Autor Tópico: O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)  (Lida 33790 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #165 Online: Março 14, 2012, 12:55:41 am »
Citar
Nessa lista tem mais italianos que finlandeses. Continua sendo um raciocínio forçado.

Eu não estou questionando a sua explicação, Madruga (não tem como nenhum de nós falseá-la). Só quis mostrar o que é lançado fora dos EUA - além disso, a Itália tem 12 vezes o número de habitantes que a Finlândia, não é uma surpresa países com maior número de pessoas terem um maior número de livros lançados.  :P

Offline Madrüga

  • Coordenação
    • Ver perfil
Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #166 Online: Março 14, 2012, 01:01:30 am »
Citar
Nessa lista tem mais italianos que finlandeses. Continua sendo um raciocínio forçado.

Eu não estou questionando a sua explicação, Madruga (não tem como nenhum de nós falseá-la). Só quis mostrar o que é lançado fora dos EUA - além disso, a Itália tem 12 vezes o número de habitantes que a Finlândia, não é uma surpresa países com maior número de pessoas terem um maior número de livros lançados.  :P

Mas o Brasil tem muito mais habitantes e menos livros, e...

Carai. Tou dando razão pro Alduim. XD
"If there are ten thousand medieval peasants who create vampires by believing them real, there may be one -- probably a child -- who will imagine the stake necessary to kill it. But a stake is only stupid wood; the mind is the mallet which drives it home."
-- Stephen King, It (p. 916)


Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #167 Online: Março 14, 2012, 01:57:10 am »
Cara, não é questão de preconceito é questão de hábito e oportunidade.

No Brasil estudar é  um martírio!
Livro é caro.
Jogar bola é mais acessível e possivelmente pode dar muito mais dinheiro que escrever livro.
Professor do estado (PE) ganha um bônus quando a escola tem algo em torno de 80 a 90% de alunos aprovados carinhosamente chamado de o "suborno do governo".

Eu queria estar enganado, mas infelizmente no Brasil há um déficit educacional. Ganhar dinheiro no Brasil com livro é difícil e com RPG então...

Mudando de assunto:
Só eu só joguei aqui que só conheci um monte de combeiro que estudava todos os livros que saiam pra ter o boneco mais combado possível? Na mesa que joguei não tinha um jogador que não tinha lido o livro do jogador...

 

Offline Madrüga

  • Coordenação
    • Ver perfil
Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #168 Online: Março 14, 2012, 07:03:20 am »
Jogar bola é mais acessível e possivelmente pode dar muito mais dinheiro que escrever livro.

Aí que tá: não é. Isso aí é clichê, é frase pronta. Por exemplo: eu dava aula pruns empresários de jogador de futebol aqui em São Caetano. E uma coisa que andava rolando, segundo eles, era justamente o contrário: hoje nego tem mais chance de estudar e todo mundo sabe como é difícil chegar num time grande. Time dente-de-leite tem um monte de problema (entre eles, essas acusações de abusos sexuais sofridos pelos moleques por parte de dirigentes, etc), o negócio não é fácil e a maioria acaba desistindo e indo estudar mesmo, fazer um curso técnico, essas coisas. Tá cheio de time pequeno em que o cara mal ganha mil reais, vive com salário atrasado, não tem condições de jogar. Time do interior virou vitrine de empresário, e cada vez menos gente tem oportunidade. Com isso, cada vez menos gente vai em peneira, ou o moleque joga uns anos e depois vai estudar, simples assim.

Citação de: Alduim
Eu queria estar enganado, mas infelizmente no Brasil há um déficit educacional. Ganhar dinheiro no Brasil com livro é difícil e com RPG então...

Mas me diga: é fácil ganhar dinheiro com livro em QUALQUER lugar? É sério que você acha que, fora do Brasil, um cara pode se sustentar de escrever numa boa? E RPG, então? Tirando esses "household names" que a gente conhece, de capa de livro, existe tanta gente assim ganhando a vida honestamente com RPG, só com RPG?

