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[Reino] Chemkrë

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Emil:
Chemkrë
Principado Livre de Chemkrëbyuch

Gentílico: Chemkri
Idioma oficial: Chemkri
Regime: Principado
Regente Atual: Príncipe Ekmek Hetum
Exportações: Artesanatos, manufaturados, caprinos, equinos, ovinos, matéria prima de Avkhass, etc.
Importações: Itens alquímicos, artesanato, bovinos, armas.
Principais Cidades: Cothris (sede do governo), Antarr, Arevmutk', Chakat, Hank'ahor, Mijin, Niisí, Sahman, Tsov.
Demografia racial: 85% humanos, 10% cinocéfalos, 2% privodnaha 2% fnugsata, 1% outras raças.

Características Gerais

Quando a travessia leste-oeste se faz necessária, seja para chegar ou para sair de Tervat, todos os viajantes experientes concordam: a pequena e heterogênea nação de Chemkrë, a oeste de Daguna e ao sul de Avkhass, é a opção mais segura; tão mais segura, que é quase a única opção, uma vez que não existe trilha conhecida pelos caminhos mutantes da grande floresta, e as terras da Liga dos Povos do Norte se mostram pouco convidativas, dado os conflitos recorrentes entre seus habitantes e Tervat. Como há algum tempo caravana atrás de caravana atravessa Chemkrë esperando uma viagem tranquila, a maioria dos habitantes e governos locais já aprendeu que o esforço para que os viajantes continuem indo e vindo pode ser bem recompensado através de pedágios, impostos, bem como pela venda de estadia, provisões e proteção.

Enquanto se fique dentro das rotas comerciais, Chemkrë talvez seja o reino mais hospitaleiro a estrangeiros. Em parte porque a população sabe que o comércio e as riquezas locais dependem muito dos estrangeiros, mas também muito graças à religião do Uno, que é a religião oficial do estado, e desde sempre pregou a tolerância às diferenças, e a abordagem preferencialmente neutra nas resoluções de conflitos. Com efeito, apesar do passado de diversas invasões e ocupações estrangeiras, a Igreja Chemkri do Uno conseguiu manter uma rede de templos e monastérios que foram e são fundamentais para a unificação do reino. Além disso, embora não seja parte do governo oficial, a Igreja Chemkri é um dos mais valorosos aliados do poder central, e geralmente é a instituição que faz a via diplomática nas relações com Daguna, e media os conflitos entre os clãs na parte oriental do território. Por fim, a Igreja foi a criadora e desenvolvedora da escrita chemkri, e seus mosteiros estão munidos de vastas bibliotecas, com livros e pergaminhos sobre os mais variados assuntos. Com efeito, todos os anos centenas de sábios de todas as partes do mundo visitam a biblioteca de Nitsakrocou, na capital Cothris, e foi de um dos pergaminhos de lá que os cinocéfalos conseguiram parte das instruções necessárias à confecção da pasta preta que é capaz de conter o avanço de Avkhass.

Para quem olha de fora, Chemkrë parece pacífica e facilmente administrável. Mas o príncipe Emek Hetum sabe que sua situação não é simples. Longe da rota comercial, a heterogeneidade dos costumes não é tão bem resolvida e aceita quanto a relação tranquila com os viajantes deixa transparecer, e aqui e ali, e talvez acolá, ressentimentos antigos parecem ressurgir, e se a situação não for resolvida logo, talvez ele e a Igreja tenham uma rebelião em suas mãos. Além disso, a nobreza ocidental se tornou preguiçosa e decadente, e parece estar interessada apenas em arrecadar e gastar os impostos dos viajantes e comerciantes locais, o que a vem tornando um aliado político inconveniente. O príncipe já percebeu, mas sua corte ainda não, que os comerciantes estão mais organizados e já são a principal influência política e cultural no oeste. Por outro lado, no leste, a Igreja vem ganhando força, e nas áreas mais distantes já eclipsam seu poder. Como diminuir o poder de um aliado sem perdê-lo é a dúvida que assombra o sono de Emek Hetum, dizem as más línguas. Como se já não houvessem acordos demais com as nações e instituições ao redor, acordos que resolvem problemas a curto prazo mas apontam para complicações a médio e a longo. Os setores mais fiéis ao príncipe estão procurando desesperadamente por informações que deem a Chemkrë alguma vantagem no momento da revisão.

