Autor Tópico: Mors tua, vita mea - Pena de Morte  (Lida 20503 vezes)

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Offline ferdineidos

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #75 Online: Outubro 10, 2012, 06:21:08 pm »
Imposições podem ser bem mais sutis do que você parece definir o termo... muitas vezes sua escolha "pessoal" é totalmente informada pelos valores que você aprendeu, de modo que você na verdade não teve escolha genuína alguma.

Concordo que "imposições" influenciam muito nas tomadas de decisões. Mas vejo essas imposições como um traço cultural que você desenvolve/absorve. Elas influenciam sim nas suas ações, mas aí é que tá, você toma uma decisão.

Instinto é agir por default, sem traço cultural, sem refletir, é reagir. Trair sua esposa por que você foi ensinado desde criança que "machos fazem isso" não torna isto um instinto, mas sim sua criação.

A fidelidade sexual como valor para a felicidade é algo ilusório, é algo que é mantido apenas por costume da sociedade. Nenhum animal é de fato fiel. Nem mesmo pássaros são assim, pois uma coisa é você ter um parceiro fixo pra vida toda e outra muito diferente é só ter sexo com esse parceiro (olhando a genético de ovos em ninhos de pássaros que vivem em casal, vê-se que menos da metade são do "marido").

Sim, concordo que atar felicidade com fidelidade é besteira e entendo o ponto em que seria uma ilusão vendida pela sociedade.

E isso não exclui que você pode optar por ser fiel e ser feliz (presumo que concorde comigo nisso).

E sério, não aguento o discurso de "animais não são fiéis". Cara, os animais não conseguem expor ideias, dizer o que sentem ou quais os limites de cada relação. Comparar relacionamento humano com animal é dizer que o ser humano não tem capacidade de entrar em consenso.

Eu mesmo só sou "fiel" pq eu já vi que minha namorada não consegue manter estabilidade emocional se não for com relação fechada. Aí, pra não magoá-la, eu me ponho dentro dos limites dela... mas mesmo aí eu não me lludo achando que é o "correto".

O importante é que vocês têm este limite estabelecido entre vocês e respeitam ele, por isso, é o correto pra relação de vocês.  :linguinha:
"Entre todas as tiranias, a tirania exercida para o bem de suas vítimas é a mais opressiva.Talvez seja melhor viver sob o olhar de nobres usurpadores do que de intrometidos moralistas onipotentes."

Offline crudebuster

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #76 Online: Outubro 10, 2012, 06:30:25 pm »
Porque será que o ferdinbeidos acha que instinto não comanda as decisões morais e éticas de um ser humano se ele sabe que viver em sociedade é um elemento do instinto de sobrevivência?

Deve estar achando que não somos mais animais que se cheiram, se estranham, se cumprimentam efusivamente dentre outras cousas perfeitamente banais entre todos os animais.

Ainda bem que ele não vai ler isso.
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Offline Malena Mordekai

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #77 Online: Outubro 10, 2012, 06:35:00 pm »
Enquanto o Elfo não vier aqui, o tópico está fadado ao descarrilhamento.
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Offline Ciggi

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #78 Online: Outubro 10, 2012, 07:08:04 pm »
Acho que tá rolando uma confusão ai.

Todos temos instintos, e nossas atitudes são guiadas por eles, mas tem uma serie de imposições que geramos em cima de nos mesmos que impedem isso. Exatamente como o seu exemplo. Eu sou comprometido, vejo uma puta duma gostosa, meu instinto natural é o de dar em cima dela, só que por convenção social eu não faço. Sou comprometido e de certa forma "aprendi" que isso é errado.

Instinto não dá pra abafar, ou tu tem ou não tem. O máximo que acontece é tu ignorar ele. A puta da gostosa ainda vai ser homenageada adequadamente em momento oportuno, mas não vou ceder aos caprichos naturais de querer procriar o máximo possível!

Offline Skar

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #79 Online: Outubro 10, 2012, 08:32:00 pm »
É desculpa pela muralha de texto mais é pra cada pessoa.