------------

Na boa: o RPG está minguando por outros motivos. O pessoal foi capaz de apontar razões mais sólidas, como envelhecimento dos jogadores, falta de incentivo a novas gerações, existência de jogos eletrônicos (que são mais fáceis de lidar), diminuição de contato social (sintoma da era da internet), preconceito com RPG, etc.

Isso é muito mais lúcido do que ficar apostando nesse preconceito bobo, essa coisa de "NOSSA O BRASIL NÃO TEM EDUCAÇÃO PAÍS DE ANALFABETOS LÁ FORA É TÃO MELHOR". Sai dessa, cara. Já é meio demodê achar que tudo no Brasil é uma bosta. O país tem cerca de seis milhões de alunos estudando no ensino superior no momento. Infelizmente, quase 50% são do sudeste, mas surpreendentemente o nordeste está em segundo lugar, com quase 20%. O ensino tem MUITO que melhorar, claro, mas é teimosia ou burrice achar que somos iguais a vinte anos atrás.

Como eu apontei lá em cima, existem diversos autores nacionais vivos que estão ganhando dinheiro com livros. Hoje isso é mais possível e a tendência é melhorar. Obviamente, o maior mercado é autoajuda (porra, né), mas o mercado tem crescido. É triste usar isso de argumento, mas a VEJA publicou uma revista dedicada ao tema recentemente: por mais que boa parte dos livros seja comprada pelo governo para uso em escolas (mas ei, isso é uma boa coisa), houve um crescimento de 23% no mercado entre 2009 e 2010.

Agora me diz que 23% é pouco. É um crescimento explosivo, é coisa pra carai. O preço dos livros vem caindo gradativamente desde 2004. Imprimimos menos da metade dos livros que os EUA imprimem por ano, mas estamos crescendo. Com o advento da "nova classe média" e com a saída de muitos brasileiros da pobreza, tem ficado mais fácil ler, e muito mais acessível.

E, mesmo assim, isso não tem nada a ver com RPG. Tem a ver com você ter uma visão petrificada do Brasil, soando como se você fosse um daqueles velhos saudosos da ditadura: frases feitas, total desconhecimento da situação real do país... e mudar de assunto ao perceber que está falando merda, só para não dar o braço a torcer.
"If there are ten thousand medieval peasants who create vampires by believing them real, there may be one -- probably a child -- who will imagine the stake necessary to kill it. But a stake is only stupid wood; the mind is the mallet which drives it home."
-- Stephen King, It (p. 916)


Offline Lumine Miyavi

  • Multiprocessador Walita
  • Passou da muralha, beyblade estraçalha.
    • Ver perfil
    • Phieluminando
Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #169 Online: Março 14, 2012, 08:33:08 am »
Quantas caras novas arrumando conflitos. Agora sim tá parecendo a Spell.

Blog do Lumine, PhieLuminando!
Avatar Atual: Levi, Attack on Titan

Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #170 Online: Março 14, 2012, 08:49:27 am »
No Brasil estudar é  um martírio!
Livro é caro.
Jogar bola é mais acessível e possivelmente pode dar muito mais dinheiro que escrever livro.
Professor do estado (PE) ganha um bônus quando a escola tem algo em torno de 80 a 90% de alunos aprovados carinhosamente chamado de o "suborno do governo".

Eu acredito também que tem muito haver com a forma como a mídia e a sociedade tratam isso. É ensinado que é mais fácil ganhar dinheiro jogando futebol ou sendo 'famoso', do que trabalhando num emprego fixo que necessite de estudo para exercer. Se estudar não traz resultado futuro, então não existe motivo para estudar além do básico. Logo, conhecimento não traz retorno à longo prazo.

Claro, a questão do futebol e 'fama' é um raciocínio falso, já que das milhares de pessoas que tentam seguir por esse caminho, um número bem pequeno consegue alguma coisa. E aí você cria uma população que não tem empregabilidade e um mercado que tem dificuldade de preencher vagas que necessitem de conhecimento que seja adquirido numa universidade.

