Ter diploma de Psicologia não pode fazer ninguém falar em nome da Psicologia.
Se transferimos isso para áreas do conhecimento menos polêmicas, isso fica claro: se houvesse uma crença, baseada em religião, de que deveríamos construir as pontes de gelatina e não concreto; ou que deveríamos dar um grama de morfina aos pacientes em vez de um miligrama; de nada adiantaria se levássemos engenheiros para falar a favor do primeiro ou médicos para defenderem o segundo. É irrelevante. Só podem falar em nome de parte de uma ciência (porque mesmo assim, dificilmente será consensual) com argumentos científicos. Isso ainda não foi feito pelos que defendem a terapia para reorientação sexual.
Há também mentiras da parte de quem argumenta contra, como, por exemplo, que não seria possível conseguir essa mudança. Bem, na verdade, apesar de existirem muitos e muitos fracassos nisso, existem também muitas tentativas bem-sucedidas. Não adianta entrar na paranoia de "por dentro acho que eles ainda eram homossexuais" porque isso também é desonestidade intelectual. Talvez tenham mudado mesmo. As questão são outras: a que custo isso pode ser conseguido (quais as consequências psicológicas disso)? E, mesmo se for possível, isso deveria ser feito?
É como a eugenia. Poderíamos sim, matar ou esterilizar aqueles que carregam genes que consideramos danosos e desta forma diminuir consideravelmente a frequência com que aparecem nas gerações seguintes. Mas devemos fazer isso?
Até onde sabemos, o que causa sofrimento na homossexualidade são fatores sociais, mas a homossexualidade não causa, per se, dificuldades psicológicas. O que causa é o contrário, quando há uma forte identidade homossexual que é socialmente reprimida. Isso é passível de ser tratado.
Mas tratar algo que não produz sofrimento? Se houvesse algo para ser tratado aí, o que produz o sofrimento, seria o meio no qual ele convive. Um psicólogo que trata a homossexualidade é como um super-geneticista ou super-dermatologista que procura fazer de um negro alguém de pele branca, para que pare de sofrer as consequências da repreensão que sofre (talvez até uma repreensão aprendida de si mesmo se, por exemplo, sua religião condena negros).
O Jean está errado de argumentar a partir do currículo dos demais, pois isso é irrelevante contanto sejam capazes de demonstrarem a tese que defendem. Mas não são, porque ela é baseada em premissas morais e dogmáticas, não em evidências. Se o pastor conseguisse trazer evidências de que homossexuais, independentemente do ambiente no qual são criados, sempre apresentam intenso sofrimento para eles e/ou para quem convive com eles e que existe a possibilidade de um tratamento que modifique isso... Voilá! Jean Wyllys passaria vergonha, teria de apelar para (mais) falácias e retórica vazia e certamente o pastor conseguiria mais adeptos na comunidade psicológica.
Como isso não é feito e tudo aponta o contrário...