Já se passava dois dias e todos os esforços de comunicação com os alienígenas, se é que se podiam chama-los assim, eram inúteis. Todos os dias, duas vezes por dia, Johnny Tanner, Morita Fujiwara, e Kevin Hurt se reuniam a volta da mala vermelha e azul e por alguns minutos tentavam comunicação.
- "Por que não trazemos o tal do Kamowa?" - Indagou Hurt já cansado de apertar o mesmo botão na maleta
- "Ate onde sei ele pode fazer parte dessa conspiração. Ainda trabalhamos com a hipótese de eles serem terroristas" - Respondeu Johnny Tanner lendo alguns papeis - "E pare de falar sobre isso aqui, temos momento e lugar pra isso. Onde está Morita? Ele saiu a algumas horas e não voltou ainda"
- "Ele está no prédio, eu o vi conversando com alguns soldados no andar de baixo"
Mais alguns minutos e Johnny Tanner deu por encerrada aquela tentativa de comunicação, mas antes de saírem Morita e outros dois soldados entraram na sala, acompanhado deles estava Kamowa Rauf.
- "O que significa isso Morita?" - Johnny Tanner falou irritado, mas foi logo empurrado em uma cadeira, amordaçado e preso por algemas, Kevin no entanto foi apenas preso. Morita apertou o botão enquanto botava Kamowa sentando de frente para a maleta. Alguns segundos se passaram e a tela ascendeu:
- "Olá Kamowa!" - Falou com um sorriso no rosto a Capitã Kalie
- "Olá Capitã, como vai?" - Ele parecia um pouco assustado
- "Estou muito bem, e você está bem? Percebi que vocês tem uma situação ao que parece delicada ai" - Ela falou sem desviar o olhar de Kamowa, a tela que ela olhava não era muito grande mesmo tendo uma grande capacidade visual, o que fazia parecer que ela sempre estava olhando pro mesmo ponto.
- "Oh, isso? Não se preocupe, na verdade eu fui resgatado pelo Marechal Morita, ele me ajudou a chegar aqui"
- "Resgatado? Não entendo!"- Ela não estava mais sorrindo
- "Ah, não se preocupe com isso!" - Ele respondeu tentando disfarçar e não criar mais problemas - "Mas veja, o Marechal parece saber onde estão os príncipes, que bom não?"
- "Sabe?" - Ela respondeu agora visivelmente preocupada
Morita se aproximou e vez uma reverencia. Então tirou de seu bolso um colar de metal, seu pingente era uma esfera de metal brilhante, sulcos cortavam a esfera em uma elipse que começava no topo e ia ate a parte mais baixa da esfera. De longe não se podia ver, mas ao aproximar o suficiente da tela um liquido dourado como se fosse ouro escorria pela elipse sem derramar ou sair dos sulcos que a contornavam. Era lindo e certamente chamou a atenção da Capitã
- "Este amuleto foi passado de geração em geração em minha família, hoje eu finalmente posso cumprir a missão que me foi confiada!" - Falou o Marechal em um inglês com bastante sotaque e ainda demonstrando reverencia.
- "Que missão?" - Perguntou a Capitã ainda com um ar de preocupação
- "Entregar esse cordão a vocês!"
- "Você sabe o que é esse cordão ou o que ele significa?"
- "Não! Meu dever sempre foi o de estar a postos para essa tarefa, entregar o pingente aos verdadeiros Daimiôs"
- "Entendo!" - Ela ficou alguns segundos em silencio - "Me encontrem agora no mesmo local onde nos encontramos antes."
- "Estamos no Senegal!" - Respondeu espantado Kamowa - "Demorei 2 dias de viajem para chegar aqui escondido, e temo um monte de homens armados lá fora prontos pra me prender, e o senhor também Marechal. Não temos como chegar lá assim tão rápido!"
- "Estaremos lá!" - Respondeu rapidamente o Marechal enquanto fechava a mala e dava algumas ordens em Japonês.
Kamowa ainda não tinha entendido como chegaram tão rápido no terraço, e porque diabos havia um helicóptero lá esperando por eles. O fato é, que em poucas horas estavam na base da montanha, obviamente o local estava cercado e alguns aviões sobrevoavam o local sem se aproximar muito da nave. O helicóptero pousou sem dificuldade e a Capitã e seus companheiros estavam lá, o homem de pele azul, e o outro que parecia estar sempre zangado.
- "Nossa posição aqui é perigosa!" - Falou Morita enquanto se aproximava da nave Garpaniana e entregava a meleta de comunicação a um dos homens da Capitã- "Gostaria que tivéssemos nos encontrado em local menos visível, menos aberto."
