E outra, que encanação jogador brasileiro tem com a bendita realidade? Vcs não conseguem sentar na mesa, abstrair e jogar apenas sem se preocupar como coisinhas como "poxa, eu tenho um at-will que me permiti acender fogueiras infinitamente, vou abrir uma empresa de fogões mágicos"?
Não acho que seja questão de realismo, mesmo pros 'brasileiros' em geral. Duvido que um reclamaria de falta de realismo numa adaptação de, sei lá, FLCL por exemplo. Ou reclamaria do super-herói sobreviver a um tiro de bala. É mais questão de coesão, proposta, essas coisas. Eu costumo, por exemplo, falar da mal do quão raso e quebrado são certas coisas em 3d&t, não como poder de fogo funciona por exemplo; Só olhar a proposta do jogo, ele foi feito para simular animes e super-sentais e lá se vê coisas como alguém jogar uma bola de papel, a pessoa sofrer como uma porrada... se ela não voar pela parede e para o outro lado da cidade.
Eu também não repararia nisso dos poderes se estivessem com a proposta do jogo. Se o 'cenário/feeling' oficial de d&d falasse em fogões mágicos e clérigos fazendo show de luzes porque podem. Tem sim uma diferença aí, acho que qualquer um consegue reconhecer; Podem
discordar que isso importe tanto assim, simplesmente abstrair e ser feliz, mas aí é de cada um.
Vamos colocar dessa forma... o jogo nem indica que esse tipo de cena é possível. Eu faço uma mesa, uma campanha com dado feeling, totalmente de acordo com o que D&D diz se prestar a fazer. Tem o tom que eu prefiro porque sou o narrador mas ainda é tudo aquilo de heroísmo e ação cinematográfica do d&d. Então estamos jogando esse jogo supostamente não zoado, pessoal tá imerso e de repente... um jogador começa a fazer esse tipo de coisa. Não ia quebrar o clima? Se o jogo ao menos me avisasse dessas partes ou admitisse isso como proposta seria outros quinhentos.
Dando um exemplo, Senhor dos Anéis
O Filme cabe muito bem na 4e; Ele mantém os elementos da história numa versão mais exagerada e cinematográfica, com um legolas deslizando por tromba de elefantes e tal. Eu poderia narrar uma campanha assim com d&d não poderia? D&D me diz que sim, ele me conta que posso pensar em cenários e fazer jogos ao meu estilo... desde que tenha a tal ação heróica vai dar tudo bem... aí temos saltos de raciocínio e brechas que o
sistema totalmente ignora, totalmente viáveis nas regras, e que podem zoar com a proposta da minha campanha. E se eu não quiser que aconteçam vou ter que dar uma de muito chato e entrar com 'por favor, pode parar de usar as regras como elas deixam?'. Não valeu.
Não é só algo fora da proposta do jogo(se fosse eles falariam, vai por mim). Não combina com o resto... o jogo tem esse discurso de heroísmo e cenários sem clérigos discoteca. Ele me diz que o jogo é uma coisa mas permite outras bem distintas. Dá para abstrair? Dá. Dá para abstrair qualquer falha. Dá para abstrair se toda a mesa estiver disposta ao mesmo.
Quem já narrou em mesas variadas sabe que tem jogador de tudo quanto é tipo e alguém pode entrar minando a diversão e imersão de todos. Mesmo jogadores sensatos podem ter seus acessos de 'vou fazer isso para zoar' ou querer abusar das ferramentas que tenham em mãos. A mesa poderia estar tendo um ótimo momento e ser estragado...
Eu... vou confessar uma coisa. Eu estou falando isso porque eu já estive no lado 'vamos zoar'. Eram outros tempos e outra maturidade e eu sempre odiei d&d sabe; E os mesmo debates acalorados do fórum aconteciam entre mim e amigos e conhecidos não tão próximos. E justamente numa dessas que rolou de eu jogar d&d com passe livre para 'tentar quebrar o jogo como eu quisesse' dentro das regras.
O jogo não durou. Tinha gente não se divertindo muito... curiosamente foi mais por eu quebrar a imersão de geral com um personagem genre savvy demais, e ficar apontando inconsistências in-game ao máximo que conseguia sem quebrar a quarta parede. Talvez em outra mesa o pessoal não ligasse, mas que seja. Era terceira edição(3.0) mas a idéia é a mesma.
Me pergunto se o clérigo show de luzes caberia no meu jogo 'LoTR-like'
Nada contra, só acontece que o livro fala que eu poderia narrar jogos assim. ...
Bacana como
você faz Heirot. Bacana como o Nibe faz. Só não venham dizer que é como o sistema faz, que é como ele resole ou propõe. Velho papo de 'não está quebrado se eu sei como consertar'. Podem falar das simples soluções, mas falar que não falta isso no sistema eu vou ter que discordar.