Ao Crude:

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Offline crudebuster

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #80 Online: Outubro 10, 2012, 08:49:31 pm »
É desculpa pela muralha de texto mais é pra cada pessoa.

Ao Crude:

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Ferdineiros

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Bela explanação, Skar. Pena que eu já sei disso, mas sua didática é muito boa.

Só tenho um adendo: o "damos" não existe. Só o Estado ganha.

Vide ditaduras e democracias nos estados laicos onde há pena de morte, onde sua explicação falha, mas entendo que você considera que eu não sabia nem o básico do que é Estado de Direito e o porquê dele ser do jeito que é, de tanta parábola e metáfora que eu uso.

[ad nauseam]
Três parágrafos hoje em dia são uma muralha de texto? Tenha misericórdia da preguiça de ler de outrem, ela não pode ser culpada disso.

Síntese tem hora e lugar, essa babaquice de que tudo hoje em dia tem de ser TL;DR é coisa de hipster tuiteiro e feicebuqueiro que "ganha" discussão com frase de efeito.
[/ad nauseam]
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Offline Skar

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #81 Online: Outubro 10, 2012, 09:39:00 pm »
Citar
Só tenho um adendo: o "damos" não existe. Só o Estado ganha.


O Estado é uma forma de organização, dizer que ele ganha e a sociedade perde é como falar que bibliotecária ganha quando ninguém acha os livros a não ser ela. O sistema vai ficando cada vez mais saturado por que simplesmente tem qeu resolver todas as queixas e uma hora acaba quebrando. Uma nota quando o Estado quebra é um banho de sangue, quase a mesma coisa que um bando de alunos procurando livros perdidos pra entregar trabalhos.

Citar
Vide ditaduras e democracias nos estados laicos onde há pena de morte, onde sua explicação falha....

Não falha. O Estado sendo um mero reflexo da sua população vai acabar acomodando em alguns casos leis que não são universais, a pena de morte é somente um exemplo claro disso.

Exemplo de caso: Nos EUA a pena de morte é legal só que em determinados Estados ela não é usada [ NY] em outros ela é usada [ Texas] a grande diferença é como a cultura local vê a pena de morte e sua utilização. Não podemos esquecer que os EUA nunca viveram uma ditadura, então sua população não tem por que temer o poder da pena capital nas mãos do Estado. Agora veja se isso é comum nos países que ditaduras foram implementadas.

Citar
mas entendo que você considera que eu não sabia nem o básico do que é Estado de Direito e o porquê dele ser do jeito que é, de tanta parábola e metáfora que eu uso.

Bem, não sei sua formação e nunca havia discutido com vc sobre esse tipo de tema. Experiência me ensinou que é melhor explicar da onde meu pensamento vêm e pow nem fui muito detalhista sobre a questão do Estado.
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Offline crudebuster

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #82 Online: Outubro 10, 2012, 10:33:57 pm »
O Estado é uma forma de organização, dizer que ele ganha e a sociedade perde é como falar que bibliotecária ganha quando ninguém acha os livros a não ser ela. O sistema vai ficando cada vez mais saturado por que simplesmente tem qeu resolver todas as queixas e uma hora acaba quebrando. Uma nota quando o Estado quebra é um banho de sangue, quase a mesma coisa que um bando de alunos procurando livros perdidos pra entregar trabalhos.

[...]

Não falha. O Estado sendo um mero reflexo da sua população vai acabar acomodando em alguns casos leis que não são universais, a pena de morte é somente um exemplo claro disso.

Exemplo de caso: Nos EUA a pena de morte é legal só que em determinados Estados ela não é usada [ NY] em outros ela é usada [ Texas] a grande diferença é como a cultura local vê a pena de morte e sua utilização. Não podemos esquecer que os EUA nunca viveram uma ditadura, então sua população não tem por que temer o poder da pena capital nas mãos do Estado. Agora veja se isso é comum nos países que ditaduras foram implementadas.

Bem, não sei sua formação e nunca havia discutido com vc sobre esse tipo de tema. Experiência me ensinou que é melhor explicar da onde meu pensamento vêm e pow nem fui muito detalhista sobre a questão do Estado.

