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Contos / Re:Contos de Wertech
« Online: Agosto 24, 2013, 12:58:33 pm » (click to show/hide)
Meu nome é Satoshi Muroto. Desde que me entendo por gente, ouço esses papos estranhos de vidas passadas, almas perdidas, blasfêmias, anti-cristos, essas coisas que o pessoal me explica
que existem desde que o homem é homem.
Sempre levei minha vida de acordo com o que meus pais queriam.
Estudei, me tornei Armeiro Wermech pelo Exército Japonês, vi a destruição que causaram com essa tecnologia sobre a fé dos homens em morrer e ir para o céu, o nirvana, ou sabe lá Buda onde.
Haviam boatos, desses que correm a net falando de pessoas que morreram e voltaram.
Que sabiam como funcionava a vida, a morte e como eram afortunadas de saber disso. muito embora não passassem de adolescentes espinhentos e carentes de atenção familiar.
RPGistas, roqueiros, neofunkeiros, enfim, todo mundo tinha um ou dois palermas na esquina que diziam ter visto toda a existência e voltado só pra aproveitar a vida.
Besteira. Não devia nem estar perdendo escrevendo isto no diário.
Bom, quando eu morri dentro daquele mech no qual eu estava instalando uma tela de plasma nova, também achei idiotice, achei que era algum truque do pessoal.
Até eu ir no necrotério e ver meu corpo ser examinado para a retirada de rotina de órgãos para estudo.
Por sorte não me abriram. Fui enterrado como bom cristão que era. Bem, não tão bom assim, mas e daí?
Agora pra onde mais iria? Era só uma alma penada, como as daqueles contos que papai e mamãe contavam pra me assustar.
Cansado de andar, de atravessar paredes e ver mulheres nuas, filmes em cinemas, bêbados na madrugada, voltei ao meu laboratório, saudoso e de certa forma ansioso pra saber quem colocariam em meu lugar.
Um estagiário, de cerca de 16 anos, foi escalado. Eu observava o moleque, todo dia, chegar, tomar café, subir no mech e instalar os equipamentos. Tudo muito automático, nem precisei falar com ele.
Ontem as câmeras me seguiam. Estranho, até onde um equipamento desses pode ver um funcionário fantasma? Nem liguei.
Estava tudo muito bem, até que chegou um equipamento novo.
Tal de GCA, uma modernosidade que inventaram há pouco. Soube disso pela TV do vigia noturno.
Quando o estagiário o ligou, eu fui tragado pra dentro do mech!!
Ainda não sabia direito o que havia acontecido até o
estagiário começar a gritar dizendo que o mech não respondia.
Quando cocei a testa, senti o arranhão da pata de metal. Estava possuindo
o metal! Nossa! Nunca tinha sentido algo assim.
Me apressei em explicar pro computador central o que estava ocorrendo, porém demorou para eles entenderem que eu não estava na memória do mech nem no núcleo quântico.
Eu era uma Alma penada de um ex-funcionário morto há dois anos!
A diretoria da empresa não concordou muito com eu possuir um protótipo caro, e construíram um modelo mais barato, pra que eu possuísse causando menos prejuízo.
Ainda trabalho lá. Sabe, eu gosto de ser um mech. Exceto nas vezes em que saio correndo na hora do café e acabo quase atropelando o pessoal...
O estagiário? Ele está bem, trabalha aqui há 15 anos. Até hoje ele se assusta de lembrar como eu voltei...
Mas ainda me pergunto... Pra onde será que vou ir quando este corpo morrer definitivamente, ou eu me cansar de existir? Ah, deixa quieto. Preciso visitar minha família.
que existem desde que o homem é homem.
Sempre levei minha vida de acordo com o que meus pais queriam.
Estudei, me tornei Armeiro Wermech pelo Exército Japonês, vi a destruição que causaram com essa tecnologia sobre a fé dos homens em morrer e ir para o céu, o nirvana, ou sabe lá Buda onde.
Haviam boatos, desses que correm a net falando de pessoas que morreram e voltaram.
Que sabiam como funcionava a vida, a morte e como eram afortunadas de saber disso. muito embora não passassem de adolescentes espinhentos e carentes de atenção familiar.
RPGistas, roqueiros, neofunkeiros, enfim, todo mundo tinha um ou dois palermas na esquina que diziam ter visto toda a existência e voltado só pra aproveitar a vida.
Besteira. Não devia nem estar perdendo escrevendo isto no diário.
Bom, quando eu morri dentro daquele mech no qual eu estava instalando uma tela de plasma nova, também achei idiotice, achei que era algum truque do pessoal.
Até eu ir no necrotério e ver meu corpo ser examinado para a retirada de rotina de órgãos para estudo.
