Uma coisa que notei na comunidade rpgistica daqui de Manaus é que a maioria (ou os mais vocais, tirando o meu grupo de jogo e uns conhecidos) são de dinossauros conservadores e mãos de vaca. Jogo de fantasia? Só D&D 3.5 ou no máximo do máximo um pathfinder. Nem 4e nem mesmo Old Dragon. Horror? Só presta o Vampiro a Máscara e outros títulos do velho WoD, deixando de lado o novo WoD. Gêneros diferentes? Só os de livros lançados na virada do milênio pela Devir. Gastos com RPG? Quase nulos mesmo, sem interesse por novidades. Pq o público age assim? Depois não podem reclamar que não há evento ou que o RPG em Manaus (e pelo visto, no Brasil) decai e não tem um bom espaço. Reclamam do preço dos livros, mas outros grupos nerds, como os otakus e jogadores de Magic consomem horrores em seus produtos (como toucas, roupas, figurarts, gashapons, action figures, aquelas cartas raras de magic, dentre outros) sem nenhum problema (ou pesando racionalmente, mas com condições de gastar bem no seu hobby favorito). O que leva o RPGista, ao menos o manauara a ser tão mão de vaca e não buscar novidades, seja na forma de jogar ou em busca de cenários e sistemas diferentes?
Adendo: Já vi um mesmo jogador rejeitar jogar numa mesa minha pq o sistema era em inglês. Esse mesmo jogador não gosta do novo WoD porque não tem mais o clã favorito dele e só queria entrar na minha mesa de Dungeon World se pudesse jogar de mago, mas já tinha mago na mesa, pq ele "só joga com mago".
E aqui fica meu desabafo. Inclusive o Aluriel postou na comunidade um desabafo mais indireto, "O Manifesto dos Poliedros", que ficou bem interessante, mas duvido que o público do grupo de facebook tenha captado mesmo as indiretas e mensagens lá.
Sei que estou atrasad
íssimo pra discussão, mas quero postar meu relato (ou desabafo?), pois achei o tópico muito interessante. Essa sua descrição bate perfeitamente com o que acontece aqui em Cuiabá-MT (tem mais alguém daqui na Spell?).
RPG é D&D 3.5 e Vampiro: a Máscara, no máximo algum outro título do cWoD.
Pra conseguir jogar D&D 4e foi um parto. 5e, um pouco mais fácil, mas só consegui jogá-la em março deste ano. Meus livros de Lobisomem: os Destituídos eu até vendi, porque fazer as pessoas sequer experimentarem o jogo era um trabalho hercúleo. "nWoD? Pfff... herege! Como pode jogar esta abominação? RPG de verdade é cWoD!!!!111!11!1". As pessoas preferem ficar sem jogar RPG (e reclamar disso o tempo todo!) a jogar algo novo.
Tenho 30 anos, moro aqui há mais ou menos uns 12 anos (jogo RPG há uns 15), e a maioria dos "rpgistas" que conheci durante esse tempo (e eu conheci bastante gente nesse período) são exatamente como você descreveu. Dentre todos que conheci e conheço, sou o único que compra/comprou livros de RPG. E em muitos casos isso se estende até a acessórios básicos como dados.
E vou além, entrando numa outra característica que me incomoda muito... sou o único que pega um livro pra ler, seja para aprender um sistema ou um cenário. Todas as mesas de que participei fora do meu grupo, mas principalmente as de WoD (leia-se Vampiro: a Máscara, muito popular por aqui), foram cheias de jogadores/mestres que nunca leram os livros dos jogos que estão jogando. É tudo baseado no achismo ou "falácia". O cara ouviu algo em algum lugar, e aquilo é a lei. "Fulano explicou pra sicrano, que explicou pra beltrano" e assim continua, e todo mundo joga usando um monte de regras/informações erradas tiradas sei lá de onde. E se um incauto sequer mencionar uma regra "hey, mas não é assim", pobre dele. Será execrado impiedosamente. Bom, talvez as duas coisas estejam ligadas... se essas pessoas não compram livros, como os leriam?
Em meados de 2005, 2006, uns caras abriram uma loja de RPG, com direito a espaços privados com mesas grandes e tal, e não aguentou um ano. Nos últimos cinco anos duas lojas muito bem estruturadas de RPG, card games e colecionáveis abriram aqui. Ambas deram muito certo no MTG com FNM, pre-release e eventos do tipo. Ambas abriram as portas fazendo eventos de RPG, inclusive sancionados da WotC como aqueles gamedays da 4e, adventurers league, e em pouco tempo as duas abandonaram o RPG completamente. Deixaram de organizar eventos, e também renovar suas estantes de livros de RPG. E é claro que todas essas pessoas de que falei reclamam de como tem pouco apoio pra RPG na cidade...
É um comportamento
bizarro.