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« Online: Outubro 09, 2011, 03:09:18 am »
Antes de mais nada: depois que descobri mecânicas alternativas à recompensa por XP por boa interpretação passei a odiar essa abordagem.
De fato, deixei de ver XP como recompensa e passei a ver apenas como uma mecânica de evolução de personagens. Eu não conto mais XP (exceto para, por exemplo, fazer um encontro equilibrado em D&D). Quando acho que está na hora dos personagens evoluírem, simplesmente faço com que evoluam. Sempre faço os jogadores ficarem numa mesma escala — mesmo que um deles tenha faltado várias sessões.
Mas eu adoro mecânicas que recompensam os jogadores a curto prazo. A mecânica da Natureza no Storyteller e das Virtudes e Vícios no Storytelling, por exemplo, eram boas: o personagem recuperava algo útil em nome de um comportamento condizente com o personagem.
A ideia de recompensar dessa forma é muito boa, mas no Storyteller/ing ficou limitada. Um personagem em plena capacidade não tem motivo para se importar com a mecânica. É como a mecânica dos Healing Kits do Half-Life 2: você adorava pegar quando precisava, mas quando você tinha 100% de saúde, não servia para nada (tanto que sequer é possível pegar).
Por outro lado, vou de novo apelar para M&M: Pontos Heroicos. Sei que M&M não é o primeiro a ter uma mecânica assim, mas é o exemplo que conheço.
Você ganha um Ponto Heroico quando executa uma ação heroica, quando tem uma ótima ideia, quando faz uma interpretação realmente boa (o que não é sinônimo de densa), quando uma Complicação do personagem entra em jogo (o que dá mais pano para mais discussões) ou em algumas situações que convêm ao Mestre (como quando ele concede um uso de Ponto Heróico a um vilão).
Você pode fazer uma porção de coisas úteis com Pontos Heroicos, como rolar novamente um dado ruim (antes de saber se foi um sucesso ou fracasso — e essa mecânica impede repetição de "1", porque se você tira 10 ou menos, soma 10), fazer uma variação de poder que normalmente não teria, se recuperar mais rápido, reduzir fadiga, usar algumas vantagens, usar uma vantagem que seu personagem normalmente não tem, fazer alterações leves no ambiente, entre outas coisas (fora que o Mestre pode permitir alguma coisa diferente, se quiser).
As duas diferenças entre a mecânica de Storyteller/ing e M&M são cruciais: primeiro, você sempre pode ganhar Pontos Heroicos, mesmo que seu personagem esteja em perfeitas condições. Segundo, os Pontos Heroicos resetam a cada sessão; então, além disso "obrigar" os jogadores a usar os benefícios da mecânica, também evita um acúmulo muito grande, o que poderia gerar um certo desnível entre os jogadores.
Não digo que os efeitos do Ponto Heroico deveriam ser usados em outros sistemas, mas seu princípio é um ótimo exemplo de mecânica que influencia a interpretação sem ser injusta: um recurso que acumula no decorrer da sessão, concede algum benefício (inclusive com "trapaça" no sistema, coisa normalmente restrita ao Mestre), mas que se esvai em todo término de sessão.