152
« Online: Janeiro 15, 2012, 12:44:18 pm »
KYU
Li esse livro ano passado, pro curso de História Contemporânea. É de fato muito bom. E como você disse, o cara escreve bem; coisa que a maioria dos historiadores não sabe fazer.
Madrüga
Na minha época de peregrinação pela ficção científica, esse livro do Ignácio de Loyola Brandão me foi muito recomendado como um dos expoentes do gênero no Brasil. O que você tá achando? Gostaria que me falasse mais sobre ele, inclusive sobre a trama.
Assumar
Parece-me que se trata de mais um desses produtos da nova história, preocupada em encontrar permanências e especificidades que desconstruam uma imagem já bem estabelecida de unidade histórica. Eu gosto da Nova História, especialmente nas novas propostas metodológicas, mas me incomodo profundamente quando o objetivo de um trabalho se define exclusivamente em mostrar como "as coisas não eram exatamente assim"...
Ademais, estou lendo O Mundo Como Ideia, do Bruno Tolentino. Uma das coisas mais belas que já li na minha vida. É um livro de poesia/filosofia. Digo isso porque só o prólogo são 80 páginas do cara explicando filosoficamente o seu projeto poético. É uma pena que um poeta com uma obra poética tão extensa (esse livro começou a ser escrito em 1959 pra ser terminado em 1999) seja tão pouco reconhecido. A verdade é que o Tolentino chamava mais atenção enquanto polemista (a discussão com os irmãos Campos, pais do concretismo, é o principal exemplo) do que enquanto poeta.
A ideia do livro é que, basicamente, qualquer conceito ou ideia que levamos ao mundo serve para reduzí-lo, congelá-lo, e que entre a sombra produzida pelo problema do conceito e entre o sol que brilha sobre a coisa em si, existe uma área de penumbra, uma margem onde a Arte, enquanto contemplação, e a poesia, encontram espaço para existir.
- Como foi que as estátuas do poço da Medusa
chegaram lá? - Ainda eram vivas ao descer.
- E por que desceriam? - Porque existe no ser
uma obscura gravidade, a luz difusa
de um sol doente que cobiça o entardecer.
- Mas num mundo de pedra?! - O mundo é uma confusa
noção tumultuosa, e há na forma um prazer,
criatura do orgulho, que é quase uma recusa
e vai levando a própria luz a arrefecer.
- Voltariam de lá? - Quem? - Todos, cada estátua
com seu sol de mentira... - Não sei, porque morrer
é a grande embriaguez da alma, e ela anda à cata
de se evadir, de ser o que deixa de ser.
Há uma estranha euforia na morte que não mata.