Por sorte não me abriram. Fui enterrado como bom cristão que era. Bem, não tão bom assim, mas e daí?
Agora pra onde mais iria? Era só uma alma penada, como as daqueles contos que papai e mamãe contavam pra me assustar.
Cansado de andar, de atravessar paredes e ver mulheres nuas, filmes em cinemas, bêbados na madrugada, voltei ao meu laboratório, saudoso e de certa forma ansioso pra saber quem colocariam em meu lugar.
Um estagiário, de cerca de 16 anos, foi escalado. Eu observava o moleque, todo dia, chegar, tomar café, subir no mech e instalar os equipamentos. Tudo muito automático, nem precisei falar com ele.
Ontem as câmeras me seguiam. Estranho, até onde um equipamento desses pode ver um funcionário fantasma? Nem liguei.
Estava tudo muito bem, até que chegou um equipamento novo.
Tal de GCA, uma modernosidade que inventaram há pouco. Soube disso pela TV do vigia noturno.
Quando o estagiário o ligou, eu fui tragado pra dentro do mech!!
Ainda não sabia direito o que havia acontecido até o
estagiário começar a gritar dizendo que o mech não respondia.
Quando cocei a testa, senti o arranhão da pata de metal. Estava possuindo
o metal! Nossa! Nunca tinha sentido algo assim.
Me apressei em explicar pro computador central o que estava ocorrendo, porém demorou para eles entenderem que eu não estava na memória do mech nem no núcleo quântico.
Eu era uma Alma penada de um ex-funcionário morto há dois anos!
A diretoria da empresa não concordou muito com eu possuir um protótipo caro, e construíram um modelo mais barato, pra que eu possuísse causando menos prejuízo.
Ainda trabalho lá. Sabe, eu gosto de ser um mech. Exceto nas vezes em que saio correndo na hora do café e acabo quase atropelando o pessoal...
O estagiário? Ele está bem, trabalha aqui há 15 anos. Até hoje ele se assusta de lembrar como eu voltei...
Mas ainda me pergunto... Pra onde será que vou ir quando este corpo morrer definitivamente, ou eu me cansar de existir? Ah, deixa quieto. Preciso visitar minha família.
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Josafar era um dos colonos recrutados às pressas para defender a Unidade de Expansão Territorial Iraquiana 53, em Alfa-Terra 3.
Era uma homem da Terra, nunca pensou em usar seu wermech para matar, mas os infiéis não tomariam sua terra tão suada sem luta e sangue.
Alice Zero Nove era um wermech de combate leve, recém transplantado para um Jihad-MK5, modelo terran-israelense, de 5 anos de funcionamento desde sua ativação, trabalhando com transporte de carga pesada. Apresentada ao seu novo serviço, em menos de 2 horas estava recalibrada e pronta para proteger o ideal da colônia com seu armamento pesado.
- Zero Nove, pronta para uso, aguardando ordens...
- Zero Nove, seu codinome de rádio será Green Laden, ok? Seu piloto é Josafar Amnushkaid, por favor instrua-o sobre o curso da missão e o armamento disponível.
- Afirmativo.
- Josafar, entre, por favor.
- Sim, claro. Com licença.
- Estou meio nervosa, mas deve ser por que é a primeira vez que faço isso. Josafar, meu nome é Alice Zero Nove, mas você pode me chamar de Alice. Co-Pilotarei este Jihad MK5, equipado com 2 Lasers Cat10, LV10, Mísseis Halcon-2 LV5, E outros equipamentos de suporte que vou gerenciar, se não se importa.
- Tudo bem, tenho minhas ordens. Devemos proteger o posto próximo à Valikan, para evitar que os invasores cheguem à cidade. Devemos sair logo daqui, em 6 horas eles pousarão, pela trajetória informada, descerão bem no deserto fronteira com Deslorin. Vamos logo.
- Ok. Chegamos lá em 2 horas e pouco.
Sob o leve chacoalhar de Alice, iluminado pelas telas de plasma informando as condições de alvo, tempo, comunicação, etc, Josafar acabou caindo no sono. Sonhou com sua terra querida. sua família, seu futuro de agricultor, tal qual seu pai, e seu avô. Rezava para que Allah lhe fizesse afiado como a espada da vingança para proteger sua terra e sua vida...
- Josafar, acorde, estamos chegando.
- Tudo bem. Quantas unidades estão lá?
- Mais 2 Jihads e 3 Lancers.
- Chamando pelotão, Green Laden se apresentando para serviço...
- Green Laden, assuma ponto 3, será indicado para seu wermech.
- Dados recebidos, vamos lá.
