se apagou várias vezes e eu levantei a pergunta pra alguns deles: e se a PM realmente aparecesse lá logo mais? Seria um tiro no pé dela? Ela sairia como herói? Os poucos que conversavam comigo (eram uns 4, além dos amigos da minha sala) ficaram divididos. “Do jeito que a mídia está passando as coisas, eles vão sair como heróis de novo”, disse um. “Se ele vierem vai ter confronto e isso já vai ser um tiro no pé deles”, disse outra. Mas, numa coisa eles concordavam: poucos acreditavam que a PM realmente ia aparecer.
Eu achava que a PM ia aparecer e muito provavelmente isso que me fez ficar acordada lá. Não demorou muito e, pronto, muita coisa apareceu. A partir daí, meu relato pode ficar confuso, acho que ainda não vou conseguir organizar tudo que eu vi hoje, 08 de novembro.
Muitos PMs chegaram, saindo de carros, motos, ônibus, caminhões. Apareceram helicópteros e cavalaria. Nem eu e, acredito, nem a maior parte dos presentes já tinham visto tanto policial em ação. Estávamos em 5 pessoas na frente da reitoria. Dois estudantes que faziam parte da ocupação, eu e mais 2 amigos da minha sala, que também estavam lá por causa do JC. Assim que a PM chegou, tudo foi muito rápido: os alunos da ocupação que estavam com a gente sugeriram: “Corram!”, enquanto voltavam para dentro da reitoria. Os dois amigos que estavam comigo correram para longe da Reitoria, onde a imprensa ainda estava se posicionando para o show. Eu, sabe-se lá por qual motivo, joguei a minha bolsa para um dos meninos da minha sala e voltei correndo para frente da reitoria, no meio dos policiais que avançavam para o Portão principal [e único] da ocupação.
Tentei tirar fotos e gravar vídeos de uma PM que estava sendo violenta com o nada, para nada. Os policiais quebravam as cadeiras no carrinho, faziam questão do barulho, da demonstração da força. Os crafts com avisos dos estudantes, frases e poemas eram rasgados, uma éspecie de símbolo. Enquanto tudo isso acontecia, parte da PM impedia a imprensa de chegar perto da área, impedindo que os repórteres vissem tudo isso. Voltando para confusão onde eu tinha me enfiado: os PMs arrombaram a porta principal, entraram (um grupo de mais ou menos 30, eu acho) e, logo em seguida, fecharam o portão. Trancaram-se dentro da reitoria com os alunos. Coisa boa não era.
Depois disso, o outro grupo de PMs,que impedia a mídia de se aproximar dessas cenas que eu contei, foi abrindo espaço. Quer dizer, não só abrindo espaço, mas também começando (ou fortalecendo) uma boa camaradagem para os repórteres que lá estavam atrás de cenas fortes e certezas.
“Me sigam para cá que vai acontecer um negócio bom pra filmar ali agora”, disse um dos militares para a enxurrada de “jornalistas”.
A cena era um terceiro grupo de PMs, arrombando um segunda porta da reitoria, sob a desculpa de que queria entrar. O repórter da Globo me perguntou (fui pra perto deles depois da confusão em que me meti com os policiais no início): “os PMs já entraram, não? Por que eles tão tentando por aqui também?”. Respondi: “sim, já entraram. E provavelmente estão fazendo essa cena pra vocês terem algum espetáculo pra filmar”.
A palhaçada organizada pelos policiais e alimentada pelos repórteres que lá estavam continuou por algumas horas. A imprensa ia contornando a reitoria, na esperança de alguma cena forte. Enquanto isso, PM e alunos estavam juntos, dentro da Reitoria, sem ninguém de fora poder ver ou ouvir o que se passava por lá. Quem tentasse entrar ou enxergar algo que se passava lá na Reitoria, dava de cara com os escudos da tropa de choque, até o fim.
