Proibir, liberar ou regulamentar algo só é feito após um grande debate em cima da coisa toda.
Mais ou menos, normalmente o debate não chega na sociedade como um todo, ficando apenas no âmbito do congresso afetado pela sociedade organizada.
Mas em geral essas coisas não são feitas às escondidas.
Se formos proibir tudo que pode matar alguém vamos proibir 100% das coisas, sério. É um exagero que jhá foi apontado inclusive pelo video que o Nibelung postou ali em cima sobre a falácia do espantalho. As coisas não são 0-1, onde 0 é totalmente benéfico e sem nenhum tipo de problema e 1 é o mal encarnado que deve ser proibido. Vide o posse ou porte de armas de fogo, você pode ter uma arma de fogo, mas não pode sair com ela na rua, se sair não pode ficar distribuindo tiros aleatórios por ai. Armas de fogo são regulamentadas, mas não de modo igual, alguma são permitidas para civis, outras apenas para uso militar, veja alguns itens dentro do mesmo conjunto armas de fogo recebem tratamento individualizado, porque após um grande debate calcado em evidencias e estudos viu-se que não tinha como trata-las de modo homogeneo (proíbe tudo, libera tudo).
Nunca discordei disso.
Dito isso, porque não proibir motos? Porque motos são veículos de transporte que favorecem alguns tipos de serviços ou de estilo de vida de pessoas e elas tem o direito de ter uma moto.
1 - Com todo respeito mas, foda-se estilo de vida. Estilo de vida não é uma resposta válida para permitir alguma coisa.
2 - Favorecer alguns tipos de serviço também não deveria ficar na frente de salvar vidas. Acho que isso é meio óbvio.
3 - Ter direito hoje não significa necessariamente ter o mesmo direito amanhã, só ver que um fumante tinha direito de fumar dentro de um restaurante em 1980.
Mas elas tem o dever de obedecer as regulamentações que acompanham o veículo. O que poda mais a liberdade, proibir alguém de ter algo ou permitir, mas que ela seja usada dentro de certas normas? Quando alguém machuca ou se mata em uma colisão com uma moto a pessoa estava ou desrespeitando alguma norma ou foi atingida por alguém que desrespeitou alguma norma.
Quer dizer que ninguém nem se machuca em acidente com moto se não houve desrespeito às leis? Acho que você está forçando uma barra forte aqui.
Esse estudo mostra que enquanto rolava uma pressão para o cumprimento da obrigatoriedade do uso de capacetes houve um redução do numero de acidentes, mas que voltou a aumentar quando a fiscalização afrouxou e as pessoas passaram a não usar mais o capacete:
http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?pid=S0104-16731999000200005&script=sci_arttext
Legal.
Mas só uma coisa, eu não quero proibir motos.
Agora, o desenvolvimento lógico de "se pode matar, vamos restringir" é que chega um ponto onde permitir que pessoas tenham moto não se sustenta. Mesmo usando capacete, o trauma pode ser muito grande, terceiros podem ser atingidos, etc.
Porque usar o cinto mesmo se você vai na padaria? Chama-se direção defensiva, você pode estar a 30 km/h, mas ser acertado por um caboclo a 180 km/h e ser arremessado pra fora do veiculo, podendo machucar outra pessoa ou pagar o pato porque alguém resolveu não cumprir a lei.
Cara, se você está numa via onde um carro possa atingir ainda que 80 km/h, é prudente que você use cinto. Eu sei que eu usaria.
O ponto é que não são todas as ocasiões em que havendo um acidente, você vai sair voando pelo pára brisa e matar um transeunte.
Então, correndo o risco de repetir o discurso, entre proibir e regular, melhor o segundo.
Sim, mas você fala como se o poder público só conseguisse atingir o objetivo de duas formas, restringindo ou proibindo.
Existe ainda a possibilidade de educar a população, opção essa que não fere direito algum e que nunca foi tentada.
De novo, acho que o papel do governo nesta questão do cinto seria a de educar, não proibir cinto e foda-se, por que - além de ser a medida mais intrusiva - não resolve.
Só pra esclarecer, eu não acho que o governo não possa restringir alguns direitos, só acho que ele deve evitar isso enquanto pode.