Religiões
Religiões Organizadas
A religião do Uno é a religião oficial do estado de Chemkrë, organizada como Igreja Chemkri do Uno. O principal efeito disso é que a Igreja Chemkri funciona como uma das intituições do estado, cuja importância só é superada pela figura do príncipe. De fato, a Igreja exerceu papel fundamental em diversos acordos políticos com as nações ao redor, e seu crescente papel de entidade mediadora das disputas dos clãs orientais faz com que por vezes seus braços sejam os braços mais longos com que o poder central pode contar. Além disso, por ter se configurado historicamente como uma organização quase sempre pacífica, suas construções, como mosteiros e igrejas, sofreram um pouco menos com as sucessivas invasões. Esta rede de construções preservadas possibilitou à Igreja uma enorme vantagem estratégica, o que garantiu que qualquer poder político interessado em unificar o território chemkri sempre precisasse de seu apoio. Além disso, a Igreja funciona como uma guardiã do conhecimento em Chemkrë: é responsável pela escrita, pelas bibliotecas, por grande parte do conhecimento arcano, e pelo estudo da mácula. Como a maioria das religiões do Uno, o número sagrado é o oito, mas as semelhanças com as outras vertentes param por aí. Diferentemente de suas contra-partes em Daguna e em Tervat, a Igreja em Chemkrë é muito mais heterogênea. Enquanto ao redor do mundo os clérigos do Uno usaram as crenças das populações para convertê-las, os diversos costumes chemkri foram sendo incorporados aos ritos sagrados, de maneira que hoje a religião tem uma cara diferente em cada lugar. Por exemplo, é permitido o sacerdócio entre as mulheres, principalmente por causa das culturas matriarcais do norte, e os ritos de passagem orientais ainda são cumpridos como eram antes da chegada da religião àquelas bandas. Aliás, os ritos de passagem se imiscuíram entre os sacramentos do uno, e boa parte dos religiosos teve que cumpri-los.

Religiões Não Organizadas
Embora a Igreja do Uno seja hegemônica em Chemkrë, as antigas tradições resistem, em alguns lugares mais discretamente, em outros abertamente. O assunto vem chamando atenção até mesmo dos leigos, graças a um movimento conhecido como Manuk-Hag, atuante principalmente no norte do país. Não se trata de uma única tradição ou uma única religião, mas de um conjunto de hábitos e cultos sufocados pela presença da religião do Uno que de alguma maneira não foram completamente assimilados, ou resistiram à assimilação. Assim, nas aldeias distantes das grandes cidades, mais longe dos braços do príncipe e da Igreja, sobrevivem cultos matriarcais de respeito aos espíritos da floresta, pequenas culturas panteístas, famílias patriarcais que creem que o futuro pode ser vislumbrado no limo das pedras mais lisas, cultos à fertilidade, e toda uma miríade de exemplos e misturas. Aos poucos, habitantes das grandes cidades estão ouvindo falar da persistência dessas tradições. Alguns temem, alguns aproveitam para respirar aliviados e praticar sua fé escondidos, sabendo que em algum lugar mais alguém mantém a chama do passado viva.

Instituições, organizações, guildas
A hegemonia de Chemkrë como rota comercial e sua ascensão a reino independente de Tervat possibilitaram o surgimento e a instalação de novos grupos e interesses convivendo lado a lado com as antigas instituições do território. Os mais proeminentes são:

Os Clãs OrientaisEnquanto a vida no lado ocidental de Chemkrë se volta cada vez mais para a divisão do trabalho e a organização das cidades em torno do comércio para as classes mais baixas, e em torno de cortes, para o estamento mais alto, a vida social no leste está organizada em grandes clãs familiares, patriarcais. Muitos ainda se comportam de maneira nômade ou semi nômade, resquícios de um passado longínquo. Antes da unificação do território, a principal atividade desses clãs era a criação de cavalos e a guerra. Ainda são exímios guerreiros montados, e sua habilidade com o arco e flecha é lendária, embora também se valham de espadas, lanças, e outras armas que os novos tempos trouxeram;  nunca deixaram de ser a principal arma do exército chemkri, mas atualmente, agora que são aliados, não guerreiam entre si: a guerra foi substituída por jogos sazonais de força (que muitos dos povos civilizados abominariam) mediados pela Igreja.

O maior clã oriental, a quem todos os outros clãs respondem, é Achkhen, o Clã da Pedra Azul. O atual patriarca, Ishkhan Achkhen, é chamado entre os nobres ocidentais de Príncipe do Oriente, tamanha sua influência. Quando há guerra contra inimigos externos a Chemkrë, é responsabilidade dele reunir todos os outros clãs e formar o exército montado. O nome vem de uma pedra de cor azul muito escura, quase preta, encontrada no leito dos rios subterrâneos. Os membros mais altos na hierarquia do clã têm autorização para usar em suas flechas pontas de achkhen lascada.

