Eu também era do time que achava o Essentials aceitável, inclusive na minha experiência, o Essentials nunca foi um 4.5 como alguns de seus críticos afirmavam e sim uma adição ao material da 4ed, pois as modificações que ele trouxe foram muito sutis -como o caso dos expertise e mudanças raciais- e dava pra misturar material Classic com Essentials sem prejuízo nenhum na mesa de jogo.
Sem falar que o pessoal adora bater na tecla de que os marciais do Essentials não são lá essas coisas, mas esquecem de que essa fonte de poder já era muito bem servida no Classic e o Essentials trouxe novas opções muito boas para classes como clérigo (que só depois do Essentials e da Dragon 400 virou um líder de verdade que pudesse fazer frente ao warlord e ao bardo), paladino (que ganhou uma build para marcar e punir vários inimigos, com acesso a montaria através de uma opção que veio na Dragon, além do fato de que o paladino classic podia se beneficiar de certos poderes do Cavalier), mago e bardo (que ganharam builds boas como o mage e o skald, também com poderes aproveitáveis para as builds classic).
Na minha opinião, o problema do Essentials foi mesmo a apresentação do material, pois todo aquele marketing da Wizards para a "nova linha" deu a entender para muitos que se tratava de um D&D 4.5 e a mudança no formato dos livros também não ajudou com certeza. Muita gente desanimou com a 4ª edição por causa dele, mas o problema não era tanto das regras em si, e sim da forma como a Wizards trabalhou a coisa toda.
Comercialmente, essa divisão fez com que a 4e pela primeira vez perdesse a liderança do ranking de vendas pro Pathfinder, e levou ao abandono do sistema e a criação da 5e. E nada me tira da cabeça que isso foi uma manobra proposital do Mearls porque ele não achava a 4e um D&D de verdade.
A impressão que eu tive foi diferente, especialmente depois de ouvir de um mestre de D&D 4ed o seguinte:
"-Vai lançar outra edição de D&D? Nem ligo
desde o Psionic Power eu já tenho tudo o que é preciso para a minha 4ed mesmo... Nem preciso de mais material para ela, o que eu tenho já é suficiente."
Depois dessa eu parei pra pensar e cheguei a conclusão de que ele estava certo, pois apesar de eu próprio achar que o material do Essentials serviu como um adicional para melhorar a 4ed, tudo que era realmente necessário em termos de mecânica de jogo já tinha sido lançado após o advento do Psionic Power.
Portanto eu não acho que o Essentials foi uma tentativa pensada de enterrar a 4ed, e sim uma forma de dar mais um fôlego para um sistema que já estava ficando saturado em tempo recorde devido ao excesso de lançamentos -algo que já existia no 3.5, mas se agravou na 4ed por causa da grande quantidade de material oficial lançado nas Dragons.
Não é à toa que eles pisaram o pé no freio e agora reduziram o ritmo de lançamentos na 5ª edição. Pois a experiência já mostrou que o excesso de lançamentos diminui a vida útil de uma edição (até porque, convenhamos, nenhuma equipe de design tem criatividade infinita para produzir novas opções mecânicas/regras durante anos para um mesmo jogo), tanto que essa diminuição progressiva na vida útil das edições de D&D estava aumentando e muito a quantidade de jogadores que permaneciam com suas versões antigas, sem aderir às edições mais novas.