Concordo com boa parte do que tu diz, Cebola. Mas nisso tem alguns conceitos misturados, que eu acho que seria mais útil separar.
Narrativa é diferente de background. Pega Super Mario World, por exemplo: ninguém vai dizer que esse jogo tem uma narrativa muito elaborada ou um enredo marcante, mas mesmo assim ele cumpre alguns dos requisitos que você mencionou: tem personagens marcantes e cativantes (yo-shi!), e um background simples e bobo mas que cumpre seu trabalho:
- Bowser é um vilão.
- Ele raptou a princesa.
- Você gosta da princesa!
- Passe por todas as fases que precisar até salvar a princesa.
Mas todo mundo que jogar Mario vai jogar o mesmo jogo, matando os mesmos chefes, passando pelas mesmas fases do mesmo jeito (há bem poucas variações, tipo saídas secretas das fases e caminhos opcionais, mas novamente, todo mundo que fizer aquelas opções vai ter jogado do mesmo jeito).
Quando se fala de
narrativa emergente, significa que cada um vai jogar do seu jeito, fazendo as coisas na ordem e da forma que preferir, e a narrativa do jogo vai refletir isso. Cada um vai ter sua própria experiência, totalmente diferente de outra pessoa, com uma história se formando de acordo com suas ações, e provavelmente vai ser algo novo a cada vez que jogar.
Mas, novamente, é difícil e raro fazer um jogo assim. Single-player, acho que se resume a estratégias tipo Crusader Kings, e... Dwarf Fortress, talvez? Não consigo pensar em outros exemplos. Francamente, não gosto de nenhum dos dois justamente porque o gameplay deles não me atrai. Aí, pra mim, falham como jogos. Tem um projeto novo chamado Storybricks que tem a ambição de fazer jogos mais orgânicos, onde os NPCs agem de acordo com suas personalidades e objetivos e não por scripts prontos, mas ainda está longe de funcionar.
Por outro lado, em jogos multiplayer eu vejo MUITO potencial pra isso. Quando você adiciona o elemento humano, abre um veio enorme de criação de material que não precisa seguir um roteiro, e depende totalmente das ações dos envolvidos. Acho que o melhor exemplo atual disso é EVE online, que é basicamente um enorme sandbox onde o foco central da narrativa gira em torno do que os jogadores fazem, e cada pessoa tem sua própria experiência totalmente diferente do que os outros jogadores têm... resumido nesse post aqui (
http://random-average.com/index.php/2011/08/what-do-you-get-out-of-it-eveonline/ ) de um blog que estou lendo há algum tempo. Recomendo bastante, o cara escreve bem (é DM de RPG de mesa, isso ajuda) e consegue fazer EVE parecer um jogo bem interessante, ao invés de Spreadsheets in SPACE!