Citar
Mudando de assunto:
Só eu só joguei aqui que só conheci um monte de combeiro que estudava todos os livros que saiam pra ter o boneco mais combado possível? Na mesa que joguei não tinha um jogador que não tinha lido o livro do jogador...

Jogos mais tradicionais te premiam por 'vencer' os desafios, não importa 'como' você faz isso. Derrube o monstro, ganhe o XP. Até jogos que deviam fugir disso, de vez em quando caem no mesmo problema (derrube o outro vampiro, ganhe uma geração). Então se você não está 'vencendo' os desafios, você não está ganhando o XP que deveria receber (ou seja qual for a recompensa mecânica no sistema).

Isso é mais fácil de associar para o iniciante, que normalmente está acostumado com o conceito de que em jogos existem vencedores e perdedores. Então ser derrotado é igual a 'perder', algo que é visto como ruim.

Logo, não é estranho que muito iniciante tente jogar pra 'vencer', o que pode envolver tentar entender o sistema e usar de brechas nele pra conseguir derrotar os desafios.

Convencer as pessoas a encararem de uma forma diferente é uma das coisas mais difíceis quando se está ensinando pra um grupo um rpg que não siga esse modelo de 'vencer' ou 'perder'. Eu já vi gente que conseguia entender facilmente uma mecânica de resolução de regras menos granular e definidora do que acontecia no universo do jogo (o que é o oposto da maioria dos jogos tradicionais), mas nunca entendeu direito essa questão de que em certos jogos 'vencer' não é tão importante quanto o 'como'.
« Última modificação: Março 14, 2012, 08:53:51 am por kimble »
Lido esse ano:
Feng Shui, Wu Xing, Blowing Up Hong Kong, MHRPG Civil War: X-Men, Shadows of Esteren, Dungeon World, 13th Age (Draft), Night's Black Agents, Pendragon 5.1, Legends of Anglerre, Hollowpoint, Planescape (caixa básica), Monsterhearts, Werewolf: DA, Player's Handbook Races: Tieflings, Apocalypse (WtA), Dragon Magazine Annual Volume 1
Atualmente lendo:
Dresden Files (FATE), Fantasy Craft, Mage 2e, In Nomine
Na fila:
REIGN, MHRPG: Annihilation, GoT RPG

Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #171 Online: Março 14, 2012, 11:33:04 am »
Sinceramente eu acho que o publico consumidor de livros em geral é baixo e isso é um argumento válido.

se levarmos em conta que muita gente só lê livro técnico, religioso e de auto-ajuda o número de pessoas que estão acostumadas em consumir material como rpg é bem baixo.

fazendo um exercicio mental aqui, acho que não teria como metade dos meus amigos jogar rpg, não entenderia o sentido ou achariam algo enfadonho (mesmo que fosse um livreto o sistema). e não acho que tenho amigos alienados ou burros, a maiora está cursando a graduação ao menos.

e o grande nicho do rpg no brasil sempre foi adolescentes e adultos jovens, qeu convenhamos são as pessoas mais fud. de grana que tem.

Em outros países o sucesso das primeiras gerações de rpg foi maior, portanto a quantidade de adultos que compram material acaba sendo maior.

O  GURPS, por exemplo, que a cada dia mais longe do mainstream é praticamente sustentado pelos fãs de meia idade que compram todos os livros lançados (e são pelo menos uns 2 mil nos EUA). os caras mandam a real mesmo do tipo "lança com ilustração boa e capa dura que a gente banca".

No brasil acho que só o D&D conquistou essa fidelidade.

Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #172 Online: Março 14, 2012, 01:29:21 pm »
Citar
Mas me diga: é fácil ganhar dinheiro com livro em QUALQUER lugar?
Não sei, mas talvez levando em consideração a média de livro lidos por uma pessoa em um ano no Brasil é de 4,7 enquanto nos EUA era 11 (não estou dizendo que o EUA é melhor por causa disso só que lá eles leem mais livros).