Enquanto amanhecia, universitários a favor da ocupação, ou contra a PM ou simplesmente contra toda a violência que estava escancarada iam chegando. Os alunos pediam para entrar na reitoria. Eu pedia para entrar na reitoria. Tudo que todo mundo queria era saber o que realmente estava acontecendo lá dentro. A PM não levava os estudantes da ocupação para fora e o pedido de todo mundo era “queremos algo às claras”. Por que ninguém pode entrar? Por que ninguém pode sair?
Enquanto os alunos que estavam do lado de fora clamavam para entrar, ouvi de um grupo de repórteres (entre eles, SBT): “Não vamos filmar essas baboseiras dos maconheiros não! O que eles pedem não merece aparecer”. Entre risadas, pra não perder o bom humor. Além dos repórteres que já haviam decidido o que era verdade ou não, noticiável ou não, tinham pessoas misturadas a eles, gritando contra os estudantes, xingando. Eu mesma ouvi muitas e boas como “maconheirazinha”, “raça de merda” e “marginal”.
Os estudantes que enfrentavam de verdade os policiais que faziam a ‘corrente’ em torno da Reitoria eram levados para dentro. Em questões de segundos, um estudante sumia da minha frente e era levado pra dentro do cerco. Para sabe-se lá o que.
Lá pras 7h30, depois de muito choro, puxões e algumas escudadas na cara, comecei a ver que os PMs estavam levando os estudantes da ocupação para dentro dos ônibus. Uma menina foi levada de maneira truculenta, essa foi a única coisa que meu 1,60m de altura conseguiu ver por trás de uma corrente da tropa de choque. Enquanto eu tentava entrar no cerco, para entender a história, a grande mídia já estava lá dentro. Fui conversar com um militar, explicar da JC. Ouvi em troca “ai, é um jornal da usp. De estudantes, não pode. Complica”.
Os ônibus com os alunos presos saíram da USP. Uma quantidade imensa de outros alunos gritavam com a PM. Eu e os dois amigos da minha sala (aqueles da madrugada) pegamos o carro e fomos para a DP. Na DP, o sistema era o mesmo e meu cansaço e raiva só estavam maiores. Enjoo e dor de cabeça, era o meu corpo reagindo a tudo que eu vi pela manhã. Alunos saiam de 5 em 5 do ônibus para dentro da DP. Jornalistas amontoados. Familiares chegando. Alunos presos no ônibus, sem água, sem banheiro, sem comida, mas com calor. Pelo menos por umas 3h foi assim.
Enquanto a ficha caia e eu revisualizava todo o horror da reintegração de posse, outras pessoas da minha sala mandavam mensagens para gente, de como a grande imprensa estava cobrindo o caso. Um ato pacífico, né Globo? Não foi bem isso o que eu vi, nem o que o JC viu, nem o que centenas de estudantes presenciaram.
Enfim, sou contra a ocupação. Sempre tive várias críticas ao Movimento Estudantil desde que entrei na USP. Nunca aceitei a partidarização do ME. Me decepciono com a falta de propostas efetivas e com as discussões ultrapassadas da maioria das assembléias. Mas, nada, nada mesmo, justifica o que ocorreu hoje. Nada pode ser explicação pra violência gratuita, pro abuso do poder e, principalmente, pela desumanização da PM.
Não costumo me envolver com discussões do ME, divulgar textos ou participar ativamente de algo político do meio universitário. Mas, como poucos realmente sabem o que aconteceu hoje (e eu acredito que muita coisa vai ser distorcida a partir de agora, por todos os lados), achei que valeria a pena escrever esse texto.
Taí o que eu vi.

