Em tempos nos quais uma nova edição de DnD desponta no horizonte, é natural que o conceito de
Classe seja debatido. Vide as discussões a respeito espalhadas nos tópicos da própria Spell.
A versão mais recente do jogo, a linha
Essentials, define
Classe como
Your character's class is a profession or vocation. It determines the kind of adventurer you can become and the types of things you can do in the game
Classe seria, então, uma profissionalização de um personagem, ou o atendimento a uma vocação interna dele. São estes quadros que conferem ao personagem as características que o incluem dentro do mundo de jogo, fazendo com que se assemelhe a uns tipos e divirja de outros.
Para além disso, há junção de um outro conceito importante para o sistema, o de
Papel. Segundo o mesmo livro,
Papel seria
[...] The main job your character does when the adventuring group is in combat [...] Roles mostly serve as handy tools for buildings adventuring groups
.
Então, atachado ao conceito de
Classe está outro conceito que é o de
Papel, cuja função primária é servir como referência para a composição de grupos. Num jogo que preza pela cooperação - num certo nível exagerado até - como é DnD 4E, nada de mais normal.
Um outro conceito introduzido no jogo, que ganhou certa popularidade entre os fãs do sistema, é o de
Tema. De acordo com o
Dark Sun Campaign Setting, onde o conceito estreiou, temos
A theme is a career, calling, or archetype that might include characters of several different classes and roles [...] A theme describes how and why your character became a hero
.
Não penso que exista uma contradição entre
Classe e
Tema, mas sim que seus limites não são muito bem definidos. Se a razão de existência de ambos é dar sentido mecânico ao se "tornar herói", o que os justifica? Penso que a resposta esteja no "tempo", ou melhor, no conceito de
Nível: o
Tema se aplicaria ao que representa o nível 1 na "vida" do personagem, e a
Classe no decorrer dos futuros níveis que ele terá. (A interrelação entre ambos é justifável apesar da distância das Linhas do jogo, pois no PHB original já se caracterizava a
Classe como uma profissão e/ou vocação).
Mas num sistema
DnD-like que abdica dos níveis, existiria algum lugar para
Classe?
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Versão tl;dr = Num jogo que tem como base o
d20 system, mas que não faz uso de níveis, para quê ter
Classe?
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Tenho dois motivos para esta questão. O primeiro é que tanto
Classe quanto
Nível como elementos estruturadores do sistema, penso eu, são muito limitantes, no sentido de que a matriz classe-nível e suas implicações restringem a elaboração de personagens. Por exemplo, pensando em DnD 4e: ao mesmo tempo que a
Classe determina o que é possível que cada personagem faça, num pacote pré-estabelecido, o
Nível determina quando estas habilidades são adquiridas. Não é uma questão de "poder" simplesmente, e sim de limitação: meu guerreiro não pode aprender a conjurar uma bola de fogo porque, bem, a vocação dele é ser uma homem de armas.
O segundo motivo é que estou ajudando a montar um sistema caseiro de regras - caseiro mesmo, para atender somente as necessidades do meu grupo - e, após jogar
The Elders Scrolls V: Skyrim, fiquei pensando o por quê de não implodir o sistema de classes. (A preferência por DnD é somente por termos maior familiaridade com o sistema).