Skar:
O Estado se formou como uma ferramenta de controle social, junto com ele existiam diversos outros meios de controle que lutavam parar criar uma hegemonia. Impérios e Cidades-Estados são meros exemplos de como as diversas sociedade experimentaram ferramentas de controle.
Não sei se concordo com essa acepção. A meu ver Império é uma forma Estado (estados não precisam ser democráticos), assim como, obviamente, Cidades-Estados. Uma definição melhor e até mais coerente com sua etimologia seria apenas a de qualquer modo normativo e involuntário de organizar uma nação.
Todavia percebemos que essas outras formas de controle foram deixadas de lado em função do Estado. O que nos trás a pergunta do por que isso aconteceu
É, partindo do meu apontamento acima, a sua premissa já é nula. Mas pode ser que eu concorde com o resto, então vamos lá.
O primeiro explica que o Estado gera mais força de coerção que qualquer outro meio de governo, isso se dá pela capacidade que o mesmo possui de intervir na economia de maneira direta sem depender de interesses de terceiros.
Que gera maior coerção, talvez (e não sei se isso é algo bom); mas a segunda oração simplesmente não faz sentido para mim. pois o Estado é a maneira mais fácil de intervir a partir de interesses escusos - e é justamente isso que ocorre mundo afora, quando pessoas ou empresas tentam adquirir influência estatal.
O segundo mostra como o Estado usou seus recursos para derrotar todos os outros sistemas de governo.
Isso me parece um darwinismo econômico mal-aplicado. Primeiro porque discordo da premissa, o que faria com que uma modalidade de Estado tivesse competido com outra, apenas. E segundo porque o que está predominante hoje não é necessariamente o melhor, mas simplesmente aquele que foi passado pra frente naquelas contingências. Da mesma forma que o feudalismo não era o melhor possível quando era dominante e qualquer outro, e assim como algo prosperar por interesse de pessoas suficientemente influentes e ignorância do povo e não por ser a melhor opção possível para todos.
Ao retirarmos das entidades privadas o acesso aos meios de coerção gerou outro problema
Depende do que você chama de "meios de coerção". Se estiver se referindo apenas ao fato de que a segurança e legislação fica por conta do Estado e não do setor privado, concordo. Mas se estiver dizendo que impediu o setor privado de coagir de outras formas ou que blindou o Estado e a polícia dos interesses privados, daí eu vou rir de você.
Os conflitos internos agora não podem ser resolvidos por força e o Estado é deve intervir, logo sua área de atuação começa a se expandir cada vez mais. Agora além de ter monopólio legitimo das forças e ele se torna o mediador dos conflitos. O Estado começou a crescer de tamanho e começou a demandar mais capital para manutenção de suas contas.
Na proposta minarquista (neste ponto, assim como na minha) o Estado fez a legislação e é responsável pelo seu cumprimento. Isso pode envolver agir sobre o setor privado, como para fazer valer a lei antitruste, mas isso não é mesmo que interferir nas
relações de mercado. O Estado faz valer a legislação e pode punir pessoas ou empresas, mas isso não é o mesmo que congelar artificialmente as taxas de juros, que dar dinheiro para os bancos não falirem, que estabelecer regulações arbitrárias do mercado. Acho essa distinção muito importante.
Impostos e sistemas monetários começaram a ser implementados como forma de garantir um grau de unificação e controle do Estado em seus territórios.
Só a título de curiosidade, há quem ache melhor até a concorrência de diferentes moedas dentro da mesma nação, mas não estudei isso bem para opinar.
Aqui surge um pequeno problema o comércio mundial começa a crescer de uma maneira acelerada e toma proporções cada vez maiores. Em razão da criação dos Estados e de um poder que fazia valer suas leis era mais fácil comercializar.
Não acho muito lógico relacionar o crescimento do Estado com o crescimento da economia, já que todas as evidências apontam que onde há mais livre-mercado (logo, Estado menos inchado) há maior crescimento econômico e melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Além disso, o crescimento da economia não precisa aumentar as funções do Estado. Isso é um
non sequitur.
A economia começou a integrar de forma cada vez mais permanente a vida na sociedade. A partir do momento que ela se torna uma parte tão importante que se ela estiver mal o Estado começa a ficar enfraquecido e a própria sociedade começa a ter problemas em se regular. O Estado é uma ferramenta de controle e ele não conseguia controlar a economia de maneira efetiva, então para que ele existir?