fonte: http://www.idbentes.com.br/2011/11/me-sigam-para-ca-que-vai-acontecer-um-negocio-bom-pra-filmar-ali-agora/
I'm not doing it because it's right. I'm doing it because it's awesome.

Offline Skar

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Re:Baderna na USP
« Resposta #71 Online: Novembro 10, 2011, 05:20:15 pm »
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Entenda assim GG, tu é um funcionário da lei, ta ali pra lidar com a pior situação possível. Ou seja, basicamente tu bota tua vida em risco diariamente. Tu acha mesmo que em uma situação estranha, você ia chegar na boa, sem querer ter uma vantagem obvia e irrevogável? Não, não iria querer. Por isso PM aborda com arma na mão e mandando deitar, porque se não for assim, uma hora inevitavelmente ele encontra um armado que vai revidar.

Concordo 100%. Todavia você está esquecendo alguns pontos:
- primeiro eram estudantes sem prática, e que confrontavão a policia só quando tinham uma superioridade absurdo. Exemplo do DDB de mais 100 contra 3 PMs.
- coquetel molotov é pra incendiar, os escudos da PM seguravam isso facilmente.
- A vantagem numérica deles era de 5:1, sério mesmo que isso era realmente necessário. SP como o GeGê colocou não tem nenhum outro problema de segurança?

Isso pq nem vou entrar no mérito da questão de simplesmente trancar as entradas e saídas do prédio. Quero ver quanto tempo os estudantes iam aguentar la dentro sem água e luz.

O que aconteceu em SP foi um gasto excessivo do poder público, (cara teve apoio aéreo, no Rio a PM usa isso pra entrar no morro. Onde ela encara gente com RPGs e .50, não um bando de civis que a pior arma é coquetel molotov. A resposta que foi dada foi exagerada em todos os sentidos
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Offline Ciggi

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Re:Baderna na USP
« Resposta #72 Online: Novembro 10, 2011, 08:43:29 pm »
Concordo 100%. Todavia você está esquecendo alguns pontos:
- primeiro eram estudantes sem prática, e que confrontavão a policia só quando tinham uma superioridade absurdo. Exemplo do DDB de mais 100 contra 3 PMs.

Sim, e dae? Um estudante armado no meio, ou um incitador de confusão (existem muitos), um tiro e um PM morto, você se tivesse do lado deles, ia querer jogar com qual probabilidade?

Não digo nada alem disso, foi uma estrategia acertada e bem executada, contiveram uma revolta sem violência. O resultado fala por si.

- coquetel molotov é pra incendiar, os escudos da PM seguravam isso facilmente.

Isso pq nem vou entrar no mérito da questão de simplesmente trancar as entradas e saídas do prédio. Quero ver quanto tempo os estudantes iam aguentar la dentro sem água e luz.

Em teoria tbm segura pedra, já vi bastante caso de PM no hospital porque foi atingido por pedra, soco, pontapé. Imagino o estrago que um molotov faria se furasse a barreira.

- A vantagem numérica deles era de 5:1, sério mesmo que isso era realmente necessário. SP como o GeGê colocou não tem nenhum outro problema de segurança?

O que aconteceu em SP foi um gasto excessivo do poder público, (cara teve apoio aéreo, no Rio a PM usa isso pra entrar no morro. Onde ela encara gente com RPGs e .50, não um bando de civis que a pior arma é coquetel molotov. A resposta que foi dada foi exagerada em todos os sentidos

Não sei de numeros, mas ate onde entendo aqueles policiais não ganharam extra, eles estavam executando as ações de rotina deles. Claro, HOUVE gastos, mas sinceramente isso é chororo, nesse ponto o estado agiu certo demais, evitou uma confusão onde CERTAMENTE muita gente ia sair ferida, incluindo inocentes (a maioria pelo que notei ate agora). Não vejo ONDE o dinheiro publico poderia ser gasto de forma melhor que não pra proteger o próprio povo.

Então vou focar em dois pontos que eu já disse. Embora gostaria de deixar claro que meu relacionamento com a PM do RJ por exemplo não é dos mais amáveis.

1º = Eles lidam com vida. Não vejo outra forma de trabalhar com isso e evitar acidentes do que precaução acima de tudo. Arma em punho se lida com um suspeito, coesão se encontram uma confusão desse porte, etc. Melhor prevenir uma infelicidade do que ser bonzinho e acreditar na bondade do coração dos outros.

2º = Agora que já passou fica elementar que eles poderiam usar menos força policial e conseguir o mesmo efeito, mas, a não ser que eles tenham tirado o delorean da oficina, agiram muito certo prevenindo pra evitar depois varios "O que a PM tava fazendo lá se não consegue segurar um grupo de garotos? Onde tá o efetivo da PM?"

