Quando você fala em "interpretação", eu acho que você está falando apenas de "descrever o que o personagem vai fazer". E, com certeza, isso é automático e impossível de não existir em qualquer sistema de RPG.
Mas "Descrição" e "Interpretação" são coisas diferentes.
Por "Interpretação" eu me refiro à atividade de interpretar o personagem como se você fosse um ator. É possível você descrever uma ação com um nível de interpretação que varia entre nada, pouco, médio, muito, demais... Obviamente, o que é "pouco" ou "demais" é algo totalmente subjetivo, vai ter gente achando que o que é demais pra mim é apenas mediano pra eles, e vice versa.
Eu gosto, na verdade, de pensar em outros dois termos: "Interpretação" e "Atuação".
No caso do teste de Diplomacia, por exemplo, a única variação que existe seria entre o Vermelho e os outros dois seguintes. O Vermelho não atua, mas o Azul e o Roxo atuam - um floreia menos, o outro mais; mas todos podem estar interpretando. Interpretar, nesse caso, seria o jogador pensar se o personagem tentaria ou não convencer o Rei que ele foi alvo de uma ilusão; dentre outras perguntas que seriam respondidas a partir da óptica do personagem.
Assim, acho, você colocaria também em vermelho a seguinte frase: "
Meu personagem vai tentar dizer ao Rei que ele está enganado, tomando o máximo de cuidado possível com suas palavras. Tenho aqui um bom valor de Inteligência, então ele é capaz de florear bem o vocabulário e usar o tratamento adequado, enquanto joga a culpa nas ilusões do mago. (rola Diplomacia)". Ele está falando com a voz do jogador, está considerando a realidade do personagem; está
interpretando, e não
atuando como estão o Azul e o Roxo. E também está
descrevendo, mas o está fazendo diferentemente do Azul e do Roxo.
E não precisa atuar. Interpretar é essencial, atuar é floreio e muita gente não gosta tanto.
O segundo exemplo, no entanto, está mais... difuso. Talvez a interpretação (no sentido que coloquei até aqui) do personagem não transpareça em cada ação sua, mas no comportamento geral desenvolvido durante o combate.
Seu personagem é cabeça quente? Então, num geral, ele estará 75% do tempo preocupado em descer porrada nos alvos de sua fúria.
Seu personagem é estrategista? Então ele talvez se movimente muito mais, tente pensar sempre em posições e planos durante o calor da batalha.
Seu personagem se importa com as vítimas dos Gnolls? Então ele talvez grite, entre um ataque e outro, sua sede de vingança -- mas "
Grito: 'vocês vão pagar pelo que fizeram com aquelas pessoas!' enquanto tento jogar o Gnoll pra trás com meu escudo" e "
Vocês vão pagar pelo que fizeram com aquelas pessoas!!! (mestre, vou usar Maré de Ferro nesse aqui)" são diferentes por que um não está atuando, enquanto o outro (cujo grito exaltado chamou a atenção e constrangeu um transeunte) está atuando; mas ambos interpretam. O primeiro descreveu, o segundo não.
Então pra mim existem três coisas:
Interpretar, que é ser fiel à realidade do seu personagem, agindo de acordo com o seu comportamento e suas ideias (e também simulando suas transgressões).
Atuar (ou Dramatizar, usando um termo que o MetalSonic lembrou), que é um puta tempero para uma mesa - enquanto faz isso, você finge que é seu personagem, imita uma voz, um trejeito, um olhar, etc.
Descrever, que também é lindo visa permitir que todos os outros visualizem a cena como você.
Alguém que atua pode, muito bem,
não interpretar. Pode continuar "online", falando e trejeitando como fosse o personagem, mas pode sair da linha e desvirtuar seus propósitos por uma porção de motivos (incluindo megalomania).