Massa, talvez esteja exagerando em associar a falta de leitura com baixa vendas de livro e por conseqüência baixa de livros de RPG.
Existem outras coisas pra se fazer fora jogar RPG em todo o mundo então meu argumento de jogar bola é furado mesmo.
nota mental: Acho que tou precisando ler mais um pouco XD

Citar
Quantas caras novas arrumando conflitos. Agora sim tá parecendo a Spell.
A cara até pode ser nova, mas sou usuário antigo acompanho a Spell desde o "rpg.com.br", do "spell_forever"... Só que com outros nicks (Slaad Negro eu acho)

Bom, eu usava a Rede pra ter notícias sobre RPG. O que estava sendo lançado ou alguma novidade besta em relação ao jogo. Atualmente leio o Paragons, mas lá está muito parado assim como aqui também está um pouco parado (não estou reclamando) sempre gostei mais da seção "Dicas e ideias", mas...
Há algum site que vocês recomendam?

Offline Lumine Miyavi

  • Multiprocessador Walita
  • Passou da muralha, beyblade estraçalha.
    • Ver perfil
    • Phieluminando
Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #173 Online: Março 14, 2012, 02:00:39 pm »
Pô, Alduim, não se faz de novo não. É macaco velho. Agora, os outros...


Olá!

Citar
Na boa: o RPG está minguando por outros motivos. O pessoal foi capaz de apontar razões mais sólidas, como envelhecimento dos jogadores, falta de incentivo a novas gerações, existência de jogos eletrônicos (que são mais fáceis de lidar), diminuição de contato social (sintoma da era da internet), preconceito com RPG, etc.
Como já falaram N vezes, é um hobby e acho que todo hobby míngua em popularidade vez ou outra. Entretanto, o declínio do RPG tem além disso tudo que você falou, outro problema: a forma que foi lidado, e como isso foi passado pros fãs.

A nossa "base" de jogadores experientes em sua maioria baseia-se na nostalgia de outotra e parecem ter sido condicionados a tornar-se inaptos em aprender coisas novas / ensinar a novas gerações que coisas novas podem existir, então não seria nada mais justo que o hobby SE estagne e eventualmente afunde no próprio túmulo. O mesmo vale pra editoras; a Devir, com contratos com cláusulas bizarras (como aquela "lenda" de traduzir um livro de World of Darkness por mês, onde traduzir não significa... vender como produto) torna-se algo bem plausível nesse mercado de leitões deitados, em manter controle de um "mercado morno".

A WoTC aprendeu com o erro monumental que foi o liberar a OGL, e quis cortar as asinhas dos produtores independentes (tais quais ela sempre superaria com sua "qualidade"). Alias, um dos motivo da falta de vendas da 4ª edição? Não esperava um Pathfinder da vida, mas sinceramente, se uma empresa prima por qualidade e em seguida demite os caras responsáveis por fazer publicações com, foi uma questão de tempo até uma concorrência feita pelos mesmos ex-funcionários surgir. A ironia maior foi que nem mesmo eles conseguiram, mas sim um bando de "ninguéms".

No Brasil a 4e não foi pra frente por causa do mesmo motivo, mas com uma causa diferente. A OGL deixou nossos "profissionais" da área muito, mas MUITO mal acostumados, e quando não puderam fazer o mesmo com a GSL (traduzir e vender como produto "novo", vide AÇÃO!!!), ela e a edição associada tornou-se o filho feio (porque pagar pra produzir, e não poder alterar nada do texto é cortar demais o tesão desses mesmos profissionais, que acostumados a trabalhar em seu "próprio ritmo" se tornaram incapazes de contornar essas limitações com criatividade).