O Estado ganha poderes e o indivíduo perde. A sociedade é outro ente, o conjunto de quem comanda e de quem é comandado.

Perceba, se você não tem o direito de escolher usar da pena de morte mas o estado o possui porque a sociedade assim o quis passiva ou ativamente, não são livros perdidos, tesouros guardados, são direitos individuais que você não tem se não for como indivíduo um respresentante do estado.

Porém o direito ao porte de arma individual, lá é garantido pela constituição assinada pelos pais fundadores, bem como a separação de igreja e estado e outros temas como o direito de permanecer calado para não fornecer testemunho que incrimine a si mesmo como testemunha (4ª emenda, se não me engano), etc.

Há estados em que é legítimo usar armas de fogo para defesa própria em ambiente público (concealed carry), logo o direito de matar não é monopólio estatal por força da constituição deles, mas é regulamentado pelo estado.

Se me lembro bem você listou o cristianismo como razão para ausência da pena de morte, motivo pelo qual os estados ocidentais em sua maioria rejeitam-na.

O Texas é um estado (lugar) com um povo de maioria extremamente religiosa, que protagonizou várias lutas judiciais nos casos de criacionismo versus teoria da evolução, chegando num ponto a proibir o ensino da TSE em suas escolas e a permite.

Não vejo correlação nesse ponto, seu argumento falha, mas o tolero pelo didaticismo.

As ditaduras... Não são feitas por cristãos também, segundo você? Não procede a explicação da mesma maneira, mas concordamos em vários aspectos dos assuntos, não há porquê continuar esmiuçando.

Novamente agradeço as explicações.

[rant]
O abuso de autoridade no Brasil é algo clássico, simplesmente um desembargador que te mate a sangue frio com um tiro no meio da sua cara não pode sequer ser preso, sequer algemado, nem mesmo demitido do cargo público que ocupa, somente aposentado compulsoriamente se seus colegas assim o permitirem.

Quando foi que a sociedade concordou com isso aqui no Brasil não sei te dizer, mas que é uma puta escrotice do caralho não tenho dúvidas.

Há um caso onde um juiz partiu armado pra cima de um policial fardado numa briga de trânsito e levou bala, (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/765222-policial-mata-juiz-em-briga-de-transito-em-salvador-ba.shtml), outro em que um juiz se negou a ter seu carro apreendido por estar sem carteira e sacou da arma, outro em que uma juíza mandou chamar "seu" coronel visivelmente bêbada...

Você deve conhecer muitos casos assim, tomare que nunca tenha sido vítima de um deles.

Recentemente houve uma discussão se a Voz do Brasil, um resquício odioso da ditadura que persiste roubando uma hora por dia das concessões de rádio de SP, RJ e Brasília, deveria ser posto num horário que não atrapalhasse a grade.

Adivinha o que decidiram sem perguntar nada pra ninguém de maneira democrática? Que continue. Por pouco não inseriram essa merda na TV, sorte que os incompetentes da ditadura não tinham conhecimento.
[/rant]

deve ser muito estranho ser normal

Offline kinn

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #83 Online: Outubro 10, 2012, 11:07:18 pm »
Não, eu concordo inteiramente com você. Talvez eu tenha deixado passar que a tal moeda criatura social/predador voraz fosse algo impossível ou insuportável e eu prefira a barbárie à "mentira" que é a sociedade, tendo como corolário a negação da existência do lado predador.

A síntese do que venho falando em enormes posts ignorados largamente pela densa maioria esclarecida é bem essa: Somos as duas faces dessa moeda. Tou meio ruim de síntese ultimamente.

Um pouco

Uma é controlada pelos sentimentos de bondade e a necessidade de companhia e sobrevivência... A outra, o instinto selvagem por definição agressivo, aflora nas piores horas, possivelmente em prol da auto preservação.

Paradoxo: se é nas piores horas, porque seria em prol da auto-preservação? Esse é justamente o momento onde eles estão fazendo o trabalho deles de forma honesta e ninguém vai lhe questionar do porque você ter agido assim. Bem diferente de agir por intenção cruel.