Guildas e serviçosSe por um lado a nobreza ocidental vem perdendo força e importância, os comerciantes aprenderam a tirar proveito da nova configuração chemkri, e a Guilda dos Comerciantes de Chemkrë é um dos muitos reflexos disso. A organização procura homogeneizar os preços das mercadorias, lutar por descontos nos impostos e organizar caravanas comerciais. Estão sempre a procura de mercenários, seja para cuidar da segurança das viagens e das mercadorias, seja para outros serviços que possam requerir mais cuidado.

OrdensOs Manuk-Hag não são exatamente um clã, ou uma guilda, ou uma ordem. Na verdade, são quase como um movimento heterogêneo não muito organizado, que tenta manter as tradições antigas vivas, resistindo ao avanço da Igreja Chemkri. Em geral, são ligados às religiões xamânicas existentes antes da expansão da religião do Uno. Costumam se declarar abertamente no norte, mas manter a discrição e agir quase como uma sociedade secreta no resto do território. Podem ser nobres do leste fingindo-se convertidos à Igreja do Uno para conseguir vantagens e alianças, e evitar perseguições, ou membros importantes e descontentes de clãs orientais tentando minar o poder da Igreja e do clã Achkhen

A Ordem da Flor Celeste vem chamando a atenção das autoridades de Chemkrë e de Tervat. Como a proibição da magia arcana em Tervat, muitos magos e feiticeiros e bruxos se tornaram párias por lá. A Ordem da Flor Celeste estabeleceu contatos no país vizinho e trabalha resgatando e trazendo os perseguidos para Chemkrë, onde a prática da magia é permitida. Longe de ter objetivos altruístas, a ordem cobra como preço do resgate dinheiro, itens raros, ou que os resgatados dividam segredos arcanos, entre outras coisas.

Por todo território chemkri, há rumores sobre uma ordem chamada Pálido Negro. Diz-se à boca pequena que é um grupo muito fechado dentro da Igreja do Uno, obcecado pelo estudo da mácula. Alguns membros se tornaram tão ávidos pelo conhecimento que chegaram a cometer atos hediondos para macularem seu corpo e suas almas e assim atingir a compreensão absoluta do fenômeno. A maioria da população, entretanto, acho que isso não passa de boataria, e a Igreja nega veemente a existência de tal grupo.

Organizações CriminosasSe você precisa de uma loja que não venda mercadorias, mas as resgate, você deve procurar a Loja Pailag Maritzá, diz-se nas ruas de Cothris. É uma organização criminosa que trabalha para a nobreza e os comerciantes mais ricos de Chemkrë, porque seu preço é alto. Extorsão e influência sobre o pequeno comércio são para pequenas gangues, atacar e dizimar caravanas são atos de mortos de fome. Os membros da loja agem com mais discrição, e especializaram-se em peças raras. São mestres nas artes de camuflagem, furtividade e fuga, e preferem evitar combates desncessários. De fato, só lutam se for absolutamente necessário. Um dito famoso em Cothris é: “Se você lutou com alguém que se dizia membro da Loja, então você lutou com um mentiroso.”

InstituiçõesA Igreja Chemkri do Uno conta com o Protetorado Pétreo, também conhecido como Protetorado Único, ou, mais informalmente, Proteção Divina. Ao contrário de outros lugares, onde a Igreja é a lei absoluta, o Protetorado se ocupa apenas de assuntos internos ao clero. Seus integrantes fazem a guarda dos mosteiros, acompanham membros do corpo da Igreja em missões diplomáticas e peregrinações, e muito raramente dão (ou pedem) conselhos estratégicos aos exércitos do príncipe, às milícias das cidades e aos clãs orientais. Embora atualmente O Protetorado Pétreo mantenha-se restritos aos assuntos religiosos, no passado participou ativamente da tomada de Naotsof. A sede da instituição está localizada na cidade de Chakat.