Felizmente, vemos e acima de tudo temos novas iniciativas (mesmo que maquiadas com roupagem de coisa velha, como o próprio Old Dragon, já citado como exemplo de sucesso independente) e capaz de contornar isso. Agora é fazer os caras da antiga ou largarem o osso e permitirem que os caras da nova geração possam ter sua própria chance, ou agarrar-se a um osso eterno e levar ele pro túmulo.

/rantpessimistaeamargo

Blog do Lumine, PhieLuminando!
Avatar Atual: Levi, Attack on Titan

Offline Dinobot

  • idiota profissional
    • Ver perfil
    • Programa Hora 13
Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #174 Online: Março 14, 2012, 08:55:56 pm »
No Brasil estudar é  um martírio!
Livro é caro.
Jogar bola é mais acessível e possivelmente pode dar muito mais dinheiro que escrever livro.
Professor do estado (PE) ganha um bônus quando a escola tem algo em torno de 80 a 90% de alunos aprovados carinhosamente chamado de o "suborno do governo".

Eu acredito também que tem muito haver com a forma como a mídia e a sociedade tratam isso. É ensinado que é mais fácil ganhar dinheiro jogando futebol ou sendo 'famoso', do que trabalhando num emprego fixo que necessite de estudo para exercer. Se estudar não traz resultado futuro, então não existe motivo para estudar além do básico. Logo, conhecimento não traz retorno à longo prazo.

Claro, a questão do futebol e 'fama' é um raciocínio falso, já que das milhares de pessoas que tentam seguir por esse caminho, um número bem pequeno consegue alguma coisa. E aí você cria uma população que não tem empregabilidade e um mercado que tem dificuldade de preencher vagas que necessitem de conhecimento que seja adquirido numa universidade.

Vai por mim, nos EUA as coisas não são muito diferentes. Substitua "futebol" por "futebol americano" e você vai acertar. Até porque tem uma parcela significativa de americanos que só entram nas Universidades com bolsa atlética. E também, lá tem muito mais gente só com nível técnico do que por aqui.

Citar
Mudando de assunto:
Só eu só joguei aqui que só conheci um monte de combeiro que estudava todos os livros que saiam pra ter o boneco mais combado possível? Na mesa que joguei não tinha um jogador que não tinha lido o livro do jogador...

Jogos mais tradicionais te premiam por 'vencer' os desafios, não importa 'como' você faz isso. Derrube o monstro, ganhe o XP. Até jogos que deviam fugir disso, de vez em quando caem no mesmo problema (derrube o outro vampiro, ganhe uma geração). Então se você não está 'vencendo' os desafios, você não está ganhando o XP que deveria receber (ou seja qual for a recompensa mecânica no sistema).

Isso é mais fácil de associar para o iniciante, que normalmente está acostumado com o conceito de que em jogos existem vencedores e perdedores. Então ser derrotado é igual a 'perder', algo que é visto como ruim.

Logo, não é estranho que muito iniciante tente jogar pra 'vencer', o que pode envolver tentar entender o sistema e usar de brechas nele pra conseguir derrotar os desafios.

Convencer as pessoas a encararem de uma forma diferente é uma das coisas mais difíceis quando se está ensinando pra um grupo um rpg que não siga esse modelo de 'vencer' ou 'perder'. Eu já vi gente que conseguia entender facilmente uma mecânica de resolução de regras menos granular e definidora do que acontecia no universo do jogo (o que é o oposto da maioria dos jogos tradicionais), mas nunca entendeu direito essa questão de que em certos jogos 'vencer' não é tão importante quanto o 'como'.

Mas isso pode ser ensinado na prática. Em último caso, deixa eles criarem os personagens, monta uma dungeon simples e vai ensinando as partes mais refinadas durante o jogo. Não dá pra querer que um novato aprenda todo o conceito do jogo logo no começo, né?

Na verdade, são certas expectativas como essa que atrapalham em muitos tipos diferentes de sub-grupos nerds por ai: achar que os novatos quem que aprender tudo sozinhos...
Entrem em http://www.facebook.com/hora13 e acompanhem os episódios do programa Hora 13, apresentado por esse idiota que vos fala.

