Autor Tópico: Enquanto isso, no mundo lá fora...  (Lida 3903 vezes)

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Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Online: Julho 22, 2012, 10:35:34 pm »
Várias novidades interessantes vêm despontando em 2012. Pra quem quer fazer alguma coisa enquanto D&D Next (ou o 13th Age) não chega, vale uma olhada. Postem aí outras novidades que vocês acharam interessantes, ou outros lançamentos que estão aguardando.  :)


Shadows of Esteren

No embalo de Game of Thrones, SoE promete o mesmo clima sombrio e "gritty" da série, num novo mundo de fantasia que está mais pra Howard do que Tolkien - saem elfos, anões e duendes, entram conspirações demoníacas e seres cthulhóides. O tratamento luxuoso é impressionante (será que o jogo em si também é? ). Veja por si mesmo:


A quem interessar, o kickstarter acaba em 1 semana.


Shadowrun 2050



Cabelos moicanos fosforescentes. check
Celulares do tamanho de chinelos. check
Mullets selvagens. check
Jaquetas "franjadas". check
Fios pra todos os lados (wi-fi é coisa de viado). check!

Ai, ai, nada como um pouco de cyberpunk da época do seu avô. Shadowrun 2050 trás as regras da 4ª ed. para os anos ´50, onde tudo começou. Quem é grognard da 1ª/2ª edições (ou quem leu os romances da Ediouro) já deve ter identificado os runners icônicos na capa - Sally Tsung, Ghost-Who-Walks-Inside e Dodger, e já deve estar babando no teclado. Pra ser sincero eu tenho más notícias, chummer: o livro tá caro pra caceta e tem alguns problemas sérios, como o fato de não converter muito bem o sistema para o velho cenário (já tem erratas a caminho) e o tratamento visual deixar a desejar (apesar da capa maneira). De qualquer forma, o texto em si é muito bom, com direito ao velho Shadowtalk das edições antigas e presença de Fastjack, Findler-man, Profezzeur, The Big D, etc. Se não conseguir segurar a nostalgia, o pdf pode ser comprado daqui. De outra forma, sugiro aguardar um pouco a queda dos preços e, quem sabe, a inclusão de erratas no próprio pdf.


Yggdrasill



Recém lançado pela Cubicle7, Yggdrasill é um rpg onde os jogadores são vikings saindo em jornadas pela Scandia das lendas nórdicas. Dos mesmos criadores franceses de Qin, Yggdrasill trás o mesmo tratamento de primeira de seu cenário-fonte, tanto a nível visual como de crunch. Ainda não li essa belezinha, mas se meus colegas gringos estiverem corretos, é compra certa - cenário muito bem retratado, com aquele "quê" de precisão histórica misturado a ótimas idéias de jogo e um sistema interessante (porém nada ground-breaking ou altamente emulacionista como The One Ring). E já correm boatos de que Keltia, o rpg dos mesmos autores sobre a britânia arturiana, está a caminho.

Compre o pdf e a cópia física aqui.
« Última modificação: Julho 22, 2012, 11:38:30 pm por silva »
The traditional playstyle is, above all else, the style of playing all games the same way, supported by the ambiguity and lack of procedure in the traditional game text. - Eero Tuovinen

Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #1 Online: Julho 23, 2012, 09:08:41 am »
Shadows of Esteren eu já estou no pledge de $65 e torcendo pra acabar antes que eu não resista e vá pro $120. RPG francês medieval inspirado na cultura celta, Cthulhu e Ravenloft é algo suficientemente diferente pra me chamar a atenção.

E gostei bastante da proposta do sistema. Pelo que me pareceu, a construção é do interior para o exterior do personagem. Você define algumas características da atitude dele, pra então definir o exterior. Acredito que fica interessante e gosto de jogos que fazem isso.

Shadowrun 2050 tem o mesmo problema pra mim que a edição de aniversário: livro lindo, cenário legal mas sistema meio pesado.