- "Não se preocupe, eles não se aproximarão daqui da mesma forma que não se aproximaram de vocês!" - A Capitã respondeu
- "É mesmo, durante toda a viagem não vimos nenhum avião para nos interceptar" - Comentou o Marechal surpreso
- "Vocês chamam de Pulso de Ondas Eletromagnéticas, nos temos como criar pequenas áreas controladas com essas ondas, e mantivemos o acesso a seu veiculo bem restrito." - Ela respondeu sem muitas voltas e diante da preocupação do Marechal completou - "Ninguém se feriu, nossa Inteligencia Militar como vocês chamam é bem precisa e estamos evitando a todo custo qualquer morte, alem de que eles logo perceberam que seria inútil se aproximar de vocês ou de nossa nave!"
- "Que bom, isso evitará muitos problemas no futuro!" - Respondeu o Marechal
- "Sim, muitos!" - Kalie completou - "Agora se o Senhor puder nos dar uma explicação mais detalhada"
- "Explicar? Eu sinto muito mas eu disse tudo que sei. Esse colar foi passado de geração em geração e nos deveríamos entrega-lo aos verdadeiros Daimiôs. É tudo que sei!"
- "E o que lhe faz pensar que somos seus Daimiôs?"
- "Isso!" - E aponta para o enorme companheiro da Capitã que apenas ouvia - "Esse simbolo em seu pescoço, eu o vi nas gravações e é igual ao que já havia visto em alguns livros e pergaminhos que tenho em minha casa no Japão, eles trazem alguns detalhes históricos bem antigos e que sempre achei que eram lendas, ate hoje!"
- "Isso é uma marca Marechal!" - Respondeu a Capitã que olhava o simbolo que parecia um "S"
- "Marca? De guerra?" - Ele parecia surpreso
- "O Tenente Tur'keli foi escravo dos Signaris, e essa é a marca que eles usam para designar suas propriedades!" - A Capitã respondeu sem o habitual bom humor
- "Eu não sabia..." - O Marechal estava surpreso e perplexo
- "Cada vez fica mais claro que vocês foram abandonados, mas ainda precisamos ter certeza absoluta disso. Afinal não queremos ter marcas como as do Tenente!" - Ela falou se virando e indo em direção aos seus companheiros.
Kamowa e o Marechal Morita estavam ali parados diante de um futuro completamente incerto enquanto pensavam nas dificuldades que passaram para tirar Samowa da prisão, dos inimigos que estavam fazendo, e no que podiam esperar agora, ajudando escravos quando deveriam ajudar escravizadores. Tudo parecia incerto e perigoso demais, uma guerra parecia ter explodido, mas ninguém havia se dado conta ainda. A Capitã volta sua atenção aos dois e agora bem seria lhes chama:
- "Infelizmente acho que terei que lhes pedir mais do que já fizeram ate aqui!" - Ela falou num tom apreensivo
- "Mais? Como assim?" - Perguntou Kamowa
- "Nossas pesquisas nos levaram a um local não muito longe daqui, e estamos enviando uma equipe de exploração para lá agora." - Ela falava enquanto seus olhos pareciam buscar cada pedaço dos dois homens a sua frente com muita atenção - "Gostaria de lhes pedir que fossem junto!"
- "Mas por que?
- "Vocês são nativos, e podem nos oferecer um suporte geográfico e histórico melhor que seus livros e dados bibliográfico. É um pouco difícil separar o que são as lendas e o que são dados históricos, vocês parecem ter uma grande dificuldade em separar ciência e suas religiões!"
- "Ok, mas onde deveríamos ir?" - Morita parecia querer ajudar de qualquer forma
- "Egito"
- "Egito? Isso é do outro lado da Africa!" - Gritou Kamowa chamando atenção de todos por ali
- "Temos transporte próprio para isso Kamowa, e tenho certeza que você nos será ainda de muita ajuda, muita mesmo!" - Ela falou voltando a sorrir!
- "Tome!" - Morita falou enquanto entregava um papel a Capitã - "Ai está o meu endereço e coordenados geográficas, você conseguira chegar lá facilmente. Mantenho esses documentos em uma região bem afastada e de difícil acesso. Acredito que algo poderá ser útil a vocês lá"
- "Você entende que nosso povo e os Príncipes e Signaris não somos, como vou dizer? Amigos!" - A Capitã perguntou com bastante honestidade
- "Sim, compreendo!" - O Marechal respondeu fazendo nova reverencia - "E se eles são capazes de escravizar outros povos, então não tem a minha simpatia"
- "Bravas, porem perigosas palavras Marechal, e vamos esperar que nunca precise coloca-las a prova" - A Capitã falou enquanto pegava o papel e o lia - "Então posso considerar que ambos nos ajudarão certo?"
Enquanto a Capitã falava um pequeno veiculo saiu da nave, ele parecia um barco, e flutuava com uma luz meio esverdeada no fundo. alguns equipamentos foram jogados em sua caçamba enquanto a Capitã dava algumas ordens em sua língua e o Marechal voltava ao helicóptero para dispensar seus homens, Kamowa estava parado, pensando perplexo: - "No que eu fui me meter!"
Continua