E voltamos a pré-conceitos.
Eu falei em descrições cada vez maiores? Eu falei no modo do Wushu?
É disso que estou falando. Wushu tentou mas teve um problema. O que reclamo é essa atitude, 'Wushu é um exemplo e tinha um problema, então a idéia é errada'. Nope.
Corrida armamentista? Colocar limites. 'Ruim ter que calcular o resultado final da descrição'? Se as regras forem complexas. Não temos tantos exemplos de regras e sistemas simples? Quem disse que isso TEM e invariavelmente seria complicado? Claro, se quiser algo a là gurps e Role Master, ou a filosofia d&d de 'role teste pra tudo'(cada etapa um teste, d&d 4e começou a se desprender dessa idéia), vai ficar complicado mesmo. Se o cara tiver que rolar 1 dado de dano para cada golpe que ele disse na descrição, putz, nem eu que sou paciente aguentaria por muito tempo.
Hoje em dia eu não gosto mais de falar tanto assim das minhas explorações pessoais e homebrews, tem gente que reclama e é chato eu falar de algo que eu sei, vocês não, e assim fica difícil apontar aonde estariam erradas. Mas por exemplo, minha abordagem quanto a isso:
-Tem limites de ações por turnos. Não é diferente da idéia de ação total, parcial e etc do D&D. Descrever mais de um golpe é usar mais de uma ação. Tem um limite aí, quando falo de regras+descrição não é esquecer de regras.
-Não dou bônus nenhum por 'descrever melhor'. Eu falei em regras+descrição, não dessa regra que Exalted e outros jogos já usaram. A galera tende a associar idéia com uma regra específica que tenham visto. Bônus por descrição é SUBJETIVO. Subjetivo+ alterações nos números é BAD. Como equilibrar isso? O narrador gostar mais de como eu descrevo vai me tornar overpower? Não obrigado. Descrever é descrever o que foi, enfiar mais palavras pra fazer isso é só perda de tempo ou gosto pessoal.
-Vamos supor que personagem A ganhe bônus de dano em ataques 'aéreos', como atacar pulando. Personagem B tem uma manobra/talento/poder/tanto faz que ele ganha bônus para cortar ataques parecidos como ataques do alto, uma criatura dando rasante, que seja. Personagem A resolve descrever o ataque pulando, pra pegar o bônus. Personagem B aproveita para cortar o ataque. O que permite isso acontecer é a descrição, tivesse A não descrito daquele jeito B não se aproveitaria... de igual modo A tinha benefícios em descrevê-la. Pra mim regras 'enxergarem' descrição é isso.
-Usando mesmo exemplo acima, vamos supor que uma magia 'chão escorregadio' ou qualquer coisa do tipo dê desvantagem a todas as ações de quem estiver na área. Ao invés dela ser descrita como 'Causa desvantagem a todos os alvos na área, exceto voadores e incorpóreos, enquanto o tempo durar', ela seria 'Causa desvantagem em todos tocando o solo na área, enquanto tocarem'. Incorpóreo não toca nada, voadores não tocariam... o cara resolver pular não daria desvantagem naquele ataque.
Esse exemplo não foi dos melhores, provavelmente *eu* colocaria algo nessa magia que fizesse qualquer manobra exagerada ou aterrissagem ter grande chance de levar um tombo, então provavelmente não valeria a pena pular e ignorar desvantagem agora para se estrupiar logo em seguida. Mas tá valendo pra passar a idéia.
-Meio-termo, equilíbrio, Tao 'o caminho do meio'... não precisa necessariamente dar crunch a cada mínimo detalhe da descrição, não quer dizer remover espaço para o jogador inventar só pelo efeito 'visual' da coisa. No exemplo o que importou foi pular, se o jogador pulou dando mortal, imitando um sapo, pulando 15 metros porque é um jogo de naruto... tanto faz. Quer dizer, ele pular alto demais poderia ser ruim tivesse algum problema lá no alto, tipo estalactites numa caverna. Daí eu só lembraria o jogador do pequeno detalhe e pediria pra confirmar a ação
E entendi seu ponto Phil. Regras no meio da descrição de fluff, no livro, isso é ruim pra kct. Mas aí estamos falando da parte editorial, da produção do livro. As regras devem ser facilmente acessíveis, reconhecíveis e legíveis. Isso não quer dizer dissociação total.
O exemplo que deu do bárbaro foi justamente o que eu achei ser o problema, limites. Como eu falei, eu também não gosto e depende de contexto. O problema aí é limites estúpidos, não fluff+crunch. Essa é uma forma de fluff no crunch, e uma bem ruim
Mas alguns limites devem haver. Você sabe, manter o tema e coesão, pra não aparecer um super-saiajin(com tudo, cabelo, aura, virar macaco) no meio da sociedade do anel. Dependendo de como alguém fizesse um rpg de LoTR seria possível: temos Beor que vira urso, gente que podem fazer praticamente o que diabos quiserem e mover montanhas e etc e só não fazem por 'sabedoria'...
Aí entra gosto. Que seria de jogos lovecraftianos sem limites? Tem cenários e cenários, as vezes o tema é sério e mais pé no chão, as vezes a idéia é despirocar de vez. Tem jogos ótimos pra cada gosto. Eu gosto de tudo, depende do 'mood'.
Seu exemplo é de um limite estúpido, desnecessário e totalmente errado. Eu diria que há muitos mais do mesmo jogo mas...
EDIT
Concordo Nibe. Mas trocou um pelo outro. O primeiro exemplo tem mais de um problema(clareza, vago, lógica), um ser um bônus baseado em algo totalmente subjetivo e vago.
No segundo caso é o oposto, as regras são tão dissossiadas e a coisa se preocupa tanto em descrever regras e nada mais que também não tem nenhum guia para entender ou imaginar o 'como'. Tem que ter um equilíbrio. Tem uns poderes que vi na 4e(não lembro o nome deles) que eu nem sei por onde começaria. Você acha que vou perder tempo pensando numa descrição, o combate comendo? Ela já não importa, eu nem sei como descrever aquilo, combate demorar mais é uma merda... eu só vou falar que fiz ela e pronto.
Sem falar que não apenas deixaria de descrever, eu não conseguiria ter imaginado direito como a coisa foi. Pra *mim* isso mata tudo. Na minha cabeça eu faço tipo um filme, uma parte faltando assim acaba com a experiência pra mim. Eu provavelmente só descobriria isso depois de pegar o poder e não conseguir descrever ele direito. Que nem um de ladino que ele desloca e faz inimigos causarem dano neles mesmos. Eu não quero ter que me preocupar em pensar em todas as variáveis dissos, eu gosto de descrever as ações. E se fosse um beholder eu... 'ghhhh mestre, posso trocar um poder no próximo nível? Estou com dores de cabeça...'