Principais áreas e cidades
Chemkrë Ocidental É a parte mais rica de Chemkrë, e onde os olhos do príncipe estão mais presentes; afinal, a capital, Cothris, fica no lado oeste do reino. Também é onde os impostos são mais altos, os produtos mais caros e as cidades mais bem construídas. O poder do dinheiro, e portanto dos comerciantes, cresce a cada dia, e eles já são a principal força motora da sociedade aqui, embora a nobreza decadente ainda seja detentora do status de estamento hegemônico. A influência de Tervat é notável, e a atual moda entre a nobreza é manter residências nos arredores de Arevmutk', para escapar da “vida dura” das cidades e ficar mais perto das últimas notícias do reino vizinho. Ekmek Hetum não se importa, e na verdade ele prefere assim. Os olhos mais atentos já perceberam que ele tem buscado alianças com o verdadeiro poder em Cothris, e tentado aproximar os comerciantes da capital aos de Niisí e de Tsov.

Considerada o divisor entre oeste e leste, está Chakat, lar do mosteiro sede do Protetorado Pétreo, o braço militar da Igreja. Historicamente, é o ponto de união dos povos de Chemkrë antes das grandes batalhas. Mas, com a rota comercial, toda uma vida social e uma cidade real vêm se formando em torno do mosteiro, e tanto a Igreja quanto o Protetorado não sabem bem o que fazer com isso: preferiam a privacidade e a falta de movimento do passado.

Chemkrë OrientalMenos povoado que o oeste, o leste de Chemkrë é território ocupado pelos diversos clãs orientais. As terras são mais secas e rochosas, e as populações aqui vivem da criação de caprinos e ovinos que podem se alimentar da vegetação dura e resistente do solo chemkri. Faz parte da tradição local saber localizar pontos possíveis para a construção de poços artesanais, já que a maior parte da água é subterrânea. Os vilarejos são distantes uns dos outros, e há muitos resquícios da herança nômade, portanto é mais comum que viajantes peçam abrigo nos Mosteiros. Graças à rota comercial algumas cidades começam a florescer, mas elas não se comparam às cidades do oeste. Entretanto, é possível parar para reabastecer provisões, conseguir hospedagem, trocar as montarias, e os preços são menores que os ocidentais, porque os impostos são menores. A exceção fica por conta de Sahman, a última cidade. Entreposto comercial entre Daguna e Chemkrë, o comércio explodiu nos últimos anos, e a cidade cresceu desenfreadamente. Como os braços da lei demoram para chegar, alguns espertos e ou desesperados por vezes se passam por membros do governo e cobram impostos ilegais e criminosos. Geralmente é fácil identificar os amadores e iniciantes pelo nome absurdo que dão aos impostos, mas sempre há os que dominam as artes da sutileza.

Antigamente, os clãs viviam em guerras entre si, mas desde a unificação do território, essas guerras foram substituídas por jogos de batalhas – violentos mas não tão mortais – geralmente sediados nos carredores de Mijin. A influência da igreja vem se tornando mais forte, ela é mediadora dos conflitos entre os clãs e juíza dos jogos. Não é incomum que protetores e sacerdotes recém ordenados sejam designados para estas bandas para cumprir tal papel. Os mais inquietos e menos disciplinados são mandados para regiões mais problemáticas e distantes, geralmente como castigo ou para aprenderem lições de humildade. Eles não ficam abandonados, geralmente iniciantes provindos de famílias ou de clãs proeminentes são apontados como auxiliares, para facilitar o diálogo e a aceitação: a população oriental é um pouco mais fechada e reservada.


A Fronteira NorteUma das áreas mais heterogêneas do reino é a fronteira com Avkhass. Os costumes podem mudar completamente à distância de uma cavalgada, e aqui se podem ser encontradas as cidades mais hostis com estrangeiros e visitantes. Alguns são descendentes dos antigos moradores da antiga nação de Naotsof, e consideram-se traídos pelos povos da floresta e pelos chemkri; são abertamente hostis para com fiéis do Uno, e recentemente muitos se alistaram nas filas do movimento que deseja manter a tradição xamânica viva.

As sociedades por aqui tendem a ser matriarcais, dizem que por influência das populações drefsa e privodnaha. Para quem deseja explorar Avkhass, as comunidades chemkri da fronteira são um bom lugar para se hospedar, conseguir informações, dicas e às vezes até contatos. Nas cidades que não se consideram herdeiros de Naotsof, como em Antarr, às vezes é possível encontrar privodnahas menos tímidos caminhando curiosamente entre a população local. E frequentemente a Igreja Chemkri do Uno tenta estabelecer um contato mais cordial com as populações de Hank'ahor, dizem alguns tentando ganhar novamente a simpatia dos povos do norte, dizem outros com segundas intenções em mente.