O que me parece é que botar a pena de morte simplesmente como algo impensável é ignorar esse lado, que é real, e está por aí em qualquer favela, onde um retardado qualquer usa de força pra determinar que alguém morra por um motivo considerado fútil, torpe, banal pela lei do Estado; Em qualquer esquina escura, "farol" de trânsito, "saidinha de banco"...

Veja que seu argumento não se sustentou acima ao confundir instinto de auto-preservação com crueldade. Mas se seu ponto é crueldade, você ainda confunde as situações que expõe seus exemplos. Explique direito 'o retardado morrer (ou ser morto) por motivo fútil pela lei do Estado. O grifo merece detalhe porque a ênfase que você colocou parece estranha e despropositada. Esclarecer é bom para que o resto do povo entenda o que você quer dizer, já que concordou com um ponto fundamental do argumento de Skar.

Todo esse mal provém mesmo da vontade de amordaçar o selvagem com o racional.

Entendo onde você quer chegar, mas se equivoca em dois pontos:

1) Existem formas de estravazar esse conteúdo psíquico insconsciente de violência sem recorrer a ela de fato. Isso é discutido pelas religiões pelo mundo desde o início dos tempos. Modernamente, é campo de estudo da psicologia que possui ferramentas como sublimação, psicodrama e outros métodos para lidar com essa energia contida e até fazer dela uma catarse contida sem ter que machucar ninguém. Psicólogos podem oferecer muito mais métodos que exponho aqui. Na minha visão de leigo, poderia considerar até o rpg como uma dessas ferramentas de aliviar a pressão.

2) Existem pessoas que não amordaçam esse lado selvagem, fazendo da violência seu modo de vida. Então gostaria de saber onde seu argumento se encaixa nesse caso.

Essa deve ser a injustiça básica com nosso ego de que temos todos que dispender para ter esse palanque moral para podermos julgar outros, implorando que o Estado faça por nós o que nos privamos de fazer ao custo de nossas vidas.

Veja argumento acima. E mais uma vez você reduz tudo comparando se privar desse ato com o custo de sua vida. Isso só acontece quando você morre. E é o lado mais extremo da violência.

Eu pergunto: Vale a pena?

Poderia citar várias parábolas budistas mostrando que pode valer a pena, mas é preciso que você reveja seu ponto primeiro.
Seu texto anterior está separado para fazer quotes, mas estou sem ânimo no momento.
Pesquisas provam:
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Offline crudebuster

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #84 Online: Outubro 11, 2012, 12:18:20 am »
Um pouco
[...]
Paradoxo: se é nas piores horas, porque seria em prol da auto-preservação? Esse é justamente o momento onde eles estão fazendo o trabalho deles de forma honesta e ninguém vai lhe questionar do porque você ter agido assim. Bem diferente de agir por intenção cruel.
[...]
Veja que seu argumento não se sustentou acima ao confundir instinto de auto-preservação com crueldade. Mas se seu ponto é crueldade, você ainda confunde as situações que expõe seus exemplos. Explique direito 'o retardado morrer (ou ser morto) por motivo fútil pela lei do Estado. O grifo merece detalhe porque a ênfase que você colocou parece estranha e despropositada. Esclarecer é bom para que o resto do povo entenda o que você quer dizer, já que concordou com um ponto fundamental do argumento de Skar.
[...]
Entendo onde você quer chegar, mas se equivoca em dois pontos:

1) Existem formas de estravazar esse conteúdo psíquico insconsciente de violência sem recorrer a ela de fato. Isso é discutido pelas religiões pelo mundo desde o início dos tempos. Modernamente, é campo de estudo da psicologia que possui ferramentas como sublimação, psicodrama e outros métodos para lidar com essa energia contida e até fazer dela uma catarse contida sem ter que machucar ninguém. Psicólogos podem oferecer muito mais métodos que exponho aqui. Na minha visão de leigo, poderia considerar até o rpg como uma dessas ferramentas de aliviar a pressão.

