Uma vez mestrei uma campanha de mago em Vila Rica (atual Ouro Preto). A história se passava no século XVIII, algumas semanas antes da Inconfidência. Sei que não é uma metrópole usual, mas se a gente for levar em consideração a população e a importância dessa cidade pro país no período histórico em questão, acho que dá até pra considerar. Tem que levar em consideração que era uma das cidades mais populosas do Brasil e uma das mais ricas do mundo, só que extremamente desigual e baseada na violência da escravatura. Chegou a ter mais de 60% da população, por exemplo, composta de escravos.
Foi bem interessante porque tentei dar um aspecto mágico pra própria cidade. Tinha vampiros (dois da camarilla e um Asimani), aparições, espíritos da natureza ao redor, já que haviam resquícios de tribos indígenas por ali. Em determinado momento da história apareceu o Curupira, por exemplo. Não chegou a aparecer nenhum lobisomem contudo.
A história é que o mestre de um dos personagens havia sido transformado em um Asimani (um vampiro africano que foi anteriormente um mago) e, tentando expulsá-lo dali, dois magos herméticos (um deles na outra vida tinha sido Dédalo, o construtor do labirinto do minotauro), fizeram uma magia pra proteger a cidade e expulsá-lo dali. Só que a magia deu errado, e a cidade ficou distorcida temporal e espacialmente, de uma maneira mágica. Algumas ruas mudavam de lugar, e o tempo passava de maneira diferente. Os dois magos foram jogados num reino do paradoxo. Outro problema que rolou também foi de o avatar do antigo mestre de um dos jogadores (o que virou o vampiro Asimani) ter ficado preso dentro da cidade. Na verdade os espíritos mágicos não conseguiam sair ou entrar na cidade.
Foi bem interessante. Uma das aventuras mais legais que já narrei. Acho que essa ideia que usei nessa aventura pode muito bem ser aplicada em outras metrópoles, em cidades ainda maiores, da nossa época, já que a própria cidade se torna uma personagem e um elemento importante dentro da aventura, quer dizer, um problema a ser resolvido.