Áreas selvagens e despovoadas
A Rota Comercial A rota cruza o território chemkri no sentido leste-oeste, passando pelo maior número de cidades, para que os viajantes possam descansar, renovar ou conseguir mais provisões e pagar mais impostos e tributos. As estradas são relativamente seguras, mas às vezes podem ser alvo de bandidos e saqueadores. Recomenda-se muito cuidado aos viajantes, especialmente longe das cidades. Viajar sozinho não é boa ideia, e as caravanas costumam contratar mercenários para o serviço de proteção.

Fora de Rota É muito fácil perder-se em Chemkrë. Embora haja uma rota oficial, por vezes comerciantes e viajantes com pouco dinheiro buscam caminhos alternativos pra evitar impostos e a burocracia que vai ficando mais confusa e corrupta conforme a distância da capital afasta. Alguns sortudos conseguem encontrar atalhos, mas sempre se está sujeito a ataques de bandos de saqueadores, a cruzar o território de um clã hostil, e até sofrer ataques de coiotes e lobos. Há relatos de caravanas inteiras que se perderam e restou apenas um sobrevivente para relatar o ataque de versões enormes, ferozes e terríveis desses animais.

As águas secretas É conhecido o fato de a grande maioria dos rios em Chemkrë ser subterrânea. Viajantes perdidos já morreram sem saber que estavam a alguns metros da entrada de uma caverna onde poderiam saciar sua sede e salvar sua vida. Essas águas fazem parte da tradição chemkri – em muitos lugares estão ligados aos ritos de passagem para a vida adulta – de tal maneira que a Igreja as tornou parte de seu culto. Embora haja pontos de contato mais conhecidos, por todo território de Chemkrë há pequenas cavernas que levam a enormes túneis subterrâneos, com o teto alto o suficiente para permitir que um bote ou uma canoa navegue com facilidade. Os moradores do norte recomendam cuidado ao explorar tais cavernas, pois muitas se ligam às redes de túneis dos fnugsata, e eles não gostam de curiosos. Também há relatos de que os túneis seriam habitados por uma raça humanoide reptiliana, mas a maioria das pessoas é cética quanto a isso, pois nunca foram encontrados vestígios de moradia não fnugsata para comprovar os relatos.

Ganchos para aventuras
Chemkrë é a terra das oportunidades para mercenários, heróis e outros aventureiros. Os PJs podem ser contratados para viajar junto com caravanas comerciais. Nobres ligados ao poder central e o próprio príncipe sempre estão dispostos a pagar boas recompensas a quem trouxer informação que possa trazer vantagem na hora de rever os acordos políticos. A Igreja organiza buscas para encontrar monastérios perdidos, objetos sagrados, e quando não, sempre precisa de um auxílio no que diz respeito às disputas internas dos clãs orientais. Enquanto isso, sociedades como os Manuk-Hai gostariam de colocar as mãos nas anotações sobre os antigos costumes que estão restritas ao alto clero... E sempre há a possibilidade de uma rebelião dos herdeiros de  Naotsof. Quando ela acontecer, qual o lado a ser defendido?

Emil:
A Igreja Chemkri do Uno

Ainda que por vezes hajam rusgas e mal entendidos, a Igreja Chemkri do Uno é a principal aliada do governo de Ekmek Hetum, o príncipe de Chemkrë. O alto clero é muito mais organizado que a nobreza ocidental, e a proximidade com o poder central é muito maior que a dos clãs orientais. Se há alguma homogeneidade no território chemkri, é a condição da Igreja como segundo em comando.

Esse papel capital faz com que as vantagens e as desvantagens da instituição sejam quase soluções e problemas do principado de Chemkrë. Assim, o bom relacionamento com Daguna se deve ao intercâmbio oficial entre a Igreja Chemkri e ao governo-igreja dagunar. Por outro lado, é sempre possível notar uma gota de suor frio escorrer do lado esquerdo da têmpora do príncipe quando questões como o uso de Magia Arcana pelos membros do clero, ou o papel das mulheres no sacerdócio surgem. A igreja de Tervat não vê com bons olhos nada disso, enquanto a Igreja Chemkri não só não liga, como às vezes incentiva tais práticas. De fato, em Chemkrë, mulheres podem ser clérigas do Uno, e parte do corpo do clero pesquisa magia quase como se fosse uma ordem. Isto se perdoa pela capa fé com que a pesquisa é revestida, aquilo é visto como heresia do lado de lá da fronteira. Ambos são constante fonte de debates acalorados, e até conflitos físicos, entre fiéis das duas Igrejas. E é uma das úlceras no estômago de príncipe, que constantemente se empenha para manter as relações entre as duas instituições o mais cordiais possíveis, de maneira que a sanha expansionista tervatiana mantenha-se contida.

