A informação que eu tinha é que a USP está passando por um processo de "fechamento", no sentido de dificultar ou barrar iniciativas que façam gente que não é ligada à universidade entrar e circular nela (a última que lembro foi a proibição de ciclistas não-ligados à USP usarem o campus, e a que teve mais destaque na mídia foi a recusa da reitoria em deixar que uma estação de metrô da Linha Amarela fosse construída dentro do campus sob a justificativa que "exporia demais a USP"), mas vou pedir para você explicar isso melhor para mim, já que você é estudante de lá e conheço o campus só de ir em congressos e outras atividades acadêmicas.
Olha, a parte do metrô é verdade (não consigo enxergar fechamento nisso, mas é uma puta falta de sacanagem, já que essa linha de metrô facilitou horrores a vida de muita gente, e poderia ter facilitado ainda mais se ela estivesse lá dentro). Não houve justificativa razoável pra isso, mas houve um plano para o circular da USP (que é gratuito e roda o campus inteiro) sair da USP e passar até a estação de metrô. Quando a estação foi inaugurada, o que apareceu foi uma linha de ônibus municipal que sairia dela e circularia a USP, paga como qualquer outra linha municipal. Ou seja, um projeto que poderia ter sido ótimo se tornou medíocre, e certamente houve intervenção do reitor, que é amigão da galera do PSDB que governa São Paulo.
Quanto aos ciclistas, não saberia dizer, mas informando um pouco melhor sobre: esses ciclistas costumam usar o campus de manhã nos finais de semana. Também usam nos dias de semana, mas em bem menos quantidade. Há grandes reclamações do abuso dos ciclistas - não respeitam o trânsito, e como estão sempre em grande número, atrapalham consideravelmente. Tanto é que já teve aluno raivoso preso por estacionar, enrolar o tapete do carro e sair dando tapetada nos ciclistas que passavam (isso é motivo de piada até hoje na USP).
Eu estive lá num final de semana recente e não vi muitos ciclistas, de fato. Bom, eu os via o no sábado, e fui num domingo, e não sei dizer se isso faz diferença. Mas num feriado que fui também, esperando na porta por um amigo que me buscaria de carona, vi uns quinze ciclistas (não atletas como os que normalmente pedalam na USP, mas uns maninho da rua mesmo) pedindo pra três deles passarem pela USP pra cortar caminho pra ponte do Jaguaré. "É que quebrô o pedal dele, tá ligado, e ele só vai até ali só, nóis troxe ele do Ibira e tamo ino imbora". E o segurança deixou.
Da circulação, a experiência do campus da Unicamp, onde estudei durante seis anos, mostra que os locais onde tem fluxo contínuo de gente são os mais seguros: os crimes acontecem normalmente nos períodos de esvaziamento do campus (i.e. madrugada), em locais ermos (o campus é ENORME, e não é em todo local que as pessoas passam o tempo todo) ou durante situações que fogem à normalidade do cotidiano e em que o caos acaba gerando alguns incidentes (festas, manifestações políticas, shows). Notem que a circulação grande de pessoas não é uma espécie de antídoto essencial para o crime: ela é só uma condição controlável que coíbe os crimes de maneira bem relevante ao fazer com que o criminoso fique exposto a muita gente caso decida fazer bobagem.
Eu não questionei que aumentar a circulação de pessoas torna o local mais seguro. Eu questionei que parar de pedir identificação pra quem quer entrar sábado às 3 da manhã vai aumentar a circulação de pessoas por lá.
Sobre a guarda, a ideia é justamente que ela não seja polícia ou apele pros meios clássicos (i.e. voz de prisão, detenção e afins) para conter os crimes: ela é mais um "batedor" que fica de olho em gente suspeita do que um agente da lei "clássico", que é especializado em encerrar as ocorrências (com força, às vezes). Concordo que ela acaba falhando por não ter essa autonomia jurídica no que diz respeito à "destinação" dos infratores e afins por não ser a polícia, mas já é um começo para achar maneiras de combater o crime que não incidam necessariamente em brutalidade excessiva ou truculência, como se viu na usp ultimamente.
Mas como esse tipo de guarda combateria assaltos à mão armada, que acontecem?
I mean, mesmo em muitas das universidades conceituadas mundo afora, a polícia é quem faz a segurança.
http://sampa.if.usp.br/~suaide/blog/?e=227