Acho que já ficou claro que para além da negociação da GAP, que tanto queriam e já tinha sido acordado, o que Prisco quer e precisa é livrar a própria cara para conseguir se candidatar a político sem ser barrado pelo Ficha Limpa, que o STF logo logo vai deliberar em definitivo se vale ou não.

O que separa os amotinados de uma resolução agora é somente os mandados de prisão, que Wagner não tem como negociar, pois é com a Justiça. Só um Juiz agora pode suspender os mandados de prisão. Wagner pode até pedir, mas Dilma não vai admitir que isso aconteça, pois vai ser estímulo para PMs no Rio e em outros lugares deflagrarem greve também.

Wagner dormiu no ponto e agora está numa sinuca de bico: Se ceder, vão dizer que amoleceu, que teve que implorar para a Justiça para não cumprir o que tinha de cumprir e deixou um marginal como o Prisco violar a Assembléia Legislativa com armas, que deveria ser um local inviolável... se não ceder, vai insuflar os ânimos e propagar o incômodo para PMs dentro e fora da Bahia que não estão em greve.

Para um lado ou para o outro, corre o risco de piorar as coisas, provocando novas greves Brasil afora. Por ora, até surgir uma nova solução brilhante, faz a única coisa que lhe restou: isolar a área e tentar ganhar pelo cansaço, com respaldo da instância federal - representada pelo Exército - e esperar que a impopularidade cada vez maior que Prisco ganha na boca do povão ajude no processo.

Após um dia de tensão e sem negociação entre governo e PMs em greve, um grupo de manifestantes entra em confronto com militares por volta das 20h desta quarta-feira (8). Cerca de 15 pessoas tentaram furar o bloqueio humano realizado por militares do Exército, que reagiu utilizando gás de pimenta.

Na tarde de terça-feira (7) o mesmo grupo cantava "Ô, ô, ô, o carnaval parou". O governador do estado da Bahia, Jaques Wagner, disse na terça-feira que garante a continuidade do carnaval, que já está com o planejamento pronto, e que a partir da próxima semana, dia 14, 20 mil policiais serão mobilizados para o evento. Na manhã desta quarta, entidades relacionadas ao evento voltaram a reafirmar sua realização.

Risco da greve se alastrar
O governo federal considera elevado o risco de a greve de PMs na Bahia se alastrar para mais seis estados: Rio de Janeiro, Alagoas, Pará, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul. No Rio de Janeiro, a situação é considerada crítica. Há temor de que a greve provoque ondas de violência às vésperas do Carnaval, que começa em oito dias.

Policiais do Rio de Janeiro decidem nesta quinta-feira (9) se paralisam as atividades. PMs do Distrito Federal também realizaram protestos nesta terça (7). O piso dos policiais de Brasília é o maior do país, R$ 4.000. Na Bahia, o piso é de R$ 2.173,87, maior do que a média nacional.

As paralisações seriam uma forma de pressionar o Congresso para votar, ainda neste ano, o segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC),  conhecida como PEC 300, que estipula piso salarial para policiais militares, civis e bombeiros.

Em um pedido para o fim da greve, um pai de santo esteve na Assembeia Legistativa nesta quarta-feira (8), pedindo paz. No local, ele soltou uma pomba, em um sinal de paz. O animal não voou e ficou entre os pés de um militar.

O jornalista Valdeck Filho acaba de deixar as dependências da Assembleia Legislativa afirmando que o Exército recebeu ordens para invadir o espaço e retirar os policiais amotinados. “Vai acontecer um massacre aqui. Eles vão entrar e uma tragédia vai acontecer”, disse.
 
Ao deixar a ALBA, Valdeck correu em direção ao espaço onde estão concentrados outros policiais militares, familiares e amigos dos grevistas. Ele incitou os demais convocando para que resistissem e ao mesmo tempo para que não se envolvessem.

De acordo com o jornalista, os áudios exibidos pelo Jornal Nacional da Rede Globo foi uma montagem para justificar a operação que, segundo ele, vai acontecer nesta madrugada.  "Recebi várias mensagens. Todo mundo na Polícia sabe que as ordens foram dadas".

Valdeck deixou o Centro Administrativo da Bahia (CAB) e seguiu para o Aeroporto Internacional de Salvador de onde segue para São Paulo, isto segundo ele mesmo revelou.

Ainda na noite de hoje outras três pessoas deixaram o local. Duas em um carro e a outra a pé, nenhum quis falar com a imprensa. O clima é de tensão no CAB.