Contem Minha história aos que perguntarem. Contem toda a verdade, tanto os atos vergonhosos quanto os louváveis. Que eu seja julgado de acordo.

O resto... É silêncio...

Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #175 Online: Março 14, 2012, 09:59:21 pm »
A nossa "base" de jogadores experientes em sua maioria baseia-se na nostalgia de outotra e parecem ter sido condicionados a tornar-se inaptos em aprender coisas novas / ensinar a novas gerações que coisas novas podem existir, então não seria nada mais justo que o hobby SE estagne e eventualmente afunde no próprio túmulo. O mesmo vale pra editoras; a Devir, com contratos com cláusulas bizarras (como aquela "lenda" de traduzir um livro de World of Darkness por mês, onde traduzir não significa... vender como produto) torna-se algo bem plausível nesse mercado de leitões deitados, em manter controle de um "mercado morno".

Felizmente, vemos e acima de tudo temos novas iniciativas (mesmo que maquiadas com roupagem de coisa velha, como o próprio Old Dragon, já citado como exemplo de sucesso independente) e capaz de contornar isso. Agora é fazer os caras da antiga ou largarem o osso e permitirem que os caras da nova geração possam ter sua própria chance, ou agarrar-se a um osso eterno e levar ele pro túmulo.

Opa, também fico feliz pra caramba de ver novas iniciativas e pessoas animadas a produzir coisas pipocando diariamente pela internetz. Mas não saquei bem esse lance dos caras da antiga largarem o osso. Estamos falando de jogadores antigos e editoras mais velhas (Devir e Jambô) é isso?

No caso dos jogadores antigos, acho que devagarinho as coisas estão virando, o pessoal que curte jogos mais convencionais tem olhado para os indies com alguma curiosidade, e mesmo continuando com suas campanhas de Forgotten Realms estão pegando um Shotgun Diaries ali, um Violentina aqui... Acho que essa "barreira" tem sido quebrada diariamente. Ainda assim, não deixa de ser curioso que algumas páginas atrás neste mesmo tópico um dos argumentos para um eventual problema apontado por mais de um usuário dos jogos indies a médio e longo prazo era que estes jogos só estavam atingindo jogadores antigos, lembra? Fico me perguntando então que diabos, só atingimos os jogadores antigos, ou jogadores novatos de mente aberta? Acredito que a resposta seja um meio termo na verdade, e que no fim das contas, cada vez mais o público de jogos indies (pelo menos de compradores) no Brasil tem um perfil mais parecido com o dos RPGs convencionais.

No caso das editoras "da antiga", Devir e Jambô, não entendo bem o que seria largar o osso...
Como jogador de RPG já fiz dezenas de críticas a Devir - em relação ao GURPS, sobre a falta de comunicação que existia com o público pré-2009, sobre a tentativa maluca de publicar o Arcana Evoluída, e por aí vai... Agora como parte de uma microeditora não sei o que poderia falar da Devir. Eles nunca ferraram a gente, pelo contrário, sempre convidam para as paradas, tratam com o maior respeito, enfim, nunca tentaram foder a gente. O que seria então largar o osso? Tá tudo aí pra nós, é só saber chegar camarada, não depende de Devir ou de Jambô, mas do seu corre com seus jogos e suas licenças. E se largar o osso for abrir mão de algumas das licenças deles, o que seria maluquice, ainda assim, quem ia pegar a licença do GURPS, a Retropunk? A gente da Secular? Claro que não! O que mais tem por aí são licenças fodas e que estão livres, leves e soltas, a gente não precisa brigar pelas quais justamente não temos cacife para lançar! A Retropunk provou isso pegando o Gumshoe e a Evil Hat (com sua carga de jogos magníficos <3), a RedBox com o Shotgun Diaries, e até nós da Secular também estamos correndo atrás de licenças legais.