2) Existem pessoas que não amordaçam esse lado selvagem, fazendo da violência seu modo de vida. Então gostaria de saber onde seu argumento se encaixa nesse caso.
[...]
Veja argumento acima. E mais uma vez você reduz tudo comparando se privar desse ato com o custo de sua vida. Isso só acontece quando você morre. E é o lado mais extremo da violência.
[...]
Poderia citar várias parábolas budistas mostrando que pode valer a pena, mas é preciso que você reveja seu ponto primeiro.
Seu texto anterior está separado para fazer quotes, mas estou sem ânimo no momento.

Let's ping-pong.

Mas onde foi que eu concordei que crueldade é algo instintivo? No argumento do Skar não consta essa afirmativa.

Crueldade é ter prazer em ver alguém sofrer, ser privado de algo. Racional demais pra ser algo que se liberta nas piores horas de algum indivíduo possesso por fúria a fim de defender-se ou aos seus, ou atacar da mesma maneira sem medir as consequências a si mesmo, "berserker".

Brutalidade != Crueldade.

Violência e vingança por si só não são algo cruel. Como a pessoa ou o Estado as executa é que pode ser questionado.

Vou explicar, acho que a frase saiu torta.

O bandido mata alguém que não lhe ofereceu risco nem sequer reagiu, o que sob a lei do Estado pode ser considerado crime de homicídio por motivo fútil, torpe, banal.

Exemplo: Bandido mata ex-namorado de sua atual vadia porque ele estava no mesmo baile funk que ela.
Exemplo: Bandido mata taxista depois de bater com sua moto roubada no táxi.
Exemplo: Bandido mata grávida que se assustou com o anúncio do assalto.

Está claro agora? Há "tribunais do tráfico", julgando e executando pessoas pelos mais diversos "crimes", Tim Lopes foi pro "microondas(queimado numa caverna envolto por pneus)" por ser um "X-9(informante)". Há esquadrões da morte, milícias, todo tipo de organizações que fazem uso da violência para impor sua ordem.

Na Baixada Fluminense do Grande Rio há toda uma cultura de pistoleiros, justiceiros e matadores, todos eles em algum ponto de suas vidas acreditavam estar fazendo justiça, mas simplesmente só perpetuam vinganças alheias e se vendem facilmente para ter motivos pelos quais matar será um prazer.

São assassinos que queriam ver seus desejos de poder sobre vida e morte realizados e não vêem mal em matar quem quer que se oponha, e acabam morrendo sem honra nem glória, algo muito comum.

Claro que poderiam estar todos jogando RPG ou fazendo trabalhos em prol das comunidades. Mas matam, e por vezes festejam a morte de seus desafetos como coisa corriqueira, "beber o defunto", "encomendar a alma", etc.

Isso é mal pra mim e pra você, que não temos arma em casa nem o desejo de matar nem mesmo pra se defender.

Estou muito a fim de ler as suas parábolas budistas, não se refreie em postá-las.
« Última modificação: Outubro 11, 2012, 12:20:43 am por crudebuster »
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Offline Skar

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #85 Online: Outubro 11, 2012, 12:52:26 am »
Citação de: crudebuster
Perceba, se você não tem o direito de escolher usar da pena de morte mas o estado o possui porque a sociedade assim o quis passiva ou ativamente, não são livros perdidos, tesouros guardados, são direitos individuais que você não tem se não for como indivíduo um representante do estado.

Falso. Simplesmente por que o ser humano nunca teve o direito de aplicar a pena de morte, ele podia não estar preso por "leis estatais", mas os laços sociais já existiam e impediam massacres sem sentido.

Citar
Há estados em que é legítimo usar armas de fogo para defesa própria em ambiente público (concealed carry), logo o direito de matar não é monopólio estatal por força da constituição deles, mas é regulamentado pelo estado.

No Brasil e em diversos países vc pode matar uma pessoa em legitima defesa. Existe uma grande diferença entre você matar um assaltante que entra armado na sua casa e é um risco para vc é sua família e vc simplesmente executar uma pessoa. Afinal o instinto da sobrevivência é bem forte.

Citação de: crudebuster
Se me lembro bem você listou o cristianismo como razão para ausência da pena de morte, motivo pelo qual os estados ocidentais em sua maioria rejeitam-na.

