... o Cigano falou das diferenças entre um setup de 12 pessoas e outro de 24.
Na experiência de vocês que já narraram muitas máfias, ou mesmo de quem jogou muitas máfias, quais são as melhores opções pra modificar setups de acordo com número de pessoas?
Já vimos aqui vários casos em que o narrador foi "obrigado" a diminuir o setup (e às vezes nem isso deu certo... vide Firefly)... e às vezes há bastante procura. Às vezes o narrador põe que quer "entre 12 a 20 pessoas", às vezes ele nem bota número algum.
Minha pergunta como narrador iniciante é, como é que vcs se viram?
Em geral, já tendo um pré-plano antecipado. Toda máfia que eu faço eu me faço apenas duas perguntas: "Qual a proporção de cidade e máfia" (independentes eu desconsidero), e "qual a proporção de poderes especialmente perigosos que eu quero deixar em jogo" (coisas como vigilante, bomba, dono de arma paranóico, e culto). Usando de exemplo a máfia OotS, que é a que eu tenho mais fresca na mente, eu usei o seguinte:
Proporção inicial: 18 jogadores, 2 independentes. Aproximadamente 1 mafioso pra 3 cidadãos. Com dois independentes, o ideal seria ter 5 mafiosos. Mas como o grupo mafioso seria grande demais (e possível: xykon, redcloak, MitD, Tsukiko e Jirix), achei melhor dividir em duas máfias. Uma máfia de 2 seria desequilibrada, então coloquei um membro extra na máfia Kubota, e deixei este grupo... situacional.
A máfia Bozzok era uma máfia padrão: Um mandante, dois assassinos variantes. A máfia Kubota era cheia de truquezinhos, e eventuais fraquezas: Therkla morrendo dá mais um doc pra cidade, se o Qarr ficar sozinho ele tem potencial de abandonar a máfia e ir pro lado do SK... em troca, Kubota poderia ficar imune a linchamento, exigindo que a cidade use seu vigilante, ou confie na outra máfia pra matá-lo.
Como a proporção numérica favorecia as máfias, os próximos três jogadores iriam ser indubitavelmente cidade. Se chegasse além disto, iria adicionar a terceira facção mafiosa (que na verdade seria SK + lacaios), e no final apenas somar mais cidades.
O maior problema de expandir uma máfia, na verdade, é manter os RCs dentro dos limites do possível. Não é bom um tema onde os mafiosos não tem por onde mentir (Digamos, uma micromáfia Capitão Planeta, com sete cidadãos e dois mafiosos), nem que não tenha risco dela mentir (como foi a máfia Hanna-Barbera). Pra mim, o jogo tem que ter RCs de cidade um pouco acima do número de jogadores. Se tem 20 jogadores, é bom ter 21 a 24 roles possíveis, de forma que se a máfia der sorte, pode mentir um RC plausível e ninguém contestar, mas a chance de errar é alta, e não compensa tanto ir em personagens terciários (justamente por ter primários suficientes).
Quanto menos jogadores possuir a máfia, mais próximo do número-limite é bom ficar. Uma micro de 7 jogadores pode ter 7 papéis "cidade" possíveis de serem usados. Se tiver 10, a chance de um mafioso se safar mentindo é alta (50%). Se tiver mais, é estupidamente vantajoso mentir. Mas se tiver 6 papéis possíveis, um mafioso vai ser obrigado a usar um personagem terciário pra mentir (tirando o valor de um bom blefe), ou um cidadão vai ter um RC terciário, e muito provavelmente vão duvidar dele (gerando um linchamento automático pró-máfia).