No fundo também sou contra cotas sociais porque não quero minha barriga nas mãos de um cirurgião que saiu semi-alfabetizado do Ensino Médio. E dane-se os problemas de infância dele, ainda é a MINHA barriga.
Aqui você está deduzindo que a qualidade do ensino (ou nível de exigência) da universidade será proporcional ao nível de conhecimento de seus alunos em algum ponto antes de entrarem na faculdade, o que é simplesmente muito errado.
Eu vejo 3 cenários aqui, para um aluno que saiu semi-alfabetizado e com carência em outras áreas do conhecimento e entrou na universidade apenas por causa das cotas:
a) A universidade mantém seu nivel de exigência. O aluno não consegue passar nas disciplinas, reprova vários semestres, até que é jubilado ou desiste do ensino superior;
b) A universidade mantém seu nivel de exigência. O aluno consegue superar suas deficiencias, seja por estudar a mais em casa ou pela universidade oferecer atenção especial (oferecendo talvez disciplinas que abordem conteúdos de ensino médio);
c) A universidade diminui seu nível de exigência para o aluno não ter tanta dificuldade.
Apenas no cenário c a sua cirurgia pode acabar de forma pior do que atualmente. Não sei como impedir que tal cenário ocorra, mas me parece que utilizar da possibilidade de sua existencia como desculpa para abolir as cotas é pura preguiça. Afinal, este cenário não ocorre automaticamente ao adotarmos o sistema de cotas sociais, e portanto ele deve poder ser contornado.