O Texas é um estado (lugar) com um povo de maioria extremamente religiosa, que protagonizou várias lutas judiciais nos casos de criacionismo versus teoria da evolução, chegando num ponto a proibir o ensino da TSE em suas escolas e a permite.

Não vejo correlação nesse ponto, seu argumento falha, mas o tolero pelo didaticismo.

Sério mesmo que vc não vê correlação entre o fato da principal religião do ocidente pregar a redenção e o arrependimento dos pecados não tem nada haver com a repulsa que muitos tem pela pena de morte?

[quote="Skar]Como nossa sociedade ocidental tem um apreço pela vida muito forte, graças ao cristianismo, nós vemos a pena de morte como algo que deve ser evitado[/quote]

Deixando digressões de lado....
Perceba que em momento algum disse que nós a proibimos, simplesmente não nos sentimos
bem em usa-la. Simplesmente por que somos ensinados desde pequenos que matar o outro é errado, claro que conforme crescemos vemos circunstâncias onde isso começa a ser permitido. Profissões tem como o cerne de sua responsabilidade usar violência para proteger a sociedade [ ou não ] para tudo isso são criadas respostas individuais de como aceitar que certas mortes são aceitáveis e outras não.

O individuo pode ter opiniões bem divergentes sobre como o ato de matar deve ser tratado, mas em geral a opinião da sociedade como um todo, é de que a morte é última coisa solução. 

No final mesmo o Texas sendo o estado dos EUA que mais condena a pena de morte isso não é nem 10% das condenações que são feitas por lá. Só isso já serve para demonstrar que a pena de morte não é algo que é usado de maneira fútil.

------------------

Seu outro post

Citar
Na Baixada Fluminense do Grande Rio há toda uma cultura de pistoleiros, justiceiros e matadores, todos eles em algum ponto de suas vidas acreditavam estar fazendo justiça, mas simplesmente só perpetuam vinganças alheias e se vendem facilmente para ter motivos pelos quais matar será um prazer.

São assassinos que queriam ver seus desejos de poder sobre vida e morte realizados e não vêem mal em matar quem quer que se oponha, e acabam morrendo sem honra nem glória, algo muito comum.

Aqui vc já usa um termo interessante para descrever essas pessoas Assassinos no outro post vc fala de como é absurdo o desembargador não ser preso, mas todos eles estão fazendo exatamente o que vc defende. Os primeiros estão sob o aparato da lei do mais forte o que acaba por fazer que eles tenham uma vida mais curta[ afinal o Estado é o MAIS forte] o segundo se esconde de baixos de leis antigas que o protegem. Por todo seu argumento essas pessoas estão certas por que agem de maneira independente.

O caso dos grupos de extermínio infelizmente a resposta é a policia que não é conhecida por usar luvas de pelica[ isso serve para muitos países]a população não pode fazer muita coisa para se defender desses criminosos ela depende do Estado. No segundo exemplo existem pessoas que querem alterar as leis para esse tipo de absurdo não venha ocorrer. A ironia é que é mais fácil o problema de desembargadores perderem essas regalias que todos os grupos de extermínio acabarem.

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #86 Online: Outubro 11, 2012, 01:25:56 am »
Acho que é por isso que é difícil entender o que você diz, Crude. Você muda de quem está falando para nós, sem avisar. Antes, o problema era o Estado. Agora você cita tribunais do tráfico, grupos de extermínio e outros que agem SEM a sanção do Estado.

Entendo seu ponto, que estamos sujeitos eventualmente a eles, porque podemos ser vítimas aleatórias, que 'procuraram balas perdidas' ou foram confundidas com quem participou de algo e perdeu a vida 'sem que nem pra que...'

Mas isso em nada tem a ver com o ponto inicial da conversa que era a pena de morte sob o ditame do Estado. A margem da lei criminosos a utilizam para alcançar seus fins, sabemos disso. Mas eles são criminosos. Fazem o que fazem sem aval da lei. Então, onde fica seu ponto em citar isso mesmo?

