Parte I - Deus, Lúcifer e AsmodeusAcho que o primeiro ensaio publicado sobre o inferno para AD&D foi “The Politcs of Hell” na Dragon 28, em 1979. É interessante perceber que nesta época ainda não havia uma divisão sobre o “inferno cristão” de “Baator”. Este nome mesmo não foi mencionado no artigo, dando a entender que o autor (Alexander von Thorn) aparentemente estava apenas fazendo uma adaptação para inserir Asmodeus como o governante do inferno.
Resumindo o artigo, <<insira aqui a queda de lúcifer seguido de sua ascenção como governante do inferno>> (sério, o mais cristão possível). Posteriormente houve a derrocada de Lúcifer e seu exílio junto de Belial, seu braço direito, devido a traição Beelzebub e aliados. Após muito tempo governando, Beelzebub se viu obrigado a ceder a liderança do inferno para Asmodeus, que o obrigou a mudar de nome para Baalzebub (e impedir que antigos rituais o dêem poder).
Na cosmologia desta ambientação o inferno sempre existiu e Lúcifer, quando passou a governá-lo, o moldou a sua vontade, com nove camadas, mas apenas após a ascenção de Asmodeus foi que houve a hierarquização que conhecemos nestas camadas.
Conclusão: Acho que havia uma semente de se querer fazer uma cosmologia própria para o inferno em AD&D, mas a mistura que fizeram com o contexto cristão atrapalhou um pouco. Embora creio que este critério não estivesse em foco naquela época, o que provavelmente tenha alimentado movimentos como “Bothered About Dungeons and Dragons (BADD)” (
mas não apenas esse). Aqui ainda não havia uma definição clara sobre o alinhamento padrão que representaria o inferno (Leal e Mau), mas o texto parece indicar essa ideia.
Epílogo: Na Dragon 42 houve um artigo chamado “The Possessors” que seria uma complemento deste primeiro acima, mas ele não trás maiores informações sobre o contexto principal.
Parte II - So said EdNas Dragons 75 e 76, Ed Greenwood escreveu acho que o primeiro artigo que descreve as nove camadas. Neste artigo, chamado “The Nine Hells” (parte 1 e 2), ele disse que esta seria apenas uma concepção própria não oficial, cuja geografia seria baseada nas estatísticas e descrições dos vários diabos lançados nos livros de monstros, assim como na literatura. O que me leva a crer que realmente nunca houve antes um detalhamento sobre os nove infernos.
Três outros detalhes: Ed não discutiu a cosmologia dos nove infernos; Ed não citou o nome “Baator”; Ed não entrou no mérito da tendência. Isto me leva a crer que este artigo talvez utilize da cosmologia escrita anos antes por Von Thorn em “The Politcs of Hell”.
Ed faz realmente um bom trabalho descrevendo os nove infernos, Arvenus, Dis, Minauros, Phlegethos, Stygia, Malbolge, Maladomini, Caina (não escrevi errado!) e Nessus, além de elaborar a ficha de várias personalidades do inferno, com exceção dos regentes de cada camada.
Trivia: Ed fez uma pequena propaganda de Forgoten Realms neste artigo, mas nesta época ele ainda não tinha vendido os direitos do cenário para a TSR.
Conclusão: Ainda não havia uma definição clara sobre o a influência do alinhamento nas “terras infernais”, mas nos livros de monstros já havia uma característica comum aos demônios e diabos, eles eram “caóticos e maus” e “leais e maus”, respectivamente. Sendo que os demônios habitavam o Abismo e os diabos, o Inferno.
Epílogo: Na Dragon 91 Ed escreveu mais um artigo, Nine Hells Revisited. Neste artigo fica bem claro que se você é um diabo leal a Asmodeus, então sua tendência é Leal e Má. Embora este padrão tenha sido aparentemente adotado desde o início, só agora alguém disse isso bem às claras.
Parte III - Então veio o manual dos planos...... em 1987, com uma descrição ridiculamente pobre dos nove infernos.
Não falaram nada sobre a cosmologia, logo continuo acreditando que utilizam aquele artigo (lá do início), agora com oito anos de idade. Aparentemente fizeram um resumo dos artigos de Ed, com poucas alterações que influenciam pouco.
Dou crédito apenas por uma observação nesse ponto. O líder da quarta camada, Phlegethos, se chama Belial, o mesmo nome do diabo que foi banido do inferno com Lúcifer. Se é o mesmo diabo de fato, como ele voltou? Foi um erro de continuidade do autor? Quem se importa? (eu!)