O Papel das Mulheres na Igreja

Chemkrë não tem uma cultura muito homogênea: as invasões deixaram marcas diferentes ao longo do território, os clãs originais tinham diferentes culturas: os mais orientais eram patriarcais, os mais próximos ao limite com Avkhass eram matriarcais. Em alguns lugares, os xamãs eram os responsáveis pela ligação com o espiritual, em outros, sacerdotisas, e em ainda outros, cultos admitiam a participação efetiva do masculino e do feminino. Os processos de expansão da Igreja e do Estado podem até ter tentado, mas não conseguiram modificar todos os costumes das diferentes populações que viviam no território; pelo contrário, alguns foram assimilados, tornando-se distintivos, peculiaridades locais do culto em alguns caso, ou se espalharam no seio das normas da Igreja e se tornaram hegemônicos. O papel das mulheres está no meio do espectro: elas são admitidas conforme o território ou onde se deu o surgimento da área de atuação. Majoritariamente, o corpo da Igreja é formado por homens, mas dependendo dos costumes da região, é possível encontrar mulheres exercendo o sacerdócio, servindo como protetoras, magas da Igreja ou mesmo, muito mais raramente, como guerreiras sagradas.

Os Oito Níveis de Fidelidade
Como em quase todas as religiões ligadas ao culto do Uno, o número sagrado da vertente chemkri é o número oito. Portanto, são oito os níveis de fidelidade ao Uno:

Nível 8, os distantesEm linhas gerais, a Igreja Chemkri considera todos as espécies inteligentes como parte da criação máxima do Uno, sendo a consciência a porta de ligação com a divindade. O Uno é uma instância superior à Igreja, ele a extrapola. Mesmo os que não dividem a fé ou não participam do culto fazem parte da criação, e portanto estão incluídos, mesmo que não saibam ou não queiram, na religião. Este preceito, conhecido como Teologia do Todo, foi uma das causas da ruptura entre a vertente chemkri e a pyodinniana. Os seguidores de Pyodinn não aceitam que a infidelidade aos princípios do Uno seja considerada um grau de fé, mesmo que seja o mais baixo deles.

Nível 7, os aprendizesNos dias atuais, em que a Igreja é uma das instituições do Estado, este nível é quase sinônimo das crianças, que ainda não têm idade para compreender todo o ritual e as sutilezas da unidade. Mas, como outrora, ele se refere àqueles nos estágios iniciais de conversão à fé no Uno. Com a expansão em ritmo mais lento, é um pouco mais raro que os haja em idade adulta, entretanto. Mas não impossível. De qualquer forma, tanto fiéis quanto protetores e sacerdotes são responsáveis por guiar seus primeiros passos na estrada que leva ao Uno.

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Crianças aprendendo sobre os Potestades do Uno.
Nível 6, os fiéisSão aqueles que passaram pelo primeiro ritual de iniciação. Em Chemkrë, isto quer dizer um banho ritual nas águas de um dos rios subterrâneos da nação. Esta prática, aliás, é herdeira de um ritual xamânico muito anterior à religião monoteísta; as águas secretas sempre foram motivo de culto, principalmente nas áreas mais secas e rochosas. A Igreja considera a idade de oito anos como a mais apropriada para a iniciação, mas a verdade é que ao longo do território chemkri, especialmente mais a leste, este ritual se confunde com os rituais de iniciação à vida adulta, e acaba por seguir o padrão de cada um dos antigos clã. De qualquer maneira, a partir deste nível os fiéis estão aptos a realizar participações auxiliares nos rituais de culto.

Nível 5, os protetoresEste é um dos níveis mais confusos da Igreja: Inicialmente, ele dizia respeito apenas àqueles que começavam o processo para se tornar sacerdotes da religião. Os postulantes ao sacerdócio faziam um juramento ritual em que prometiam guardar os segredos do Uno daqueles que ainda não estivessem prontos para ouvi-los, protegendo assim tanto os mistérios do culto quanto as mentes despreparadas dos fiéis mais curiosos. Isto ainda acontece, mas este nível teve que se adaptar, conforme a Igreja e a religião tiveram, para dar conta da expansão e da influência recebida. Atualmente, os guardas dos templos e os guerreiros sagrados do Uno também recebem este título, embora participem de rituais diferentes do original. Isso siginifica que todo membro do Protetorado Pétreo está, pelo menos, no quinto grau da escala da fé. Além disso, onde o modelo de sociedade ainda é pautado na estrutura de clãs, o patriarca (geralmente mais a leste) ou a matriarca (geralmente nas áreas de fronteira com Avkhass) também podem receber este título. Isto aconteceu primeiramente durante o período de expansão da Igreja, quando era necessário ganhar a confiança dos chefes de clã e enfraquecer a influência das religiões xamânicas. Até hoje, não é raro que, para algumas comunidades, a autoridade deste tipo de protetor esteja acima da do sacerdote designado para a área, embora as regras da Igreja digam o contrário. Dentro dos rituais, os protetores recebem a função de organizar os fiéis, garantir que os objetos de culto estejam preparados, e auxiliar os sacerdotes nas partes mais restritas.

