A nossa "base" de jogadores experientes em sua maioria baseia-se na nostalgia de outotra e parecem ter sido condicionados a tornar-se inaptos em aprender coisas novas / ensinar a novas gerações que coisas novas podem existir, então não seria nada mais justo que o hobby SE estagne e eventualmente afunde no próprio túmulo. O mesmo vale pra editoras; a Devir, com contratos com cláusulas bizarras (como aquela "lenda" de traduzir um livro de World of Darkness por mês, onde traduzir não significa... vender como produto) torna-se algo bem plausível nesse mercado de leitões deitados, em manter controle de um "mercado morno".
Felizmente, vemos e acima de tudo temos novas iniciativas (mesmo que maquiadas com roupagem de coisa velha, como o próprio Old Dragon, já citado como exemplo de sucesso independente) e capaz de contornar isso. Agora é fazer os caras da antiga ou largarem o osso e permitirem que os caras da nova geração possam ter sua própria chance, ou agarrar-se a um osso eterno e levar ele pro túmulo.
Opa, também fico feliz pra caramba de ver novas iniciativas e pessoas animadas a produzir coisas pipocando diariamente pela internetz. Mas não saquei bem esse lance dos caras da antiga largarem o osso. Estamos falando de jogadores antigos e editoras mais velhas (Devir e Jambô) é isso?
No caso dos jogadores antigos, acho que devagarinho as coisas estão virando, o pessoal que curte jogos mais convencionais tem olhado para os indies com alguma curiosidade, e mesmo continuando com suas campanhas de
Forgotten Realms estão pegando um Shotgun Diaries ali, um Violentina aqui... Acho que essa "barreira" tem sido quebrada diariamente. Ainda assim, não deixa de ser curioso que algumas páginas atrás neste mesmo tópico um dos argumentos para um eventual problema apontado por mais de um usuário dos jogos indies a médio e longo prazo era que estes jogos só estavam atingindo jogadores antigos, lembra? Fico me perguntando então que diabos, só atingimos os jogadores antigos, ou jogadores novatos de mente aberta? Acredito que a resposta seja um meio termo na verdade, e que no fim das contas, cada vez mais o público de jogos indies (pelo menos de compradores) no Brasil tem um perfil mais parecido com o dos RPGs convencionais.
No caso das editoras "da antiga", Devir e Jambô, não entendo bem o que seria largar o osso...
Como jogador de RPG já fiz dezenas de críticas a Devir - em relação ao GURPS, sobre a falta de comunicação que existia com o público pré-2009, sobre a tentativa maluca de publicar o Arcana Evoluída, e por aí vai... Agora como parte de uma microeditora não sei o que poderia falar da Devir. Eles nunca ferraram a gente, pelo contrário, sempre convidam para as paradas, tratam com o maior respeito, enfim, nunca tentaram foder a gente. O que seria então largar o osso? Tá tudo aí pra nós, é só saber chegar camarada, não depende de Devir ou de Jambô, mas do
seu corre com seus jogos e suas licenças. E se largar o osso for abrir mão de algumas das licenças deles, o que seria maluquice, ainda assim, quem ia pegar a licença do GURPS, a Retropunk? A gente da Secular? Claro que não! O que mais tem por aí são licenças fodas e que estão livres, leves e soltas, a gente não precisa brigar pelas quais
justamente não temos cacife para lançar! A Retropunk provou isso pegando o Gumshoe e a Evil Hat (com sua carga de jogos magníficos <3), a RedBox com o Shotgun Diaries, e até nós da Secular também estamos correndo atrás de licenças legais.
O mesmo vale para a Jambô, com um exemplo ainda mais emblemático. Em 2010 estávamos com o Busca Final pronto, mas não sacávamos nada de gráfica, tiragens, custos e tal. No sábado, depois do primeiro dia da RPGCon 2010, uma galera foi pro buteco, incluindo o Guilherme da Jambô e amigos dele de SP e Rio que o cara deve ver uma vez por ano, justamente no evento paulista de RPG. No meio do mesão gigante perguntei umas coisas de publicação pra ele, e o cara teve saco pra sair da mesa, ir pra uma mesa mais afastada e silenciosa e falar durante mais de 30 minutos sobre tiragens, esquemas de gráficas, preços, como eles faziam os livros, onde eu poderia conseguir um bom canal, etc. O cara (e a Jambô) não largou o osso, entregou de bandeja pra gente!