Yggdrasill eu tinha ouvido falar, mas apesar de gostar da idéia, não sei como ficou o sistema ainda. Se for mais que um simulador, pode até me interessar. Mas se for outro livrinho de atributos + lista de armas + combate gritty, já tem bastante disso por aí.
Lido esse ano:
Feng Shui, Wu Xing, Blowing Up Hong Kong, MHRPG Civil War: X-Men, Shadows of Esteren, Dungeon World, 13th Age (Draft), Night's Black Agents, Pendragon 5.1, Legends of Anglerre, Hollowpoint, Planescape (caixa básica), Monsterhearts, Werewolf: DA, Player's Handbook Races: Tieflings, Apocalypse (WtA), Dragon Magazine Annual Volume 1
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Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #2 Online: Julho 23, 2012, 09:44:29 am »
Alguem sabe alguma coisa do novo sistema do reinos de ferro ?
War never changes

Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #3 Online: Julho 23, 2012, 10:22:26 am »
Eu só ouvi falar, mas deve sair na Gen Con, ser miniature-heavy e parece muito diferente da versão d20. Pra mim, isso é bom. Desculpa pra comprar minis.
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Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #4 Online: Julho 23, 2012, 11:08:31 am »
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E gostei bastante da proposta do sistema. Pelo que me pareceu, a construção é do interior para o exterior do personagem. Você define algumas características da atitude dele, pra então definir o exterior. Acredito que fica interessante e gosto de jogos que fazem isso.

Você tocou num ponto legal. Eu também curto bastante sistemas que se preocupam em retratar mais o que o personagem eh do que o que ele sabe fazer (geralmente com uma arma) - motivações, personalidade, paixões, etc. O primeiro jogo que vi que realmente enfatizava isso foi Unknown Armies, com seu atributo de obsessão e seus eixos de sanidade, lá atras em 98 (eu sei, Pendragon veio bem antes disso, mas não o conhecia). Desde então passei a apreciar cada vez mais se tipo de sistema, que tem como uma de suas principais qualidades, penso eu, dar subsidio pra conflitos e dilemas pessoais, algo que gosto bastante de ver nos jogos - temas de corrupção ala terra media, dilemas éticos, traições, etc.

Um jogo recente que fez isso muitissimo bem, alias, foi The One Ring. Recomendo fortemente pra quem curte esse tipo de coisa. E eh legal ver como ele consegue delegar o combate para "apenas mais uma mecânica" em meio a outras igualmente importantes, ao invés de ser o foco do sistema como eh a tendência geral na industria.
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Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #5 Online: Julho 23, 2012, 12:17:48 pm »
Estava vendo o twitter do pessoal da Devir falando sobre a tradução do One Ring, aliás.

Começa com uma série de elogios ao jogo, como ele é lindo, como a arte é incrível, como os dados são legais, como os mapas são bonitos... e então diz que vão tentar fazer uma versão econômica do jogo.

"Versão econômica" no Brasil normalmente significa preto e branco e num papel pior.  Se for esse o caminho que vão seguir pra vender aqui, eles vão acabar com a arte do jogo. Que é logo uma das características mais elogiadas dele.
*sarcastic clapping*

Mas o sistema é lindo. Eu só não comecei a mestrar ele ainda porque acho o material do livro básico muito pouco ainda. Sei que o pessoal vai querer jogar com pjs de Rohan e coisas assim e ainda não há suporte pra isso.
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Offline Macnol

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Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #6 Online: Julho 23, 2012, 12:42:26 pm »
Belo tópico, Silva. Já tá na página inicial. :)

Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #7 Online: Julho 23, 2012, 12:59:41 pm »
Citar
Um jogo recente que fez isso muitissimo bem, alias, foi The One Ring. Recomendo fortemente pra quem curte esse tipo de coisa. E eh legal ver como ele consegue delegar o combate para "apenas mais uma mecânica" em meio a outras igualmente importantes, ao invés de ser o foco do sistema como eh a tendência geral na industria

Esse jogo é lindo, não só sua arte, mas a mecânica é fantástica é muito fácil mestrar nele. Mestrei uma aventura one-shot. Foi ótima, jogadores iniciantes e veteranos adoraram.

Mas como jogador de 4e tenho que dizer que a primeira coisa que fiz foi adicionar algumas outras ações extras no combate pra cada stance.

Citar
Mas o sistema é lindo. Eu só não comecei a mestrar ele ainda porque acho o material do livro básico muito pouco ainda. Sei que o pessoal vai querer jogar com pjs de Rohan e coisas assim e ainda não há suporte pra isso.