O mesmo vale para a Jambô, com um exemplo ainda mais emblemático. Em 2010 estávamos com o Busca Final pronto, mas não sacávamos nada de gráfica, tiragens, custos e tal. No sábado, depois do primeiro dia da RPGCon 2010, uma galera foi pro buteco, incluindo o Guilherme da Jambô e amigos dele de SP e Rio que o cara deve ver uma vez por ano, justamente no evento paulista de RPG. No meio do mesão gigante perguntei umas coisas de publicação pra ele, e o cara teve saco pra sair da mesa, ir pra uma mesa mais afastada e silenciosa e falar durante mais de 30 minutos sobre tiragens, esquemas de gráficas, preços, como eles faziam os livros, onde eu poderia conseguir um bom canal, etc. O cara (e a Jambô) não largou o osso, entregou de bandeja pra gente!
« Última modificação: Março 14, 2012, 10:02:01 pm por Rocha »
--
Secular Games
http://www.secular-games.com
Pensamento Independente, Jogos Independentes!

Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #176 Online: Março 14, 2012, 10:56:33 pm »
Vai por mim, nos EUA as coisas não são muito diferentes. Substitua "futebol" por "futebol americano" e você vai acertar. Até porque tem uma parcela significativa de americanos que só entram nas Universidades com bolsa atlética. E também, lá tem muito mais gente só com nível técnico do que por aqui.

O que já é uma vantagem. Nota que eu não afirmo que essa mentalidade que estudos não está relacionado a riqueza é uma característica única do Brasil. Mas eu acredito que em certos países a associação de que mais estudos geram uma vida futura melhor, é algo mais comum. E sim, eu acredito que nos EUA seja assim, mesmo que o sonho de ser atleta também seja algo comum.


Citar
Mas isso pode ser ensinado na prática. Em último caso, deixa eles criarem os personagens, monta uma dungeon simples e vai ensinando as partes mais refinadas durante o jogo. Não dá pra querer que um novato aprenda todo o conceito do jogo logo no começo, né?

Na verdade, são certas expectativas como essa que atrapalham em muitos tipos diferentes de sub-grupos nerds por ai: achar que os novatos quem que aprender tudo sozinhos...

Eu não disse que era difícil ensinar um novato a encarar o jogo em outros termos que `vencer`ou `perder`. Eu disse que essa era uma associação simples baseada no que a maioria já conhece, logo é normal que comecem a jogar assim.

Como eu havia dito, quem costumo notar que tem mais dificuldade em sair dessa mentalidade não são os novatos, mas o pessoal mais antigo e que está acostumado a objetivos e premiações determinadas e palpáveis. E por isso apresentar jogos que saem desse padrão pro pessoal mais antigo, costuma dar mais trabalho do que pra quem ainda não conhece muito de rpgs e não desenvolveu aquela série de expectativas padrão sobre como um RPG deve funcionar (pvs, Mestre, tabela de armas, jogadores com papel reativo, etc.).
« Última modificação: Março 14, 2012, 11:06:49 pm por kimble »
Lido esse ano:
Feng Shui, Wu Xing, Blowing Up Hong Kong, MHRPG Civil War: X-Men, Shadows of Esteren, Dungeon World, 13th Age (Draft), Night's Black Agents, Pendragon 5.1, Legends of Anglerre, Hollowpoint, Planescape (caixa básica), Monsterhearts, Werewolf: DA, Player's Handbook Races: Tieflings, Apocalypse (WtA), Dragon Magazine Annual Volume 1
Atualmente lendo:
Dresden Files (FATE), Fantasy Craft, Mage 2e, In Nomine
Na fila:
REIGN, MHRPG: Annihilation, GoT RPG

Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #177 Online: Março 14, 2012, 11:01:13 pm »
Essa idéia de que as editoras "grandes" não apoiam as editoras "pequenas" é muito mais papo dos jogadores do que das próprias. Se alguem tem no momento grana pra bancar uma licença como D&D, então por que não vai atrás de Warhammer? Ou Shadowrun?

