Dois centavos (ei, dois posts em duas semanas, é um recorde!),
A idéia de não rolar eles admitiram que se inspiraram em Rastro de Cthulhu. É uma pena que eles tentaram copiar a idéia, mas não entenderam o porquê dela ser interessante. O bom da regra do Rastro é que ela é simples, não exige consultas, valoriza a existência de personagens variados e o jogador pode escolher o quanto quer investir nas cenas.
Resumidamente, durante as investigações certas perícias te permitem ter sucesso automático se você possuir as mesmas. Tem Química? Você sabe que tipo de produto químico provocaria aquelas manchas no chão. Tem Biologia? Você sabe que planta é aquela no vaso.
A idéia de dificuldade superada por valor de atributo gera sucesso automático não é ruim. O problema é que:
a) Quando todos tem as mesmas características (Força, etc.) e você tiver um grupo suficientemente similar, isso vai diminuir a capacidade de escolha das ações a serem tomadas. Ou seja, se você tem um grupo formado por personagens que usam de forma primária um conjunto pequeno de atributos, a capacidade deles resolverem problemas diminui. Eu gosto da idéia de incentivar a variação de personagens, mas isso deveria ser feito com a capacidade de escolher no que cada um vai ser bom, não um pacote fechado que me diz que se não tivermos um clérigo do grupo, é bom torcer para não termos que enfrentar testes de Sabedoria;
b) Eles provavelmente vão estabelecer uma tabela geral de dificuldades. Duvido que a granulação das regras seja melhor do que uma tabela para cada atributo, se chegarem a isso. Não me incomoda, mas pro pessoal que queria regras pros diferentes tipos de craft e outras perícias menores e que reclamavam disso na 4e, ela vai continuar sem atender essa necessidade;
c) Ela ignora a capacidade de escolha de investimentos. Em RdC, você pode escolher gastar recursos para melhorar seu sucesso na cena. Isso é uma mecânica interessante, pois esses recursos poderiam ser necessários mais tarde e obriga o jogador a avaliar o quanto quer investir. Além disso, o investimento nessas cenas tem uma resposta automática e certa. Se você gasta os pontos, você recebe algo em troca. Isso evita aquela situação onde o jogador investe um recurso importante e acaba sem ganhar nada por isso. O problema é que isso deve ser muito metagame e 'irrealista' pro pessoal do design e quem eles estão considerando como público-alvo.
Sem contar que poderiam ter ido mais longe. Se não era para atender ao pessoal 'e minha perícia Cozinhar?!?', então fazia logo um sisteminha de perícias mais interessante e menos feijão com arroz.