De quais instintos vc fala Ferdineidos?
Instintos como de matar, se reproduzir, até de subsistência mesmo em certos casos.
Por exemplo, você é um cara comprometido, e uma mulher muito gostosa aparece nua na sua frente. Você não vai simplesmente traçar a cocota por instinto.
Você vai ter oportunidade de pensar no caso, nem que seja por um segundo, nem que seja pra se arrepender de sua decisão depois.
Claro que existem situações em que o instinto bate por pura falta de tempo. Exemplo, você está andando na rua e rola um tiroteio. Você instintivamente se protege.
Mas vamos supor que você se protegeu e avaliou a situação, a partir daí deixa de ser instinto e passa a ser razão (mesmo que afetada pelo medo).
Nesse caso, Ferdineidos, seria menos hipócrita o cara admitir sim a existência do instinto nele, e só ter relações abertas. Tem gente que simplesmente não consegue ser "fiel" no sentido mais estrito da palavra, e existem psicólogos que dizem que fidelidade sexual é ilusória.
Cara, conseguir ser fiel não é instinto, é isso que eu quero dizer. Se o cara quer ser galinha, pegar várias, tá no direito dele, agora quando fizer isso, tenha cojones de dizer que optou por fazer isso e não se esconde atrás de uma "falha de design", que no meu ponto de vista não existe.
E você pode apontar o cara que não "resiste". Mas mesmo quando ele não "resiste" há uma escolha, mesmo que essa escolha seja a de não pensar naquilo e ver aonde vai dar (eu mesmo já me f... com este tipo de escolha)
E como assim fidelidade sexual seria ilusória? Ela não existe?
Pra mim é mais jogo ser honesto e admitir que sentimos os impulsos, e lidar com eles, inclusive a violência que causa mortes, do que reprimi-los e deixar uma explosão, muito mais prejudicial, pra mais tarde...
Mas aí é que tá, lidar com impulso não é binário. Não é "faço e sou feliz" ou não "faço e metralho um monte de gente". Impulsos sempre existem (eu mesmo de vez em quando quero muito esmurrar um ou outro ou encoxar aquela loira gostosa) mas eu me refreio pela minha razão. Eu entendo que eu não tenho o direito de impor esta minha vontade sobre os outros e tento me pôr no lugar delas. É isso que eu tô tentando colocar, se este impulso é instintivo, eu tenho minha razão para contrapô-la e prevalecer, não é negá-lo, é "não vou fazer isso por X".
Aí é que vem meu ponto em relação ao texto do Spark: eu escolho deixar de agir por opção própria, e não por ser uma imposição da sociedade.