O silêncio perturbador dos rádios foi rompido, finalmente.

Primeiro por sons de disparos a laser, simultâneos a uma agitação na nuvem de poeira e a flashes, tanto azuis quanto vermelhos. Parecia que alguém lutava, e também parecia que uma nova explosão irrompia de algum lugar da nuvem.

Num segundo momento, um surto de energia faz com que o chiado nos rádios seja interrompido por uma transmissão muito específica. Indiscriminadamente ela surge no painel de todos, à medida que um piloto deixa o campo de batalha com a nave em frangalhos.



Morto: João-Aragorn

Lylat.

Um sistema planetário surreal, tamanha a diversidade e a capacidade de seus planetas de sustentarem vida. O desenvolvimento de suas sociedades alcançou muito rapidamente os patamares de conquista espacial, e, à mesma medida que se possibilitara o uso do espaço para aumentar a qualidade e ampliar o alcance da vida, também se tornara possível usá-lo para guerras e barbáries. E assim aconteceu, repetidas vezes.

Mais recentemente os casos têm sido muito parecidos: criminosos que se revoltam e querem deixar o planeta-prisão Venom, cientistas cujas ambições atropelam qualquer senso ético e moral, bandos de mercenários que crescem indiscriminadamente, raças cibernéticas tentando encontrar seu lugar ao mundo... a maioria esmagando opositores com o fim de alcançar o domínio pleno da galáxia.

E Lylat está agora mesmo em meio a uma dessas conturbações. Uma larga batalha se desenvolve em Meteo, o cinturão de asteroides, e já reune boa parte das forças de Lylat: o exército de Corneria, em oposição às tropas de Venom, o planeta-prisão – além de diversos grupos mercenários, tentando extrair da batalha seu próprio lucro.

Há um momento breve de “silêncio” quando Venom interrompe seu avanço contra Corneria e reagrupa suas forças, prontas para uma nova e mais pesada investida.  Os pelotões, liderados por grandes e bizarras naves, alinham-se, criando como tijolos de um paredão. Os Cornerianos retornam a filas um pouco desfalcadas, linhas de defesa em semicírculos ao redor das naves maiores, que fazem mira com seus canhões. Pelos flancos aproximam-se outras unidades menores, naves-mãe de mercenários e seus respectivos times. É o último respiro antes de um mergulho que decidirá a batalha.

Até então, o trânsito de asteroides havia cessado. Não agora. Ondas de asteroides, antes distantes, alcançam o “campo” de batalha entre as duas armadas e atingem muito de seus membros, que mantém as filas intactas – é o momento que Venom escolhe pra avançar, e avança com brutalidade. Os mercenários e as tropas nos flancos avançam igualmente, quase todos dirigindo-se a um mesmo ponto. Os canhões das naves maiores já atiravam quando, de repente, em vez de centenas de milhares de disparos laser, um projétil avança com velocidade até o ponto central da batalha e explode.

Os envolvidos na batalha não veem mais nada.

Obviamente milhares de naves (de ambos os lados) caíram com a explosão, e as restantes foram lançadas num mar de poeira e interferência magnética. Cada facção tenta encontrar seus aliados ou companheiros, e percebe que é completamente inútil. A explosão prejudicou sensivelmente todas as frequências de comunicação, e agora só resta um único canal aberto, onde as vozes incógnitas de todos vêm e vão.

Cada um de vocês está em meio a essa nuvem de poeira, sem saber quais das vozes correspondem aos seus aliados e quais das vozes correspondem ao seus inimigos. Ao seu redor, também imersos da sujeira espacial, você enxerga vultos diversos de naves grandes e pequenas, que voam indistinguíveis umas das outras e, às vezes, atiram a esmo pensando ter identificado um adversário.

A situação não poderia estar pior.