Engraçado que essa discussão acirrada toda veio de uma má compreensão do Arcade.
Mas valeu a pena.
Eu estava só ridicularizando a falta de coerência entre as profecias do Antigo Testamento e os relatos do Novo que foram interpretados como cumprimento dessas profecias.
Coisas tipo:
Então se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, que certos filhos de Israel avaliaram,
E deram-nas pelo campo do oleiro, segundo o que o Senhor determinou.
Mateus 27:9-10
Só que não tem nada disso em Jeremias. É Zacarias que fala:
Porque eu lhes disse: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o meu salário e, se não, deixai-o. E pesaram o meu salário, trinta moedas de prata.
O SENHOR, pois, disse-me: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro, na casa do SENHOR.
Zacarias 11:12-13
E lendo-se o capítulo todo (
http://www.bibliaonline.com.br/acf/zc/11) me parece que as duas passagens não têm nada a ver uma com a outra, foram ligadas apenas por puro fervor messiânico.
Outra coisa quanto a esse caso específico: Arcade, vc pode questionar a existência de Jesus, porém mais importante que isso é a existência historicamente provada dos Profetas.
Não que eles fossem mesmo adivinhos do futuro, mas escreveram (ou inspiraram, em alguns casos) livros de profecia e eram líderes religiosos marginais, revolucionários que vociferavam contra os governos judaicos de suas épocas.
Com o tempo o povo enxergava esses profetas como divinamente inspirados e suas palavras, ou aquelas que eram tidas como deles, eram consideradas sagradas. Daí a conveniência de enquadrar o advento de Jesus, tenha ele acontecido ou não, como cumprimento dessas profecias... mesmo que seja de maneira bem tosca como esse exemplo acima.
Ou seja a existência de Jesus aqui é completamente irrelevante.