Citar
Violência e vingança por si só não são algo cruel. Como a pessoa ou o Estado as executa é que pode ser questionado

Isso não pode ser dito levianamente... abstratamente, posso concordar que pode haver violência sem crueldade, mas vingança já tem um pé que pode ir nessa direção. Afinal o revanchismo que guia a vingança pode ter dois viés: o inconsequente, como você citou, que se vinga sem muito planejamento e o vil, no qual o vingador pode planejar todo tipo de crueza para garantir a forma de sua vingança...

Agora relacione o par violência/vingança com Pessoa/Estado executando-as.
Pessoas eu mesmo já expliquei. Explique o Estado, já que apesar de ocorrer violência policial, ela não é desejada nem é o objetivo da corporação.
===

Uma parábola famosa é do samurai que pergunta ao mestre zen sobre a diferença do céu e o inferno. O monge ri e coloca vários adjetivos pejorativos no samurai, insultando sua inteligência e incapacidade de como um ceifador de vidas procuraria a pureza do céu e os ensinamentos de Buda para entender a diferença entre ele e o inferno de matanças que vive...

A raiva sobe à mente do samurai e ele saca a espada. Nesse momento, o Monge diz que isso é o inferno.
Entendendo a tolice que ia fazer e refreando seus instintos, ele se acalma e guarda a arma. E o monge diz que isso é o céu.
===

Outra historieta menos conhecida conta que um assassino famoso e antissocial dava um recado para as pessoas abandonarem a cidade e proximidade dos locais onde ele estivesse passando. E assim ele chegava nas vilas, fazia o que queria e se movia para outra.

Nessa vila ele encontrou com um velho monge que estava nas montanhas e não tinha ouvido falar da vinda dele. O assassino enfurecido questiona o velho se não sabia que ele podia matá-lo num piscar de olhos.
O velho monge confessa que não sabia disso. Mas afirma ser capaz de ser morto sem piscar um olho.

A serenidade diante da morte, afastou o assassino da vila, que saiu envergonhado por não causar medo em alguém...
Pesquisas provam:
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Offline crudebuster

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Re:Mors tua, vita mea - Pena de Morte
« Resposta #87 Online: Outubro 11, 2012, 01:57:53 am »
Falso. Simplesmente por que o ser humano nunca teve o direito de aplicar a pena de morte, ele podia não estar preso por "leis estatais", mas os laços sociais já existiam e impediam massacres sem sentido.
[...]
No Brasil e em diversos países vc pode matar uma pessoa em legitima defesa. Existe uma grande diferença entre você matar um assaltante que entra armado na sua casa e é um risco para vc é sua família e vc simplesmente executar uma pessoa. Afinal o instinto da sobrevivência é bem forte.
[...]
Sério mesmo que vc não vê correlação entre o fato da principal religião do ocidente pregar a redenção e o arrependimento dos pecados não tem nada haver com a repulsa que muitos tem pela pena de morte?
[...]
Como nossa sociedade ocidental tem um apreço pela vida muito forte, graças ao cristianismo, nós vemos a pena de morte como algo que deve ser evitado

Deixando digressões de lado....
Perceba que em momento algum disse que nós a proibimos, simplesmente não nos sentimos
bem em usa-la. Simplesmente por que somos ensinados desde pequenos que matar o outro é errado, claro que conforme crescemos vemos circunstâncias onde isso começa a ser permitido. Profissões tem como o cerne de sua responsabilidade usar violência para proteger a sociedade [ ou não ] para tudo isso são criadas respostas individuais de como aceitar que certas mortes são aceitáveis e outras não.

O individuo pode ter opiniões bem divergentes sobre como o ato de matar deve ser tratado, mas em geral a opinião da sociedade como um todo, é de que a morte é última coisa solução. 

No final mesmo o Texas sendo o estado dos EUA que mais condena a pena de morte isso não é nem 10% das condenações que são feitas por lá. Só isso já serve para demonstrar que a pena de morte não é algo que é usado de maneira fútil.