Eu sugiro que mestre mesmo assim, Dale e Mirkwood possuem muitas possibilidades maneiras de aventura e num estilo bem diferente de uma aventura mais cosmopolita de Gondor e até certo ponto Rohan.

Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #8 Online: Julho 23, 2012, 03:01:33 pm »
O sistema é mesmo muito bom. Eu devo começar uma campanha de Deadlands nos próximos meses, mas quero fazer uma de One Ring em algum ponto ano que vem.

Eu me admirei como eles conseguiram costurar tanto as mecânicas. Tudo interage entre si, tudo reforça o conceito do cenário e mesmo coisas que normalmente são inúteis em outros jogos (como Cantar ou Poesia), tem sua importância.
« Última modificação: Julho 23, 2012, 03:04:14 pm por kimble »
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Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #9 Online: Julho 23, 2012, 03:16:55 pm »
Só dando mais informações sobre o Shadows of Esteren: cheguei a pesquisar o preço da edição original (francesa). Caso o dólar se mantenha por volta de R$ 2,00, não haverá muita diferença nos preços finais. Então, se vc prefere ler em inglês, é uma boa a iniciativa linkada pelo Silva. EDIT: Lógico que há uma grande diferença de preço (e que eu tinha esquecido): neste link, é o preço de "capa do livro". Não inclui despesas de manuseio e envio. O que não ocorre no projeto do kickstarter, que já inclui estas despesas na cota que vc comprar. Então, este último sai mais barato. My bad.

PS: O link da Amazon.fr acima também dá ideia de quais livros foram lançados até agora pro jogo (embora não tenha achado nenhuma referência ao 'Loch Varn' - não sei se é exclusivo pra tradução para o inglês).
PPS: A edição em francês tá tranquila de ler também. "Achei" um pdf do Prólogo do cenário e não me pareceu muito difícil não.
« Última modificação: Julho 23, 2012, 03:21:57 pm por Bispo »

Offline VA

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Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #10 Online: Julho 23, 2012, 03:47:30 pm »
"Versão econômica" no Brasil normalmente significa preto e branco e num papel pior.  Se for esse o caminho que vão seguir pra vender aqui, eles vão acabar com a arte do jogo. Que é logo uma das características mais elogiadas dele.
*sarcastic clapping*

Não tenho problema com versões econômicas. Acho que o mercado brasileiro não tem uma base forte o bastante para se manter só com versões de luxo. Acho que deveriam, sim, imprimir edições de luxo limitadas. Mas fazer livros só baseados nela é chato, tem gente que não quer gastar tanta grana.

Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #11 Online: Julho 23, 2012, 04:01:09 pm »
- O quê ? Esse jogo foi lançado em 1978, na época do velho d&d ?
- Sim.
- Então deve ser uma bosta completa, certo?
- Defina “bosta completa”.
- Ah sei lá..  complexo pra cacete, dezenas de dados diferentes, raças como classes, Thac0, e tabelas pra todos os lados ?
- Não.
- Bom, então deve ser algo genérico como Gurps, tão sem gosto que dá vontade de abrir o livro e jogar sal e ketchup em cima ?
- Também não.
- Ok, ultima tentativa: é daqueles sistemas que não usa dados, mas sim obras de artistas famosos que você tem que olhar e interpretar de acordo com a situação ? Coisa de viado enrustido de rpgista ou vice-versa?
- Ah, vai tomar no seu **.
- Que isso rapá, olha o respeito!
- Respeito nada, você sempre arruma desculpa pra falar mal dos indie.
- Ok, foquemos no objetivo: fala logo que porra de jogo é esse!
- É Runequest 6.
- .... e ?
- E daí que é a edição mais nova de um sistema com mais de 30 anos de idade, que não contem nenhuma das aberrações que você citou acima, e a cada nova iteração.. 
- Ah pára! Agora tu vai falar que ele é o melhor do mundo em alguma coisa, ou pelo menos melhor do que D&D! Deixa de ser escrotinho, tudo seu é o melhor. Desce desse pedestal, cara.
- Agora tu pareceu o Madruga falando.
- Tá, o que esse jogo tem de interessante, pra fazer a galera perder tempo lendo isso ?
- Olhe ao redor. Os caras tão vivendo de máfias e prévia de D&D Next por aqui, bicho. Qualquer novidade é bem vinda.
- Ihh, é verdade. E o Kimble vai agradecer né, afinal a criatividade dele pra novos títulos tá acabando!
- E não é ?
- Ah, então manda o papo, negão!!





