Galera, quando eu disse que o Jabor se retrata eu não defendi o cara. Não é por isso que o texto dele está mais feio. Se um de nós aqui admite que errou, eu sou partidário de aceitar as desculpas.
Com a Globo, as coisas são diferentes. Eu sei que eles são manipuladores e por isso mesmo acho legal o fato de eles finalmente terem entrado na cobertura. Isso só mostra que mesmo quem tentou evitar de falar, foi obrigado a aceitar o fato de que estamos lutando.
Se eles foram obrigados a cobrir, que o façam direito. A manifestação da Rio Branco foi bem coberta por eles. Espalharam os repórteres e cobriram vários ângulos. Deram peso pro vandalismo? Deram, mas isso era de se esperar, porque era a desculpa que eles queriam pra desviar a atenção. Mas de novo, o resto da cobertura foi bem feita.
Eu não as tenho aqui, mas ontem eu li com minha mulher matérias do LeMonde, do Le Fígaro, da BBC e do New York Times muito interessantes. A visão estrangeira é absolutamente diferente da nossa. Eles tratam com naturalidade do vandalismo, não dando nenhum crédito a mais do que se deveria. Na verdade é sempre um pequeno parágrafo na reportagem. E fazem uma análise crítica dos pontos levantados pelos manifestantes. Citam que no geral, a população está de saco cheio. Tipo isso.
Então galera, apesar de eu também achar que a Globo é uma bosta, que o Jabor é inconsequente e manipulado, eu tento ver a beleza das coisas. Os caras que estavam na rua, pela Globo, estavam sofrendo pressão para trabalhar. Tiveram até de retirar os símbolos dos aparelhos. Mesmo assim, muitos deles se esforçaram para cobrir o que 100.000 fizeram, e não o vandalismo dos poucos no fim. Isso é o que eu quis dizer com a bela cobertura.
Por favor, não me venham com papo de "se eles trabalham pra Globo eles são imbecis, manipulados e manipuladores". Esse tipo de generalização não me parece válido num fórum que preza pela pluralidade e verdade. Existem repórteres sérios ali que provavelmente não teriam emprego em outro lugar (a Record acabou de demitir 50 funcionários do jornalismo, por exemplo) no Brasil, e tentam fazer o melhor com o ferramental que lhes dão.
O que eu quis com meu texto foi mostrar a beleza do ato. Tanto nas fotos, como nas reportagens, fica claro que o que fizemos na Rio Branco foi algo inédito para a nossa geração. Provavelmente, o primeiro passo num processo democrático de desabundamento de sofás e marcha na rua. A nossa geração era um bando de bunda-moles. Tomara que a inércia nesse caso mantenha o momento dessas enormes bundas-moles em movimento até que elas atinjam alguma coisa.
edit: Se alguém vier falar mal desse cara, aê eu viro bixo.