A verdade é que o mercado aquecido interessa pra todo mundo. Com a Jambô e a Devir divulgando seus "mainstreams", sempre vai ter o pessoal que vai querer experimentar outra coisa e aí pega um Violentina, Fiasco ou Old Dragon. Claro que cada um tem sua estratégia (ou falta de...) comercial, mas há espaço pra todos que desenvolverem um bom trabalho.  Ter um Violentina atraindo jogadores é tão bom quanto o pessoal antigo que se encontra pra jogar GURPS.
Jaime Daniel, pai!
 ::: Metagamers :::
Muito além do jogo!
 www.metagamers.com.br

Offline Dinobot

  • idiota profissional
    • Ver perfil
    • Programa Hora 13
Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #178 Online: Março 16, 2012, 04:10:15 pm »
Vai por mim, nos EUA as coisas não são muito diferentes. Substitua "futebol" por "futebol americano" e você vai acertar. Até porque tem uma parcela significativa de americanos que só entram nas Universidades com bolsa atlética. E também, lá tem muito mais gente só com nível técnico do que por aqui.

O que já é uma vantagem. Nota que eu não afirmo que essa mentalidade que estudos não está relacionado a riqueza é uma característica única do Brasil. Mas eu acredito que em certos países a associação de que mais estudos geram uma vida futura melhor, é algo mais comum. E sim, eu acredito que nos EUA seja assim, mesmo que o sonho de ser atleta também seja algo comum.

Er, Kimble, nos EUA NÃO é assim. A diferença entre o americano e o brasileiro é principalmente em ética de trabalho, não na atitude em relação à educação. Lá, quem entra numa universidade é porque QUER entrar em uma, porque o nível técnico lá é comum e as pessoas não tem pelos técnicos o mesmo desprezo que o brasileiro tem aqui.

Sim, os livros são mais baratos e as Universidades de alto rendimento são melhores, mas a atitude em relação ao estudo lá é BEM semelhante.

Citar
Citar
Mas isso pode ser ensinado na prática. Em último caso, deixa eles criarem os personagens, monta uma dungeon simples e vai ensinando as partes mais refinadas durante o jogo. Não dá pra querer que um novato aprenda todo o conceito do jogo logo no começo, né?

Na verdade, são certas expectativas como essa que atrapalham em muitos tipos diferentes de sub-grupos nerds por ai: achar que os novatos quem que aprender tudo sozinhos...

Eu não disse que era difícil ensinar um novato a encarar o jogo em outros termos que `vencer`ou `perder`. Eu disse que essa era uma associação simples baseada no que a maioria já conhece, logo é normal que comecem a jogar assim.

Como eu havia dito, quem costumo notar que tem mais dificuldade em sair dessa mentalidade não são os novatos, mas o pessoal mais antigo e que está acostumado a objetivos e premiações determinadas e palpáveis. E por isso apresentar jogos que saem desse padrão pro pessoal mais antigo, costuma dar mais trabalho do que pra quem ainda não conhece muito de rpgs e não desenvolveu aquela série de expectativas padrão sobre como um RPG deve funcionar (pvs, Mestre, tabela de armas, jogadores com papel reativo, etc.).

Beleza, tinha entendido errado então...
Entrem em http://www.facebook.com/hora13 e acompanhem os episódios do programa Hora 13, apresentado por esse idiota que vos fala.

Contem Minha história aos que perguntarem. Contem toda a verdade, tanto os atos vergonhosos quanto os louváveis. Que eu seja julgado de acordo.

O resto... É silêncio...

Offline Heitor

  • Demagogo
    • Ver perfil
Re:O fim da Rede RPG (e do próprio RPG?)
« Resposta #179 Online: Março 16, 2012, 07:32:54 pm »
O Rocha é o da Secular? Poxa, nem tinha sacado.