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RELIGION
O livro explica que religião é importante, mas conflitos religiosos raramente fazem parte de histórias envolvendo o Rei Arthur. Além disso, conflitos pessoais assim podem gerar todo tipo de problema num grupo.
Tá tudo bem até aí. O parágrafo seguinte é que achei curioso:
In general, players have a wide variety of attitudes about Christianity, ranging from
ignorance and indifference through curiosity and willing acceptance to fanaticism or even
overt hostility. For the latter people, Paganism is provided as an option starting religion for player knights.
Tenho sérias dúvidas sobre a decisão do autor em acreditar que a melhor forma de lidar com pessoas que abominam uma religião a ponto de não conseguirem jogar com um personagem que segue ela (e se mantém indiferente na maior parte do tempo), é fazer o jogador escolher uma outra religião.
A atitude do personagem quanto a religião é medido pelo trait Pious. Personagens com valor superior a 16+ são fanáticos, 15-11 possuem interesse, 10-6 são indiferentes e abaixo de 5 odeiam a religião e muitas vezes atacam e saqueiam propriedades da igreja. A maioria das pessoas são indiferentes, mas considerando que Galahad (o "cavaleiro ideal" em muitas versões) é fanático, provavelmente a melhor situação seja ter 16+. O autor faz questão de definir Thomar Malory, o autor da obra onde o RPG se baseia, como exemplo de cavaleiro com Pious 5 ou inferior.
O livro passa então a tratar com mais detalhes os diferentes tipos de religião. Começando pelo Cristianismo, ele explica como a maioria das pessoas tem um conhecimento limitado sobre a religião e como ela é dividida em dois:
a) Cristianismo Britânico: Trazido para as ilhas com José de Arimatéia, trazido um século depois de Cristo;
b) Cristianismo Romano: Originário e centralizado em Roma.
A essência da religião é igual a de outros lugares no mundo, com algumas alterações:
a) Jesus teria visitado a Inglaterra em algum ponto entre sua infância e idade adulta;
b) Ele teria convivido e ensinado os druidas da região;
c) Esses druidas se tornariam os primeiros cristãos quando José de Arimatéia voltou para a Bretanha anos mais tarde.
Além disso, o livro fala sobre como a Bretanha foi dominada pelos Romanos e seu rei levado para o Senado Romano para falar suas últimas palavras antes de ser executado. Mas aparentemente ele era um bom orador e os senadores ficaram tão impressionados que deixaram ele viver. Ele ficou em Roma, sem poder retornar a Bretanha, mas seus parentes (já convertidos) retornaram para difundir a nova religião.
Então é explicado a história do Imperador Constantinus. Nascido Bretão, ele era filho de um imperador romano morto pelos inimigos. Ele foi coroado imperador e foi aos poucos recuperando o império do pai. Inicialmente ele não era cristão, seguindo o Sol Invictus. Essa religião tentava absorver diversas seitas pagãs, apesar do autor não explicar direito acredito que fosse alguma forma de sincronismo religioso.
Constantinus teria se convertido depois de ver um sinal nos céus e ter feito uma promessa que iria virar cristão se vencesse a batalha de Milvian Bridge. Ele venceu e se tornou cristão (mas só foi batizado no leito de morte, anos depois).
Rapidamente ele passou a usar da igreja para ajudar a administrar seu império, o que foi tornando ela cada vez mais importante. Como a igreja romana também não era tola, ela se aproveitou disso para mudar o lema "Um Deus, Uma Igreja" usado pelos cristãos em geral para "Um Deus, Uma Igreja e Um Bispo", significando que somente a variante cristã profetizada pelos romanos era a verdadeira.
É importante lembrar que na época não existia O cristianismo, mas dezenas de seitas e variações do cristianismo. E que a Igreja Romana resolveu utilizar dessa validação por Constantinus para perseguir as "seitas hereges".
Assim, a Bretanha é dividida entre as duas formas de cristianismo, com a Igreja Romana tentando extinguir a Bretã.
FUN TIMES!
Existem várias diferenças entre as igrejas, mas a principal é que o Cristianismo Bretão é muito influenciado por antigas crenças druídicas. Assim, monastérios são associados a uma tribo ou clã e bispos são apontados pelos reis. E o dia da Páscoa varia para cada tipo de cristianismo, o que pode parecer pouco importante inicialmente, mas esse era considerado o evento religioso anual mais importante para as duas religiões. Logo, esse se torna outro ponto de atrito.
Para evitar ser polêmico, o autor oferece duas visões para a Igreja nesse período. Uma positiva, considerando que ela trouxe muitos benefícios para a sociedade, e outra negativa, considerando que ela só trouxe malefícios.
Sobre o conflito entre preceitos religiosos e a guerra, o livro apresenta 3 doutrinas que os cavaleiros deveriam seguir:
THE PEACE AND TRUCE OF GODEla dizia que os religiosos, camponeses e comerciantes deviam ser protegidos, assim como suas propriedades. Ela também dizia que entre o pôr-do-sol de sexta-feira e o nascer do sol na segunda, assim como em feriados religiosos, qualquer tipo de combate deveria ser evitado. E que após o fim de uma guerra o cavaleiro deveria fazer penitência para expulgar seus pecados.
Obviamente, ninguém dava a mínima pra isso. O autor sugere que personagens que tentem seguir isso sejam recompensados com rolagens de experiência.
JUST WARResumidamente, o que importa durante uma guerra é o que você tem no seu coração. Se você ama seu inimigo, matar não é pecado.
Não, não é piada. A frase exata do livro:
If they love their enemies as they slaughter them, anything is excusable.
E os outros povos é que são bárbaros
Para uma guerra ser considerada Justa, ela tem que atender alguns critérios aprovados pela igreja:
1) Sua causa é justa? Em caso de resposta dúbia, muitos nobres pagavam filósofos e teólogos para criar justificativas para suas causas.
2) Todas as outras formas pacíficas de resolver isso foram tentadas? Guerra é a última opção.
3) A guerra foi declarada por uma autoridade legítima? Normalmente reis, duques, bispos, etc.
4) A guerra será travada de forma honrada? Vide The Peace and Truce of God.
5) A guerra irá trazer danos menores do que a causa que a originou?
6) O sucesso é provável? Como a vitória tem origem divina, se ela não for garantida ou provável é porque a guerra não é Justa.
CRUSADESCruzadas eram guerras iniciadas pela igreja para recuperar a Terra Santa. A Igreja considerava isso útil pois fazia os nobres pararem de lutar entre si por algum tempo. E os nobres achavam isso útil porque era uma forma fácil de se livrar de vassalos problemáticos (*selo CKII de veracidade histórica nisso*).
Como é uma causa religiosa, certas coisas mudam. Primeiro, o cruzado é perdoado de pecados anteriores e futuros que venha cometer durante a guerra. Isso porque nada é pecado quando é feito contra um pagão.
Furthermore, dishonorable means are excusable against unbelievers. (A holy war exempts men from ordinary morality.)
O jogo então trata de cavaleiros malignos, passando as virtudes que eles devem seguir:
Evil (Anti-Christian) Virtues: Vengeful, Selfish, Deceitful, Cruel, Suspicious. Enfatizando o lado simulacionista do negócio (porque, ei, esse capítulo foi quase só descritivo) para ser realmente considerado MAU você precisa ter 80 ou mais pontos nas virtudes malignas. Caso contrário, você só é... meio antipático?
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