Imagine se Gurps tivesse gosto, sabor. E se esse sabor fosse o sabor de civilizações antigas, de pés-de-sandália, espadas largas, deuses e sangue. Sabor de celtas, germânicos, persas, babilônicos, sumérios, assírios, atlanteanos e lemúrios. Sabor de Eddas, Mabinogi, Illíada, Épicos de Gilgamesh, e Épicos de Howard e Lovecraft. Agora imagine isso num sistema mais simples, e mais "orgânico", onde a construção do personagem não se parece com uma equação matemática fria e sem graça, mas sim onde se pondera entre opções de cultura, comunidade, familia, carreira, paixões, etc. onde o que o indivíduo é, e sua posição na sociedade, vem na frente do quanto de dano ele faz com aquela lança. E pra concluir: imagine que deuses e magia realmente existem nesse jogo. Mas existem da mesma forma que "existem" hoje - quando você reza um "pai-nosso" pra ter sorte naquele exame final, ou dá 3 pulinhos quando entra em campo pra não fazer feio na pelada com os amigos - e que existiam também para o cidadão médio e supersticioso da era do ferro e do bronze (a diferença é que no jogo as superstições têm efeitos realmente concretos, ou seja, o jogo entende que isso *é* magia, e funciona de fato).

(se tá com preguiça de ler, essa é a hora de pular pro TL;DR ali embaixo )


A criação de personagem é como um mini-game: primeiro você escolhe sua idade inicial, o que vai determinar o máximo de pts que você tem pra distribuir (e penalidades físicas, se couber). Então escolhe sua cultura dentre 4 possíveis (Primitiva, Nomádica, Bárbara ou Civilizada). Cada uma dessas te permite selecionar um pacote de skills distinto (ex: alfabetismo e contabilidade não existe para a Primitiva, Caça e Pesca não é enfatizada na Civilizada), classe social, e tipos de magia, das quais existem 5 tipos: 

1. "Folk" magic, são os pequenos encantos e "cantigas da vovó" - dar 3 socos na madeira pra espantar espíritos, ou falar o nome de um espírito 3 vezes na frente de um espelho à meia-noite pra invocar um. Esse tipo de spell é o único que todo mundo pode ter, independente de ser ou não devoto de um culto ou religião formal, e independente de cultura (apesar de a cultura Civilizada discriminar esse tipo de prática). Inclusive a tabela abaixo dá exemplos dos spells mais comuns utilizados por diferentes ocupações:

(click to show/hide)

2. Animismo: magia baseada em interação com espíritos (comunicar, conjurar, apaziguar, etc). É preciso ser iniciado em alguma prática shamânica para ter acesso a esse tipo de magia. Todas os tipos de culturas podem ter acesso a esse tipo de magia, mas ela é mais comum na Primitiva e Nomádica.

3. Misticismo: magia baseada em meditação e mentalização (você ganha pontos através de meditação que podem ser usados no decorrer do dia para adquirir vantagens e bonus em diversas técnicas e atividades). É preciso ser iniciado em alguma prática ou ordem mística para ter acesso a esse tipo de magia. Todas os tipos de cultura têm acesso a esse tipo de magia, à exceção da Primitiva.

4. Teísmo: magia baseada em milagres e dádivas divinas. Requer que o praticante seja iniciado em algum culto de alguma divindade. Presente em todas as culturas, exceto na Primitiva.

5. Feitiçaria: magia baseada em fórmulas e conhecimento exotérico, e manifestada através de spells. Por padrão, apenas a cultura Civilizada pode ter acesso a esse tipo de magia.

