Minha única participação no tópico:
Se é pra contar pras estatísticas, dou minhas experiências aqui: já entrei em três universidades diferentes aqui. Na primeira, participei do trote, tomei tinta, raspei o cabelo, bebi, pedi dinheiro no farol e o escambau. Por opção. Na faculdade em questão (a saber, UFABC), havia umas duas semanas de integração antes do início das aulas propriamente dito para que houvessem "palestras, atividades de integração entre os alunos etc.", ou seja, bela desculpa para os bixos participarem de trotes, conhecerem a Atlética, se inteirarem do lugar e das pessoas. Ao menos lá, tirando a pressão do "pô, bixo, bora participar, senão não vai ter valido a pena entrar na faculdade" (que é normal pra qualquer um que tenha tido um amigo chato te chamando para lugares que você não quer ir), a coisa foi toda respeitosa e realmente só participava quem queria, havendo poucos relatos de desrespeito.
Nas duas outras faculdades, naturalmente, eu não quis me voluntariar para passar pelo ritual que já havia passado. Na primeira faculdade que eu escapei do trote, naturalmente não quis sair no horário de "pico" de "recrutamento" dos veteranos sobre os bixos para evitar que fosse abordado, da mesma forma que evito entregadores de panfleto na rua. Não fui o único a não passar pelo trote, não fui discriminado no resto da minha sala por isso, no máximo um "pô, não participou do trote?" "não, não tava a fim" e cada um segue sua vida. Confesso que nunca tive contato com os veteranos, porém com a parte que importava e que convivia com você durante o semestre (os outros bixos), nunca tive problemas do tipo. Na segunda também foi mais ou menos isso, tirando que eu nem quis ir no primeiro dia de aula porque sabia que não teria conteúdo algum na aula e que dificilmente computariam alguma falta.
Não estou dizendo que esse é o procedimento padrão no Brasil, nem que é o que normalmente ocorre. Mas isso serve como uma ótima prova de que pode haver trote de uma maneira saudável (não necessariamente descambando pro lado "trote solidário", ao meu ver algo totalmente forçado e desconexo com a tradição de trote), divertida e que realmente vise a integração entre os alunos, desde que haja discernimento e bom-senso principalmente pela parte dos veteranos. Ao meu ver, os abusos e causos-que-fomentam-o-Datena que vemos no trote se dão por causa de gente que perde a mão, e não porque todo o ritual e prática de trote é brutalmente tortuoso e digno de proibição.
tl;dr hate the player, not the game.