Nível 4, os sacerdotesSão os clérigos chemkri do Uno. São responsáveis pelos rituais abertos, por orientar a vida espiritual da comunidade para a qual foram designados, e podem até receber pequenas missões, geralmente relacionadas a espalhar a palavra do Uno. Também são responsáveis por quase todas as tarefas dentro dos mosteiros, incluindo limpeza, cozinha, organização, ou trabalhando como bibliotecários e copistas.


Sacerdotiza chemkri do Uno se preparando para um ritual.
Nível 3, os honoráveisExistem dois tipos de honoráveis nas fileiras da Igreja: de um lado os comandantes e generais do Protetorado Pétreo, responsáveis pelo treinamento e pela proteção dos guerreiros sagrados e guardiões dos templos e mosteiros; e de outro os sacerdotes mais experientes, que provaram seu valor cumprindo bem os muitos trabalhos que lhes foram designados. Os primeiros são militares de alta patente, responsáveis por manter o exército da Igreja, planejar campanhas, cuidar da estratégia e manter a instituição segura. Os segundos receberam postos mais altos na hierarquia da Igreja. Podem responsáveis por um mosteiro (embora mosteiros muito grandes possam ter até três honoráveis responsáveis), por administrar as finanças, por criar e aprovar missões, e por todos os trabalhos que exigem alta confiança. Podem conduzir os rituais comuns, têm acesso a muitos rituais secretos (embora não seja incomum que honoráveis escondam uns dos outros rituais pouco conhecidos), e muitos devotam suas vidas a descobrir e criar novos rituais. A maior honra que pode receber um honorável é apresentar um ritual inédito ao conselho dos oito.

Nível 2, os oito sábiosÉ o conselho máximo da Igreja Chemkri, e, como o nome diz, só existem oito de cada vez. Cada um é responsável pelo controle de uma área dentro da Igreja: a teologia do uno, os livros, a magia, o Protetorado, o tesouro, as relações externas, as relações internas e a busca pelos locais sagrados. O conselho se reúne para definir prioridades, manter o bom funcionamento da Igreja, informar uns ao outros do andamento dos trabalhos, além de definir linhas de resolução nos momentos de crise, oficializar tratados importantes, definir a sucessão do sumo patriarca, etc. Dizem que estes sábios têm acesso aos rituais mais secretos e poderosos da religião do Uno, mas pouco se sabe efetivamente, já que as reuniões são secretas. Somente um dos oito sábios é elegível a sumo patriarca. Quando isto acontece, ou em caso de morte de um dos oito sábios, um honorável mais experiente, que já vinha trabalhando na mesma área e junto ao sábio, geralmente apontado por este, é promovido e passa a ocupar a cadeira vaga.


K'are Ujegh, sábio do Protetorado Pétreo.
Nível 1, o sumo patriarcaTeoricamente é a figura mais importante da Igreja e o representante máximo do Uno na terra. Quando há impasse nas reuniões do conselho dos oito, ao sumo patriarca cabe a palavra final. Além disso, suas ações e decisões são soberanas, e ele tem o poder de modificar ou ignorar as diretrizes do conselho, embora isso ocorra com certa raridade. Diz-se que o sumo patriarca é apontado por um ritual, mas a verdade é que os oito sábios o elegem segundo algumas regras não escritas: a) a regra do mais velho – O membro mais velho do conselho dos oito é eleito. b) a regra da rotatividade – Procura-se revezar a área de onde vem o sumo patriarca, para evitar demasiado favorecimento ou desfavorecimento de certas ações. No fim das contas, dada a idade avançada da maioria dos membros eleitos ao cargo, a verdade é que os mandatos não costumam durar mais que alguns anos. Não é raro que haja patriarcas muito debilitados ou senis exercendo a função, mas, como todas as altas reuniões são restritas ao conselho, mais ninguém fique sabendo. No fim das cotas, o sumo sacerdote é apenas uma figura, e os rumos da igreja geralmente são decididos pelos oito sábios em conjunto.