Depois faz-se escolhas relacionadas à suas paixões (você escolhe 3, e elas vão dar bônus toda vez que você fizer algo que as coloque em jogo), à comunidade (sua família e o quão influente esta é, se você é casado ou não, se tem filhos ou não, seus contatos, etc. ) e finalmente à sua carreira - cada personagem precisa ter uma profissião ligada à sua cultura. O personagem não precisa necessariamente permanecer naquela profissão uma vez o jogo tenha iniciado, mas ela é importante pois vai influenciar fortemente as capacidades iniciais do personagem. A tabela abaixo mostra as carreiras disponíveis por cultura:

(click to show/hide)

O aprimoramento do personagem se dá de duas formas: através da utilização das skills durante o próprio jogo (cada vez que você tem sucesso ou falha crítica, aumenta o nível da skill), ou usando pontos de experiência que você ganha de diversas formas, ao final das sessões. O combate é baseado em diferença de margem de sucessos (o jogo usa uma mecânica de percentil), usando um sistema de dano por localidade. Nesse ponto ele cheira muito forte a jogos dos anos 80, com um detalhismo, e meu ver, exagerado. Taí algo que eu simplificaria ao máximo. Mas ele até tem um twist interessante: ao invés de você anunciar manobras especiais e isso resultar em penalidades na rolagem e efeitos extras no seu ataque, aqui é o inverso - você primeiro rola seu ataque e, dependendo da margem de sucesso, pode ou não escolher manobras especiais, cada uma dando um efeito diferente para o ataque. Ainda não vi isso em ação, por isso ainda não tenho uma opinião formada. Mas de cara vejo uma vantagem: agilizar o combate. Afinal, se você não precisa calcular penalidades na hora da rolagem, e sim aplicar os efeitos somente depois (de acordo com a margem obtida), a coisa tende a fluir mais rápido.


TL;DR:

Runequest é um jogo de fantasia universal e simulacionista que prova que algo universal e simulacionista não precisa ser desprovido de sabor. Pra quem gosta de realismo, verossimilhança antropológica e um ar mítico e lendário forte, esse é o jogo. Sou suspeito pra falar, já que comigo foi amor a primeira vista, mas considero esse o melhor jogo de fantasia pra quem gosta de realismo. A 6ª edição foi recém-lançada e pode ser obtida num pacote livro+pdf daqui. Eu prometi a mim mesmo que nunca mais pegaria jogos com crunch médio-pesado, mas esse foi irresistível.


P.S: uma coisa legal em Runequest é a forma como ele trata sua magia, permeando o dia-a-dia da sociedade de um modo coerente e orgânico, ao invés de ser só um tipo de armamento especial usado por um tipo de combatente especial, e que parece não ter implicação nenhuma fora do combate, como é o caso de jogos no estilo D&D.

P.S²: outra coisa legal é ver o que um sistema que foi desenvolvido lá no final dos ´70 (praticamente junto com OD&D) se tornou depois de várias edições que apenas refinaram suas regras e premissa original, ao invés de alterá-las significativamente a ponto de se fragmentar como foi o caso de D&D. 
 
« Última modificação: Julho 23, 2012, 05:34:45 pm por silva »
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Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #12 Online: Julho 23, 2012, 06:15:15 pm »
Duas coisas,

1) Eu tenho uma lista com 100 títulos pra artigos de DnD Next;
2) O Runequest é um jogo do qual eu sempre ouvir falar, mas não sei pq nunca fui atrás. Acho que por já esperar sempre a mesma coisa de jogos de fantasia e pela idade dele, não achava que ia ver algo interessante. Vou dar uma olhada.
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Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #13 Online: Outubro 08, 2012, 01:23:26 am »
Saiu o novo Iron Kingdoms.

Alguem já conseguir dar uma olhada, pra falar mais pra gente ?
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Re:Enquanto isso, no mundo lá fora...
« Resposta #14 Online: Outubro 08, 2012, 02:27:32 am »
Eu ainda estou lendo essa joça (e agradecendo por ter minhas miniaturas de D&DM comigo), então o que posso colocar aqui são impressões de alguém que gosta de Iron Kingdoms desde seu lançamento, não se interessa nenhum pouco por Warmachine e quer dar alguma chance para IKRPG.

