Dessa concepção elitista, decorre, ainda, a idéia de que a PM aborda um estudante ou um trabalhador para reprimí-lo. Soa-me paranóico, como se a pessoa policial fosse uma peça de um maquinário regido por uma grupo de conspiradores que querem controlar os estudantes e o pensamento na sociedade. E é como se o status de "estudante" ou de "trabalhador" o isentasse de culpa por seus atos, como se tudo que fizesse, como seus crimes, decorresse de atos politicamente conscientes que anulasse os efeitos legais da ação. No fim das contas, critica-se um tipo de ação policial é legal e com efeitos preventivos eficientes: a abordagem policial.
Só que vamos colocar a PM não abordar a pessoa sendo educada, ela te trata como um criminoso. A abordagem da PM tem uma tendência alta a beirar o abuso de poder, especialmente quando os alvos são moradores de favela ou pessoas que estão participando de alguma manifestação. Nesse sentido quando os universitários reclamam da PM e de seus atos nao é elitismo, todos somos inocentes até que provem o contrário.
Citando novamente o que eu disse, agora com grifo: "O problema é que se parte dessa constatação ao simples repúdio à Polícia, numa lógica segundo a qual: "se eles são maus, queremos eles longe". O que está em jogo, aqui, é o modus operandi da PM.
Ora, não é pq ela tem erros em sua atuação que se vai querer que ela fique longe, não é essa a solução."
O elitismo não consiste na crítica à abordagem policial, mas sim no modo como movimentos
radicais, como o MNN e mesmo grandes parcelas do PSTU tratam os estudantes como seres intocáveis pela polícia.
Primeiramente, a de que a simples presença policial gera repressão e cerceamento da liberdade. Mas cadê os dados concretos sobre? Quais são os meios de repressão policial? Como a presença da PM restringe a liberdade e o debate democrático na Universidade? Falta algo mais concreto na argumentação geral. São palavras jogadas ao vento
Pense desse modo: a presença de membros da foça que representa o poder de coação do Estado, que tem como objetivo lutar contra o crime e impor a ordem. Você realmente acha que a sua mera presença não gera automaticamente um nível de repressão? Não temo como chegar e colocar números de como a PM reprimi. Como você irá discutir a atuação da PM com ela do seu lado, você é capaz de falar que muitos são corruptos com um cara de fuzil do seu lado? Como discutir sobre a liberalização das drogas, com policias podem alegar que você estava fazendo apologia a mesma? Isso são aluns exemplos que pensei agora.
Um outro exemplo pode ser visto em como a marcha da maconha foi tratada de maneira super delicada pela PM. Não podemos reclamar da truculência dela, ela não foi feita para isso, não tem treinamento para isso.
Então quer dizer que a PM entra nas salas de aula e salões de conferências de fuzil para ficar vigiando o que alguns estudantes estão discutindo?
A marcha da maconha é outra história, foi uma manifestação na rua em plena luz do dia, com muitos participantes e de grande divulgação. É um contexto totalmente diferente de discussão restrita a um grupo fechado numa sala de Universidade.
Quando falo de "dados concretos", não falo de números. Afinal, estatísticas são vazias para esse tipo de análise. O que eu quero chamar a atenção é a inexistência de relatos e de exemplos de repressão real exercida pela PM na USP - ao menos, no discurso geral. O próprio fato de vc ter de recorrer a casos hipotéticos aos invés de situações concretas e que já tenham ocorrido dentro da Universidade corroboram o que quero dizer.
E não, a simples presença policial não "reprime". O conceito sociológico de repressão é bem limitado para dar conta do significado social da presença policial. Mas, é claro, ela afeta a conduta dos que estão ao seu redor.