Se entendi bem, a lógica que está tentando seguir é: economia enfraquece -> Estado tem dificuldade de realizar suas funções -> Estado intervém na economia para evitar quedas.
Todos os elementos dessa cadeia têm problemas, mas já estou escrevendo esse post há muito tempo para poder ficar dissertando. Grosso modo, a intervenção estatal na economia não apenas impede as crises como as promove. As evidências disso são abundantes, inclusive as grandes crises, de 29, a recente dos EUA, a atual da Europa, a que está se desenhando no Brasil. Todas diretamente ligadas a intervenções estatais, que fazem intervenções artificiais e arbitrárias que resultam em um coice bem mais forte do que tentavam prevenir. Sempre.
Adicionalmente, encerra sugerindo que a função o Estado então seria intervir na economia, o que é uma petição de princípio e é justamente o ponto de todo liberal: não, não é e ele deve ficar o mais longe possível de interferir no livre-mercado.
O que gera um problema quanto menos controle o Estado tiver sobre a economia mais refém ele fica dos poderes das companhias privadas
Do modo como coloca parece que acha que as companhias querem quebrar e que o setor privado quer ganhar pouco dinheiro para repassar pouco para o Estado. Também me parece uma ideia sem sentido. Quando as pessoas trabalham para si mesmas, quando tentam conquistar clientes e aprimoram, inovam e embaratecem seu produto para que escolham o dela e não o da concorrente, todos ganham. Quando o Estado interfere de qualquer forma é vem o problema. Empresas estatais não precisam se preocupar em falir (têm fonte eterna de dinheiro), não precisam preocupar em melhorar seu produto, em conseguir clientes e as pessoas não trabalham em empreendimentos pessoais. E quando o Estado congela uma taxa de juros ou dá dinheiro para um banco quebrar, ele promove uma bola de neve ao, resumidamente, desregular a cadeia de causa e efeito do mercado.
O Estado só ficam refém das companhias privadas justamente se interfere na economia, pois assim as empresas buscarão direcionar a mão do Estado para favorece-las.
A quebra da bolsa é só o exemplo mor de como a falta de regulamentação é ruim.
É
exatamente o oposto e após a crise ficaram tentando consertar a cagada e piorando, até haver nos EUA um sutil movimento pró-livre-mercado, mais capitalismo, o que ajudou a reestruturar. Neste período pós-crise que apareceram os principais liberalistas do século XX, justamente porque a crise novamente denunciou a importância do Estado
não interferir.
Um exemplo prático. No Brasil quando o governo resolve diminuir a taxa de juros você sabe quais são as entidades que diminuem os juros para os clientes primeiro? Dica não é o Santander e Itaú. São os bancos do governo que conseguem imprimir no mercado a vontade do Estado, sem eles no Brasil você ficaria a mercê dos Bancos internacionais e arriscaria não poder processar u Banco por ser tão grande que você não vive sem.
Isso fica pior quando começamos a desejar que o Estado dê direitos positivos a sociedade. Educação e Saúde são importantes e devem ser garantidos pelo governo, mas uma economia estável e um sistema bancário equilibrado podem ficar, completamente, na mão de poderes privados? Não faz sentido
Mas o problema é
justamente o banco imprimir isso no mercado. Se as taxas estão altas por abuso dos bancos, algum irá abaixar as taxas para atrair mais clientes, o que obriga a uma cadeia de abaixamentos até o mínimo que podem chegar. Do contrário, perdem ainda mais dinheiro ao perderem clientes. A única maneira de isso
não acontecer é se houver formação de cartel, o que é ilegal e continuaria sendo em qualquer proposta liberalista.
Quando o Estado usa o poder de sua fonte inesgotável de dinheiro -
nosso dinheiro - para abaixar as taxas, ele obriga os bancos a operarem em um nível instável, onde apenas têm de abaixar porque seria ainda pior perder quase todos seus clientes. Abaixar artificialmente devido ao controle do Estado pode levar a n problemas a médio e longo-prazo, enquanto não abaixar levará a n problemas imediatos. Nas palavras do bom senso comum: é uma babaquice isso que o Estado faz e é um tiro no pé, uma comprovação da ignorância econômica destes que estão no poder.