1. O livro é muito bonito, mas reutiliza arte de todos os livros anteriores, só que colorida agora.

2. Ele é literalmente feito pensando em conjunto com Warmachine. Não só muito da mecânica parece que foi importada de Warmachine quanto muito da terminologia do Wargame foi extendida ao RPG.

3. Para minha surpresa, a descrição do cenário impera nos 100 primeiras páginas, sem praticamente menção ao regras de forma direta. E é um resumo bem feito do que constava no IKCG e IKWG - e atualiza o cenário para o que aconteceu em Warmachine, a porção que não me interessa.

4. Há bastante escolhas e variedade em construir seu personagem, embora é óbvio que existem um monte de possíveis traps ali - você escolhe a sua Raça, o seu Arquétipo (relativamente similar ao "Role" de D&D 4e), suas duas Careers (Relativamente similares à Classes de D&D) e o seu estilo de Adventuring Company (que diz como o grupo se uniu e como esperam que o jogo aconteça).

4.1 - Raças definem praticamente todos os atributos do personagem, que geralmente variam de 1-7, além dos limites que seu atributo podem atingir de acordo com seu "Grau de Poder" (Tiers, da 4e).

Pessoalmente, eu não gostei nenhum pouco da forma como raças são usadas nesse RPG - não há quase como customizar (Pela RAW) os seus atributos raciais. Além disso, há alguns limites idiotas quando a Raças e Arquétipos, como é impossível ser um Ogrun Priest, porque eles não tem acesso ao Arquétipo Gifted (Como, Deuses? Eles só não podiam acessar magia arcana, mas agora a divina está no mesmo pacote) e Nyss não podem ser Intellectuals (Claro, não existem Nyss inteligentes... Jeez).

4.2 - Arquétipos são 4:
4.2.1 Gifted - Sem esse arquétipo, você não usa Magia e não tem o atributo Arcane
4.2.2 Skilled - Ágil, mestre em combate em movimento, já vem com um ataque extra default - o que meu sexto sentido já acusa de "Oh, facilmente abusável".
4.2.3 Mighty - Fortão, habilidades de excelência física
4.2.4 Intellectual - Uma mistura de gênio com mestre em combate e buffing.

Salvo a ideia idiota de limitar alguns arquétipos a certas raças, a execução do arquétipo é boa - eles dão acesso a algumas habilidades temáticas e que pode-se esperar de qualquer Career.

4.3 - Careers são as "Classes" do sistema, dando acesso a algumas perícias iniciais, mostrando quais perícias de combate e não-combate que a classe tem e também indicando as habilidades iniciais e que o personagem pode comprar posteriormente (as habilidades tem um formato bem similar aos talentos de D&D 3e-4e).

Não tenho muito a reclamar aqui, o personagem já começa com duas Careers, que permite uma mistura bem considerável de habilidades de começo - mas existem diversas estranhezas aqui, como Careers que são específicas demais (Iron Fang, Trencher e cia - Careers que representam unidades de elite de algum Reino) enquanto outras são muito abertas (Man-at-Arms), enquanto outras tem limitações bobas (como só existem Knights Humanos e Iosanos? Como só existem Aristocrats Humanos?).

E o Warcaster é obviamente quebrado e muito acima de poderio que outras classes. Pense em um Mago de Armadura que pode começar com um Gigante de Metal como Familiar e você verá o poder que ele tem - e não é difícil conseguir 5 ataques com ele logo de começo, só que aí você terá que ter um 'Jack mais fraco.

4.4 - Adventuring Companies (como "Grupo Mercenário", "Piratas", "Agentes do Reino", "Investigadores Intrépidos") são uma boa sacada para resolver o problema de "Grupos bem Disformes", já que providenciam um background comum e algumas perícias ou habilidades para que cada personagem dela possa fazer o que se espera no estilo de jogo escolhido.

5. Agora, estou lendo o capítulo de Habilidades/Abilities (já lidas, mas eu preciso reler para avaliar melhor isso), Progressão (Todas personagens recebem poderes, magias, perícias e cia na mesma tabela de progressão) e Perícias.

Escrevo mais quando acabar o livro e lembrar de escrever aqui. Lembrem-se que são impressões e do meu viés óbvio, por enquanto.
« Última modificação: Outubro 08, 2012, 02:34:24 am por Dr. Strangelove »