Fundada há quase 1 milênio atrás por Galifar ir’Wynarn I, um conquistador de origem karnnathi, o Reino de Galifar foi por um longo período de tempo a única grande unidade política no continente de Khorvaire (embora certas áreas como Droaam, Q’Barra e os Ermos Demoníacos nunca estiveram sob efetivo controle de Galifar). Essa unidade era assegurada por um códice legal unificado (Código de Galifar), uma religião comum (Hoste Soberana), um idioma comum (Galifariano), algumas instituições básicas e as Casas Marcadas pelo Dragão (que detinham privilégios legais, mas também eram limitadas pelo Decretos de Korth).
Esses aspectos que mantinham a unidade do Reino de Galifar foram bastante duradouros, mas diversas divergências e rachaduras existiam abaixo do cosmopolitismo desse Reino. Diferentes regiões mantinham culturas políticas distintas (do parlamentarismo nascente em Breland à autocracia karnnathi), novas crenças se espalhavam em outras regiões, as elites nobiliárquicas eram majoritariamente humanas e não representavam interesses de outras raças. De todos esses possíveis estopins para uma cisão em Galifar, é surpreendente que a causa primária surgiu no coração do Reino - na própria família real.
Devido à tradição iniciada por Galifar I, os herdeiros e herdeiras mais próximos do atual Rei (da família Wynarn) governavam as cinco maiores regiões do Reino com o primogênito e tradicional sucessor sendo o responsável por Cyre.
Quando o Rei Jarot ir'Wynarn morreu, não foi assim que ocorreu.
Sua herdeira seria a Princesa Mishann de Cyre, mas por uma série de motivos, três dos possíveis herdeiros ao Trono de Galifar liderados pelo Príncipe (e posteriormente autodeclarado Rei) Thalin de Thrane recusaram aceitar sua ascensão, e Mishann tinha apenas o suporte do Príncipe Wrogar de Aundair. Desse conflito pelo trono de Galifar começou a
Guerra dos Tronos, digo, a
Última Guerra.
Como não desejo incomodar a horda de entusiastas da pornochanchada da HBO que podem encontrar spoilers mesmo em uma analogia, não descreverei em detalhes a Última Guerra. Mais importante do que o século de conflitos e paz armada são as consequência dessa Guerra.
A mais importante dela é a
desintegração política de Galifar, que se separou em
Cinco Nações que durante esse século se fragmentaram em mais
8 Territórios Soberanos reconhecidos pelo Tratado de Thronehold, formando 12 unidades políticas independentes que existem hoje em Khorvaire.
Mapa Político de Khorvaire, pós-Última GuerraAs Cinco Nações são: Cyre, Thrane, Breland, Karrnath e Aundair, habitadas majoritariamente por humanos que herdaram a maior parte do legado do Reino de Galifar. Os Territórios Soberanos, que originalmente eram partes de alguma das Cinco Nações e que se tornaram independentes durante a Última Guerra(descreverei majoritariamente em ordem cronológica):
As
Fortalezas de Mror se separaram de Karrnath logo no começo da Última Guerra, quando Karrnath estava enfraquecida após suas derrotas para Aundair e Thrane e Kaius I tornou o Sangue de Vol a religião oficial da nação. Nesse momento, os anões de Mror aproveitaram para declarar sua independência, que foi garantida e reconhecida por outras nações interessadas tanto em enfraquecer Karrnath quanto comerciar com Mror.
O
Reino de Q’Barra tem uma origem interessante – nativos de Cyre, que se opunham à Ultima Guerra imigraram para as terras praticamente inabitadas no extremo leste de Cyre e declararam sua independência. Durante a Guerra, esse pequeno reino foi colonizado por pessoas de diversas nacionalidades buscando se distanciar dos conflitos. Mal sabiam eles que Q’Barra já era ocupada e tem seus próprios perigos.
Invasão de Metrol - Um ótimo motivo para abandonar sua nação e morar uma uma floresta infestada de seres lagartilianosValenar e
Darguun tem origens bastante similares. Ambas surgiram grupos mercenários (elfos e hobgoblins, respectivamente) que lutaram durante a Última Guerra, se uniram sob a bandeira de um líder carismático (Haruuc e Vadallia) e declaram a ocupação de territórios de Cyre que pertenceram a um glorioso império do passado de tais raças (Dhakaan para os goblinoides, Valenar para os para os Elfos da cultura Valaes Tairn). Mesmo como nações independentes, ambas continuaram servindo como mercenárias durante a Última Guerra.
Inspirada pela ação dos elfos de Valenar contra Cyre, os druidas do secto dos Guardiões da Floresta incitaram uma aliança de nativos da Floresta de Eldeen para sua autoproteção, já que criminosos abundavam nessa região. Essa aliança rapidamente evoluiu em um movimento de independência que enfrentou forte resistência de Aundair, mas que teve triunfo devido aos diversos conflitos que Aundair enfrentava, assim como sua pouca prática em guerra florestal. Assim se originaram as
Fronteiras de Eldeen.
Zilargo ocupava uma curiosa condição – ela era um território ocupado por Galifar e sob sua proteção, mas não formalmente incorporada e anexada por ela. Com a Última Guerra, Zilargo declarou uma neutralidade digna da Suíça na II Guerra Mundial – até que passou a suportar Breland em uma aliança que garantiu o reconhecimento de sua independência.
Os
Principados de Lhazaar utilizaram uma estratégia similar à Zilargo – como as ilhas que formam esse arquipélago eram subordinadas à Galifar, mas não a nenhuma das Cinco Nações, os príncipes marítimos de Lhazaar mantiveram relativa neutralidade (eles guerrearam mais entre si do que com outros povos durante a Última Guerra), oferecendo seus serviços como corsários, mercenários e comerciantes, protegidos indiretamente das Cinco Nações por Mror. Devido a sua longa independência de facto, os Principados foram reconhecidos como território soberano na assinatura do Tratado de Thronehold.
Ele tem uma oferta que vocês não podem recusar, Nações de Galifar.
Por fim, as
Planícies de Talenta foram parte dos campos de guerra entre as Cinco Nações, mas enquanto outros povos guerreavam nesse território, os halflings nativos geralmente fugiam de uma guerra que viam como majoritariamente humana (e élfica, devido à predileção dos Valenar em usar esse território como “campo de treino”). Com os conflitos, as tribos halflings passaram a se unir e apresentaram um representante comum no Tratado de Thronehold, que reconheceu a soberania dos halflings nesse território.
Como podem notar, há algo de estranho na conta em que 5 Nações e 8 Territórios Soberanos foram 12 Unidades Independentes. Leitores mais atenciosos notaram que embora eu tenha escrito sobre os antecedentes e as consequências políticas da Última Guerra, eu não mencionei o que causou o fim da guerra em si. Isso ficará para o próximo texto, sobre as mudanças nas Cinco Nações e o Dia dos Lamentos.