Na minha experiência, tem uma diferença muito grande na forma que eram vistos os "roles" na hora de montar um grupo na 3e e na 4e.
3e: "Vamos precisar de pelo menos um healer, um cara bom em perícias/relações públicas e um conjurador, o resto é livre"
4e: "Vamos precisar de pelo menos um healer, um tank pra segurar aggro, um DPS e um Controller, o resto é livre"
Agora me diz qual das duas é mais parecida com
WoW: "Vamos precisar de pelo menos um healer, um tank pra segurar aggro e o resto é DPS com Crowd Control".
...e repete pra mim que vocês não entendem, mesmo, por quê a 4e chegou PEDINDO pra ser comparada com MMO.
Eltor, tu vem me dizer aqui que o problema do D&D 4e "pedir" pra ser comparado com WoW é só porque tem o tanker e o DPS que, supostamente, não existiam na 3e? Sério?
A novidade: na 3e existiam tankers. Mas, como os caras adoram magos e não guerreiros, esqueceram-se de ver que ter PV's e CA altos não são mecânicas suficientes para o cara se sentir protegendo o grupo. A 4e oficializou o defensor com mais mecânicas que o caracterizassem.
O DPS sim é uma "novidade". Primeiro porque, como a 3e era um jogo orientado a indivíduos, não ao grupo, supostamente, uma classe boa era aquela que conseguia se virar sozinha na maior parte dos casos. Então todo mundo deveria fazer dano. Uma classe que fizesse dano de mais seria "oh meu Deus, que apelão!!!!", mesmo assim, o ladino já era algo bem striker. Eles só pegaram o conceito da classe, viram esse lance de "sneak attack" (AKA bônus de dano striker), aplicaram ao ranger esse conceito (que já tava deixando há tempos essa de disputar com o guerreiro, pra virar mais um "periceiro", um ladino do mato - tanto que no início, era uma pergunta recorrente entre iniciantes para mim sobre "qual a diferença entre o ladino e o ranger") e não esqueceram que arcanos focados em magias de dano em um alvo faziam danos razoáveis. Somando 2+2, surgiram os strikers.
Em resumo, a 4e oficializou a coisa sendo mais explicito do que uma "frasezinha na descrição da classe" e adicionando mecânicas que, longe do "ele tem mais PV e mais CA, então é um tanker", enquadrou de verdade a classe na sua função.
4e tem um modelo de combate que chupinhou um elemento enorme e óbvio de WoW (e outros MMOs), por isso é totalmente previsível que ela fosse comparada com MMOs. É a primeira impressão que o sistema dá, de cara.
O que é a essência assumida do D&D: um Guerreiro, um Ladino, um Clérigo e um Mago.
- O Guerreiro, era aquele cara que iria pra linha de frente, segurava os inimigos perigosos, protegendo os outros (defender);
- O Ladino era aquele cara que desarma armadilhas, ataca sorrateiramente, lutando sujo, acertando os pontos fracos, onde doi mais (striker - ok, a parte de desarmar armadilhas não é algo que todo striker faz, mas é só porque ser "periceiro" deixou de ser uma "função de combate");
- O Clérigo era aquele cara que cura a negada, dá bônus e serve como combatente secundário (nossa, parece um leader);
- O Mago era aquele cara que lança magias de explosão em área, magias de bad status (põe pra dormir, paralisa, controla, atordoa, etc...), e manda magias que vão resolver os problemas que as pessoas não conseguem resolver lutando ou por meios "não-mágicos" (AKA ritual). (E, poxa, não parece o controller que nós conhecemos?)
Pra mim, a única coisa que remete a "oh my god, é um MMORPG" é o fato de a forma como o jogo foi
apresentado não ter sido similar às antigas edições. Tanto na roupagem, como na forma de explicar o jogo. Aí eu encaro uma similaridade com o jogo. Provavelmente, eles acharam por bem criar uma roupagem para o jogo que lembrasse coisas da atualidade que a negada goste. (Er... tipo, WoW).
Em tempo, continuo defendendo que 4e ainda é o mesmo D&D de sempre, a diferença são só as regras que são mais justas (se você é um tanker, você REALMENTE se sente defendendo os outros, por exemplo), mais balanceadas (sem comentários) e que tentam fazer o combate muito mais divertido que o "eu ataco" (idem).
Meu problema com compararem a 4E com MMORPGs é esse: é irrelevante. Não é positivo nem negativo, é neutro. Usar isso como crítica é sem sentido, porque não interfere na qualidade do sistema. Pelo contrário.
Eu concordo. Mas, pra mim, sério, comparar com MMORPG por causa da mecânica de Roles é o mesmo que comparar com as edições passadas de D&D, ou os papéis da mesma forma que eu descrevi aqui não estavam presentes no que eles chamam de essência do sistema? (Eu estou falando conceitualmente, se funcionava, era outra história.)