Então, NESSE PONTO EM ESPECIFICO. Eu apoio a decisão que foi tomada.
« Última modificação: Novembro 10, 2011, 08:45:47 pm por Ciganoso »

Offline Dragão de Bronze

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Re:Baderna na USP
« Resposta #73 Online: Novembro 11, 2011, 01:33:39 am »
Desculpem, não vou ler as notícias, são grandes demais.

Fora que pelas noticias que chegaram a mim, a policia ficou um tempo trancada junto com os estudantes na reitoria, longe do publico. Por isso, por exemplo tenho sérias duvidas quanto a destruição do patrimonio publico no interior da reitoria e dos coquetéis molotv sejam realmente dos alunos.
E quanto à depredação de patrimônio público que ocorreu fora da reitoria e na frente da mídia, como a pixação da FEA e da diretoria da FFLCH, além do roubo de material e alteração de arquivos dos computadores (sindicâncias, em específico)? Tem sérias dúvidas desses também?

Você realmente acha que a sua mera presença não gera automaticamente um nível de repressão?
Acho.

Não temo como chegar e colocar números de como a PM reprimi. Como você irá discutir a atuação da PM com ela do seu lado, você é capaz de falar que muitos são corruptos com um cara de fuzil do seu lado? Como discutir sobre a liberalização das drogas, com policias podem alegar que você estava fazendo apologia a mesma? Isso são aluns exemplos que pensei agora.
Bicho, a PM tá fazendo rondas no campus direto e mesmo assim uns bróders meus tão organizando um debate sobre os problemas da PM no campus E sobre a legalização das drogas. Justo os dois exemplos que você pensou.

Agora, ouvi ontem o Boechat levantar um ponto interessante: o orçamento anula da USP é de 3 bilhões de reais. Teoricamente tem dinheiro mais do que suficiente pra manter a segurança da área sem precisar recorrer à PM. Aí é um caso interessante e que pra mim deveria ser explorado. Por que a usp não investe mais em segurança?
Porque 85% do orçamento da USP é gasto em salário, e o sindicato sempre quer mais.

400 PMs é exagero. Com 100 PMs eles já demonstravam "força superior". Não esqueçam que essa confusão toda está saindo dos cofres públicos.
Eles também planejaram coibir os "reforços", que viriam do CRUSP ou da FFLCH, que são bem próximos à reitoria. Pode continuar sendo muito (se juntaram 300 manifestantes em minutos no começo da coisa, não acho que seja), mas era a tropa de choque, e não PMs comuns que fariam rondas no restante da cidade.



Uma informação a mais: eu tive o desprazer de conhecer pessoalmente duas das pessoas que foram presas. São pessoas filiadas ao MNN e que defendem abertamente que o povo deve pegar em armas e lutar contra os patrões e derrubar o capitalismo. E considerando a índole delas, elas fariam os coquetéis molotov sem sombra de dúvida.



Em tempo, a coisa mais importante até agora: os alunos profissionais declararam greve geral. Para isso, tentaram piquetar as portas de algumas unidades para impedir as aulas de acontecerem. E esses são os caras que depois gritam por democracia.
Bom, na Letras, os estudantes saíram vitoriosos.

Re:Baderna na USP
« Resposta #74 Online: Novembro 11, 2011, 01:44:39 am »
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Em tempo, a coisa mais importante até agora: os alunos profissionais declararam greve geral. Para isso, tentaram piquetar as portas de algumas unidades para impedir as aulas de acontecerem. E esses são os caras que depois gritam por democracia.
Bom, na Letras, os estudantes saíram vitoriosos.

Espera um segundo... Greve de Estudantes? Qual é a lógica disso?

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Você realmente acha que a sua mera presença não gera automaticamente um nível de repressão?

Da minha parte - acho. Contudo, ao que parece, os manifestantes querem aumentar ainda mais a sua presença nos campi levando em conta o modus operandi que tem tomado.
« Última modificação: Novembro 11, 2011, 01:46:36 am por El Shaddai »