O budismo que Noara segue é muito diferente do que eu sigo também. Ele não só prega o desapego como diz que todo o mundo é buda (vertente tachi chinesa que foi traduzida como zen no Japão, embora eu pessoalmente entenda que o budismo chinês e japonês sejam diferentes).
Os monges chineses usavam meditação, artes marciais, orações, mantras, grito de poder (o grito do rá como no kiai incorporado as artes marciais, mas em aplicação diferente), koans e diversos enigmas mentais como forma de quebrar a lógica ao qual a mente se enganava e não percebia que já possuía a iluminação.
Então, se o mundo é buda, não há o mal. E todos são iluminados; apenas não se deram conta disto.
Dito isto, contraria o preceito da Noara que sofremos pelos nossos atos de nossas vidas passadas. Não que o budismo negue o karma... mas o engano está em usar o termo de sofrimento, já que o budista busca se apartar do sofrimento. Então, se ele entende que o que passa é fruto de seu karma, não sofre. Aceita sem reclamar aquilo que não pode ser mudado.
Esses mestres eram bastante intrigantes e desafiavam a lógica do esperado do budismo indiano. Eles ressaltavam que a sabedoria não estava nas práticas citadas acima, embora elas pudessem ser usadas como caminho para atingir a iluminação, conforme abaixo.

Nessa vertente do budismo, devemos buscar a iluminação dentro de nós mesmos. Não há outra opção e tentar seguir o caminho dos outros pode levar a cegueira. A função do mestre é guiar o discípulo a encontrar suas próprias respostas ao invés de clamar verdades:
Alias eu adoro esse livrinho. Demorei anos para achar no sebo por ter esgotado e nunca mais ter sido republicado.
É esse budismo que acredito e sigo.
Observem na tira acima como o mestre questiona de forma rude. Na verdade isso é um teste. Como o monge respondeu mostrando sua sabedoria a expressão do mestre reverencia a iluminação dele. Esses desafios eram bem comuns na época e tinham como objetivo chocar a mente estagnada para mostrar para o aluno se ele já havia alcançado a paz de espírito que buscava ou se ainda precisava encontrar sua iluminação.
Alguns koans são difíceis de serem entendidos e só anos depois alcancei o entendimento deles.