Acabei falando da minha idéia de "Spec Ops D&D" e esquecendo o ponto do tópico.
Bom, eu não vejo nada demais em definir papéis declarados para um jogo, contanto que esses papéis falem a língua do próprio cenário. O ex. do jogo de guerra é ótimo: scout, rifleman, suppoert, sniper, etc são termos que existem tanto a nivel de sistema como de cenário, ou seja, seu personagem dentro da ficção pode usar esses termos sem problema.
A coisa começa a feder quando (na minha opinião, logicamente) os papéis existem apenas na esfera mecânica e não têm qualquer relação com o cenário/ficção do jogo, como é o caso de D&D4. O resultado é um jogo "bipolar", onde termos metagamísticos, que não têm absolutamente nada a ver com o cenário/mundo de jogo em si, vêm pra frente do processo de decisão do jogador (acho que o Justin já falou algo sobre isso no seu Alexandrian). ISSO me incomoda absurdamente. Eu nem veria problema se D&D adotasse papéis que tivessem a ver com seu cenário implícito de dungeon fantasy, como, sei lá, looter, buffer, trapper, etc. termos que tivessem a ver com a atividade de se entrar num calabouço atrás de tesouros e monstros, termos que fossem passíveis de existir dentro do próprio mundo de jogo, falados pelos círculos de exploradores, caçadores de tesouros, etc. do cenário. AÍ SIM faria sentido pra mim. Acho que sou emulacionista demais. Se eu jogo um jogo de Ali Babá e os quarenta ladrões, eu quero tipos de personagem e opções de jogo condizentes com a obra-fonte, e o mesmo vale pra Sinbad, Rei Arthur, Elric, Conan, etc. Não adianta criar a melhor justificativa do mundo pra dizer que Conan é um multiclasse de ladrão/guerreiro/bárbaro, porque não é. Ou cria-se um sistema pra emular o gênero/tipo de ficçao vista nos contos do Conan, ou não vai colar.
Aliás, essa é uma das caracteristicas que mais me desagrada em D&D, esse "contra-emulacionismo": ao invés de adaptar seu sistema a diferentes cenários, ele mantém sempre o mesmo sistema e sai enfiando guela abaixo de qualquer cenário, independente de premissa e o escambau. Como teria sido Planescape com um sistema próprio, feito pra retratar as premissas centrais do cenário de fato ? Quais seriam as classes desse sistema? Que "papéis" surgiriam se indagássemos isso ao próprio cenário (e não a um jogo de combate tático fantasioso com DNA de wargame de tabuleiro ) ? Bom, na certa algo mais amplo e criativo do que "guerreiro, mago, clérigo e ladrão".
É isso.