Emil:
Os diários sobre Kali Thenkari

Há não muito tempo, um documento que permanecia restrito a alguns círculos da Igreja Chemkri veio à tona. Uma antiga tradução e estudo de um texto ainda mais antigo. Aventureiros, curiosos, mercenários e outros eventuais interessados concordam que são anotações de um conhecedor de magia sobre os diários de alguém que viveu e conheceu por dentro os primórdios da Igreja Chemkri. Quem já leu uma das cópias do documento garante que com certeza o mago que o escreveu estudou a vida de um clérigo do Uno, desde seu tempo como protetor em um monastério até o final de sua vida. É por si só um texto de inestimável valor histórico. Mas o motivo de tanto frisson é que o escritor do texto original passou a vida inteira estudando rituais mágicos que borram a fronteira entre a magia divina e a arcana.

Segundo a tradução, os diários começam quando Agros Agamemni se tornou protetor no Mosteiro Kali Thenkari (atualmente perdido).  Ele estava em processo de aprendizado nos caminhos do clericato e chegou a auxiliar um estudo de membros mais antigos para o desenvolvimento de um ritual de purificação, cuja descrição, ainda que lacunar, não corresponde a nenhum ritual conhecido pelo atual corpo da Igreja. Enquanto ele ainda era um protetor, entretanto, o mosteiro em que estudava foi alvo de um ataque. A tradução nomeia o autor deste ataque apenas de “inimigo”... é difícil identificar exatamente o povo ou a espécie responsável pelo ataque, mas a descrição deixa claro que quem quer que fosse, tinha a mácula a seu lado. O mosteiro sofreu cerco por semanas, até que os sacerdotes e honoráveis bolaram um plano para furar o cerco e salvar os mais jovens. Alguns escaparam na fuga, alguns não; o autor dos diários estava entre os primeiros. Junto com outros sobreviventes, ele buscou ajuda dos clãs da região, e talvez tenha conseguido juntar até um pequeno exército, que expulsou ou destruiu os invasores. Porém, por léguas o solo em torno de Kali Thenkari ficou maculado permanentemente. Após buscas infrutíferas por um caminho seguro, os líderes dos clãs decidiram não voltar ao monastério. A possibilidade de encontrar sobreviventes era nula, não valia a pena comprometer os corpos e as almas dos valentes guerreiros.

Esta foi uma experiência marcante para Agros, que passou o resto de sua vida estudando a mácula e rituais de purificação. O boato corrente, inclusive, é que ao final de sua vida, levado pela obsessão pelo primeiro assunto, ele foi completamente corrompido. A tradução é ambígua quanto a este ponto, muito provavelmente porque o tradutor se tornou obcecado pelo trabalho de Agros, assim como Agros desenvolveu uma obsessão por desvendar o que aconteceu. A chave que liga os dois são as orbes que o clérigo desenvolveu. Já mais experiente, Agros passou a armazenar magia em pequenos objetos esféricos, mais ou menos do tamanho de uma maçã, e segundo seu diário foram a chave para finalmente entender o que aconteceu. Se Agros morreu logo após escrever as últimas páginas de seu diário, morreu um homem amargurado, assombrado pela certeza de que poderia ter salvado seus mentores em Kali Thenkari. O tradutor do texto tinha certeza que as orbes lhe deram o conhecimento necessário para entender a situação por qual passara. Talvez algumas delas possibilitassem um tipo de clarividência, talvez elas encerrassem o poder necessário para atravessar a área maculada de maneira segura, talvez elas carregassem a chave para a destruição dos inimigos. Entretanto, não há registro que ele tenha encontrado ou desvendado o funcionamento das orbes.

Ganchos para aventuras
Esse documento desperta interesse tanto da Igreja Chemkri quando das ordens arcanas que vêm se instalando e agindo em Chemkrë. A Igreja se interessa tanto pelos rituais sagrados descritos quanto pela localização do mosteiro perdido. As ordens estão interessadas nos rituais arcanos, nas orbes, e às vezes até no conhecimento sobre a mácula.

Por um lado, os PJs podem ser contratados para encontrar Khali Thenkari, ou buscar outros documentos (incluindo versões e cópias mais completas e mais fidedignas da tradução) com mais pistas, tanto sobre a localização do mosteiro, quanto sobre o ritual desconhecido. Por outro lado, podem acabar se envolvendo propositalmente ou por acidente nos conflitos entre as ordens que lutam pela posse das orbes.

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