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Seu outro post

Aqui vc já usa um termo interessante para descrever essas pessoas Assassinos no outro post vc fala de como é absurdo o desembargador não ser preso, mas todos eles estão fazendo exatamente o que vc defende. Os primeiros estão sob o aparato da lei do mais forte o que acaba por fazer que eles tenham uma vida mais curta[ afinal o Estado é o MAIS forte] o segundo se esconde de baixos de leis antigas que o protegem. Por todo seu argumento essas pessoas estão certas por que agem de maneira independente.

O caso dos grupos de extermínio infelizmente a resposta é a policia que não é conhecida por usar luvas de pelica[ isso serve para muitos países]a população não pode fazer muita coisa para se defender desses criminosos ela depende do Estado. No segundo exemplo existem pessoas que querem alterar as leis para esse tipo de absurdo não venha ocorrer. A ironia é que é mais fácil o problema de desembargadores perderem essas regalias que todos os grupos de extermínio acabarem.

Seu axioma inicial é categórico. Porém lhe escapa que massacres "com sentido" eram permitidos. Na bíblia, há uma parte em que Javé ordena que sejam mortos todos os inimigos, suas mulheres e crianças, e sejam pilhados seus pertences e separadas as meninas e mulheres virgens, se o exemplo é fraco, vale citar a expansão dos Mongóis, do Império Romano, etc.

E não era permitida a pena de morte? Ah, guerras são a exceção onde o Estado devolve ao indivíduo o direito de matar com condições...

Houve tribos pré-colombianas que sacrificavam membros de tribos vizinhas para saciar a sede de sangue da divindade.

Se é essa a diferença vital para que homens não matem a si mesmos em sociedades, ela continua não excluindo a pena de morte, apenas a condicionando sob as leis do Estado ou das sociedades primitivas...

Novamente, o Estado lhe permite matar para se defender. Mas aqui, não lhe dão direito de possuir armas de fogo.

Não que isso impeça de alguém ter parentes com armas, comprá-las ilegalmente ou roubá-las, se vingando do jeito mais crasso que existe, voltando pra matar depois, de tocaia, de surpresa, emboscada, sem chance de reação, um ato covarde e indigno.

Eu vejo hipocrisia, muita hipocrisia. E de fato, um estado de maioria religiosa não deveria nem mesmo permitir a pena de morte conforme seu argumento, mas o tolera e usa de maneira digamos modesta.

Realmente, assassinos fazendo o que lhes parece justo. Uns sob a égide da lei conforme o Estado e a sociedade lhes incumbe, outros conforme a própria noção de justiça, por vezes somente demonstração de força, como o recente massacre de rapazes que simplesmente passavam pelos domínios dos bandidos sendo executados por conta de um deles ter no celular um "proibidão" fazendo apologia a uma facção rival, covardes asquerosos que eram, prontamente fugiram assim que a polícia apontou na entrada da favela.

Eu posso até apoiar o direito de alguém individualmente matar e parecer rude e impassível nesse argumento, mas covardia e futilidade, imaturidade, imoralidade, desprezo preconceituoso pela vida humana não me agradam nem justificam esse direito, não se engane.

Tenho repulsa disso tanto vindo do Estado que o faz sob o pretexto de se defender (e me defender) dos bandidos desprezando a minha vida no fogo cruzado, dando tiros na minha casa, no meu carro, no meu ônibus quanto dos indivíduos que exercem seu "direito natural" de matadores de aluguel, ou tão somente moleques querendo curtir a vida "ao máximo" até que uma bala, um acidente, uma overdose os pare.

Acho que temos um quadro interessante aqui, o Estado, segundo a sociedade, é o mais forte e sua lei deve ser cumprida per se; Pessoas isoladas que praticam sua própria idéia de justiça usando da força para matar, roubar e intimidar em geral são apenas poderes paralelos que serão esmagados a menos que causem uma revolução e se tornem o novo Estado... Daí eles serão a lei...

E acredite, há gente muito interessada em abrir uma filial das FARC aqui.

Gostei dos ditames. Milênios de existência se traduzem nesse tipo de ensinamento, viver é a arte de aprender a conviver, a morte é apenas um passo, uma pessoa pode ser uma multidão e não ser ninguém, ter tudo e não ter nada.
deve ser muito estranho ser normal