Por nostalgia de um outro jogador do meu grupo que reveza o cargo de mestre comigo e por curiosidade "histórica" de conhecer o sistema do resto de nós, meu grupo está jogando algumas sessões de AD&D.
Vou dividir minhas observações em pontos, para ficar mais clara, e falar de uma coisa em cada tópico:
Interpretação e a mecânica
Em AD&D, devido ao elevado grau de mortalidade, regras confusas e falta de opções mecânicas para os personagens, o que resta é gastar o tempo de jogo com interpretação.
Essa afirmação pode ser preconceituosa, mas é o que temos sentido nos jogos.
Claro que depois de passarmos pela 3.X e pela 4e, além de outros sistemas, nossa concepção do que um jogo deve oferecer é diferente da que tinha um jogadores na época em que o AD&D estava no auge.
No combate, principalmente em níveis baixos, a chance de morrer é a maior que já vi entre todos os sistemas que joguei, e não foram poucos. É tamanha que me fez até rever o desejo de uma 5e mais mortífera, por medo de os design voltarem à concepção desta época.
Como a chance de morrer é alta, o grupo tenta evitar os combates, seja fugindo e interpretando formas de evitar os monstros ou mesmo negociando com eles, algo que era quase inexistente na 3.X e na 4e nunca vi acontecer, exceto se o adversário tivesse algo específico para ser negociado.
Muitos podem achar isso uma vantagem, mas pra mim se o aventureiro deve fugir e temer todos a ameaças que encontrar, que não sai de casa!
Não sei se esta experiencia muda nos níveis mais altos, mas de maneira alguma esta forma torta e forçada de "interpretação" é boa para o jogo.
Quanto às opções mecânicas fora do combate, o jogo oferece um bom leque de perícias, apesar de você ser tão bom nelas no 1º quanto no 10º, já que elas se baseam nos seus atributos, que só se elevam com itens mágicos ou muita boa vontade do mestre. Mas como as dificuldades se baseam no próprio atributo, pelo menos não piora com o passar do tempo.
Senti falta na verdade foram de perícias sociais, pois por mais que eu goste de interpretar, nunca vou alcançar a inteligência 18 do meu personagem, nem meu amigo o carisma 18 do paladino dele, então rolar os dados para ver o quão bem meu personagem foi, e depois interpretar o resultado, é algo que falta no sistema.
E pelo que soube lendo na net e por este meu amigo que jogava AD&D na época, era rarrissimo o mestre que permitisse uma rolagem de carisma para substituir ou mesmo subsidiar a interpretação social. Mais por falta de costume do que por birra segundo ele.
Por fim, que fique claro que eu não acho que as edições seguintes, 3.X e 4e podaram a interpretação. O que eu tenho cada vez mais certeza é que por serem sistemas mais polidos e nos quais o combate flui melhor, as batalhas e as ações mecânicas tomaram mais tempo em cada sessão, o que pode gerar a falsa impressão dos antigos jogadores que a interpretação diminuiu ou mesmo desapareceu.
Mas também não acho que as "novas" edições incentivaram a interpretação.
Enfim, por enquanto é isso.