Bestas ígneas são criaturas perigosas que buscam lugares tão quentes quanto os próprios corpos para viver e acabam estabelecendo seus ninhos nos desertos, principalmente em cânions e em rochedos em geral.
Os maiores da espécie são tão largos quanto rinocerontes, e atingem comprimento digno dos maiores crocodilos, com caudas avantajadas e o corpo pesado, tão pesado que quase rasteja pelo chão. Toda parte superior do corpo é coberta por placas de uma espessa carapaça escura que parece ser feita única e exclusivamente de rocha, capaz de absorver e conter calor como poucos materiais nas Terras Sagradas - é por essa contenção de calor, aliás, que as bestas ígneas conseguem suportar o frio noturno dos desertos. Na parte da barriga e em áreas sem a carapaça, sua pele reptiliana apresenta um tom avermelhado como se ardesse em brasa -- e arde. Reza a lenda que as bestas ígneas nascem dos vulcões, e por isso seu corpo é tão quente quanto a lava. Diariamente esses dragões precisam equilibrar sua temperatura corporal, expelindo suor escaldante pelos poros e através de glândulas nas laterais da boca na forma de jatos. Suas patas, por fim, são musculosas a ponto de permitirem que as bestas ígneas corram desengonçadamente e realizem pulos impressionantes nas superfícies íngremes da rocha.
Apesar de serem bestas bastante perigosas, as bestas ígneas não são caçadoras. Alimentam-se de minerais, principalmente rochas magmáticas e areia; raramente as bestas deixam de absorver os minérios por completo - se comem demais, antes de serem evacuados os excessos adquirem, por conta do processo digestório super-aquecido, o formato de cristais vítreos e de obsidiana, peças naturalmente fantásticas para qualquer colecionador de pedras preciosas.
Deste assunto quase só se conhecem lendas, e os mitos são mais reais do que parecem ser: as bestas ígneas tem um forte sentido sísmico e pressentem quando um vulcão está prestes a entrar em erupção. Esse momento está intimamente ligado à vida dessas criaturas, pois o acasalamento das bestas depende do calor e do efeito da lava nas rochas. Assim, uma besta jovem migra imediatamente assim que pressente uma atividade vulcânica intensa. Normalmente elas alcançam os vulcões assim que a erupção terminou e a lava se assentou e endureceu, permitindo que comecem o ritual de acasalamento e retornem ao deserto com seus pares, buscando novo ninho.
Muitas tribos nômades do deserto encaram as bestas ígneas como objetos de adoração ascética por conta de seus hábitos alimentícios (comer poeira e pedra), de sua necessidade de peregrinar para continuar existindo e por sua forte ligação com a terra. O folclore dos andarilhos ainda conta que o coração de uma besta ígnea jamais resfria, e volta a bater intensamente conforme o vulcão sob o qual a besta nasceu torna a explodir.
Alternativa para o sopro:Quando uma besta madura o suficiente para desenvolver o sentido sísmico ingere a rocha vulcânica recém-banhada pela lava, seu corpo não a processa como alimento, e sim como combustível. O produto é uma secreção altamente inflamável, que a besta é capaz de expelir, em forma de labaredas, através de glândulas laterais na boca - as maiores labaredas impressionam mais fêmeas; o maior tempo mantendo as chamas acesas com a boca fechada impressiona mais machos; e assim escolhem seus parceiros, acasalam, e estocam mais um pouco daquela rocha especial. As fêmeas normalmente armazenam seu estoque durante a vida inteira, para o caso de predadores assaltarem sua cria.