Esse método de escalonar as habilidades dos adversários para possibilitar determinados tipos de aventuras em quaisquer níveis simplesmente não funciona, justamente porque as habilidades de casters alteram não apenas o poder bruto do grupo
Sim, para sistemas como 3.x ou AD&D, mas é algo possível na 4e...
Mais aí são dois pesos e duas medidas. O capitão da guarda tem todo uma estrutura de poder político que mantém o cargo dele, e ele não é o ápice desse esquema. O capiroto do exemplo, não: ele conquistou o posto na marra, tendo ou não partidários: pode ser um fortão que ninguém conseguiu matar, ainda, ou um fracote safado que sabe demais pra ninguém mexer com ele, usando os dois exemplos que você deu.
Perceba que eu também falei do rei. E o inferno também pode ter uma hierarquia que suporte o capiroto ser o chefão, mesmo sendo alguém de 5º nível. Usando como exemplo o diabo chefe do inferno de Disc World, ele pode ter conquistado o poder simplesmente por... burocracia. O que você falou cai em parte no que eu disse. Se o cara forçou o poder na marra sendo um fracote, que sabia demais ou tinha aliados mais poderosos, então faz sentido ele ser de nível baixo, certo? Ser o fortão que ninguém conseguiu matar pode ter vários significados, desde um golpe de sorte, não ter ninguém mais forte ou quem é forte não tem interesse.
Ainda que o ponto da conversa fosse o chefe como desafio direto aos jogadores, mesmo que o chefe em si não seja um desafio em combate, provavelmente vai ter algum algum capanga parrudo/labirinto/fortaleza para impedir o acesso a ele.
Repare que em nenhum momento da minha postagem anterior eu entrei no mérito de lacaios. Muitos chefões de campanha são deuses/monstros que foram ressuscitados/trazidos de outra dimensão por cultos que são aniquilados pelos próprios, pois esses não tinham nenhum senso de dever/gratidão com seus "adoradores" ou sequer pediram a "ajuda" deles.
Vou tentar concatenar as duas idéias que você colocou aqui, porque, acredito que estamos discutindo um estilo de aventura D&D. Uma das idéias é a de que o cara sendo um bosta vai ter lacaios que os ajudem (não entendendo lacaio como um termo mecânico, mas sim como qualquer servidor do cara) que pode ser mais foda que o "big boss". A outra é que o cara vai eliminar os lacaios e ficar por si só. Mas ambas, partindo do padrão de aventuras de D&D, vão jogar o cara em uma Dungeon, que vai ter de ser preenchida por desafios de acordo com os níveis dos jogadores. Um sistema baseado unicamente em níveis vai impedir que determinados desafios sejam jogados para os heróis que estão certos níveis (tipo demônios para personagens de 5º nível e cubos gelatinosos para personagens de 20º). Enquanto que um sistema que use o orçamento de xp e uma manobrabilidade maior de níveis permite que você suba ou desça o nível das coisas de acordo com a sua aventura. Lembrando que níveis são uma abstração, eles sequer representam um aprendizado verdadeiro do herói. No fim, o big boss, via ter de possuir lacaios dentro de sua dungeon que representem perigos adequados aos jogadores para que a aventura funcione ou você deixe claro que ainda não é hora deles entrarem ali.
Eu vou defender o seguinte, controle apenas por níveis funciona bem em sistemas mais simulacionistas como a 3.x gostava de ser. O orçamento de xp funciona em sistemas mais literais como a 4e. Simplesmente porque o primeiro se preocupa em tratar uma estrutura rígida para o mundo, então todo mundo tem níveis, todo mundo tem classes, todo mundo funciona pelas mesmas regras e seu grupo de heróis vai ter de ser avisado que eles não podem ir enfrentar o cramunhão agora ou vão morrer. O segundo admite que é um sistema para heróis e o que importa são os heróis. Logo camponeses, o rei e sacerdote da vila não precisam de níveis, ou classes, apenas do papel deles na aventura. Porque se admite que níveis e classes são abstrações e que qualquer coisa com nível 1 já é muito mais foda que a maioria das pessoas do mundo (que não precisam de níveis porque não vão fazer diferença no mundo). Dai seu demônio ser de 5º nível e mandar no inferno tanto faz, porque isso só vai depender do fluff e o importante é a aventura acontecer.
O fluff de porque você tem um demônio de 5º nível é outra história, literalmente, e vai depender do seu cenário. Por exemplo, em Forgotten, dragões existem em todas as idades possíveis, em Reinos de Ferro é uma tarefa épica matar um deles. Do mesmo modo seu inferno pode ter ser uma baderna imensurável ou ter uma estrutura rígida e burocrática. Só que enquanto FR avançou pra 4e e disse que você pode ajustar seus níveis quanto quiser porque a aventura é sua, Reinos de Ferro continua na estrutura de um mundo simulado onde dragões são fodas demais para serem mortos por PCs... O chilique da galera por causa de demônios de CR 20 foi justamente por causa disso que você falou, mas sinceramente, quão foda é matar um demônio e quem tem saco de ficar subindo de nível até os problemáticos níveis épicos de D&D com combates infinitos, apenas para poder ter a chance de matar o Orcus? Sei lá se matar o Pé Preto de 5º nível vai ser o fim da aventura. Pode ser que o vácuo de poder deixado por ele seja preenchido por alguém mais poderoso, talvez uma entidade que era mantida prisioneira pelo Sete Peles morto devido algum artefato que ele tinha. Isso vai depender, claro, da sua aventura.
Eu por exemplo, vou colocar um dragão de nível 24 para os heróis matarem na minha aventura de Reinos de Ferro, isso vai completamente contra o que o cenário prega, mas que se dane, eu quero uma batalha contra um dragão!