- Acompanhe Red e Yellow Laden, será sua equipe de apoio.
- Afirmativo.
Um quilômetro e meio até o ponto. Chegando, sabia que ainda aguardaria horas até a batalha. Nervoso como estava, Alice o acalmou:
- Os outros wermechs são muito simpáticos, um deles é meu primo por parte de milheiro de série, sabia?
- Hum? Como?
- É, ele é MDES-1120, eu sou MDES-1150. Fomos feitos no mesmo mês de fabricação, ele foi para Vegas-5, eu fiquei na Terra.
- Eu tenho primos na Terra. São bem mais velhos que eu, vivem da terra, plantam o sustento. Me orgulho muito disso.
- Bem que eu gostaria de plantar. Só carrego coisas. Nem tive chance de entrar numa academia wermech, só estou aqui por acaso...
- Pega no meio do conflito, né? Eu também. esses malditos norte-americanos imperialistas... Não desistem... O presidente deles ainda resiste ao embargo da Câmara de Comércio do Sistema Solar... Porco fascista...
- Calma, Josafar... Eu sou americana de projeto, posso lhe afirmar com certeza que o povo americano não o apóia. Estão preocupados em achar novas terras para domínio comercial, enquanto o governo quer apenas provar supremacia. Eles são assim mesmo.
- Eles vão morrer afogados em seu próprio sangue!! Malditos!! Ousam invadir nossa terra pelo simples prazer de dominar!!
- Calma, Josafar. Depois deste ataque, teremos ainda mais aliados no Conselho Solar. É o mais lógico.
A conversa é interrompida pelo rádio.
- Green Laden, apoio requisitado na base, o inimigo pousou 5 Km fora do alvo pré-determinado, volte para novas instruções...
O esquadrão Laden chegou a base da fronteira apenas para contar os destroços.
O Inimigo destruiu a base e seguia a passos largos para a cidade, para tomar as fábricas e depósitos de munição.
Não havia tempo a perder, mas Alice sugeriu ao pelotão uma tática tanto quanto absurda...
- Vamos equipar alguns dos motores de reserva, precisaremos de fogo mais rápido na cidade. Passem todos os lançadores de mísseis para o Yellow Laden, eu ficarei com os lasers, Red Laden usará as metralhadoras.
- Certo, mas isso criará vulnerabilidade caso um de nós seja destruído...
- Não importa, atacaremos em degraus. Red Laden é mais rápido, pode atrair o inimigo para seus mísseis. eu usarei meus lasers a meia distância, para evitar os mísseis deles.
Josafar concordou, os pilotos começaram as modificações, Alice sabia que os 30 wermechs americanos não estavam nem um pouco despreparados...
- Vamos, em coluna, rápido, o satélite informa um agrupamento de 10 wermechs guardando a entrada da cidade... Vamos sofrer algum dano, mas sobreviveremos se meu cálculo estiver correto.
A 500 metros da entrada da cidade, o primeiro aviso da guarda americana...
- Wermechs, larguem suas armas, esta cidade está sob domínio dos Estados Unidos da América, não avancem mais, ou serão abatidos...
- Abata isto, porco imundo...
- Alerta! alerta a todas as unidades! 2 Jihads e um Lancer invadiram o perfzzzzzz...
Red fuzilou o pobre Dexter-N na guarda, enquanto Yellow travava seus 100 mísseis em direção aos outros 9 wermechs.
Parecia uma tempestade de gafanhotos, que destruiu 7 dos mechs sem a mínima chance de erro.
Um dos sobreviventes atirou 5 mísseis Hinder contra Red, que fuzilou 4 deles, tendo perdido seu membro direito com o último. O outro sobrevivente, um Savage, avançou sobre o aleijado Red mas foi interrompido pelos 4 lasers de Green. Tiro direto.
- Renda-se, porco americano, se não quiser terminar em pedaços!
- T-tudo bem, já estou saindo...por favor não atirem!!!
O soldado se jogou ao chão, temendo que seu mech se auto-destruísse segundos depois, mas para sua surpresa, o mech se levantou e deixou cair seus "braços". Disse em alto e bom tom:
- Nunca concordei com esta invasão. Vamos, pegue minhas armas e vá caçar aqueles porcos imperialistas.
- Skylar-016, qual o seu número de série?
- MDES-1134, Lote 200. Olá irmãzinha...
- Ok, você está totalmente desarmado. Não quer nos ajudar?
- Não posso. Meu piloto seria acusado de traição e transformado em blindagem de fornalha...
- Certo. Yellow, qual o status?
- Meia carga de munição em todos os lançadores, tipo incendiária. tenho uma carga de viróticos, peguei de um destroço.
- Red? Consegue me ouvir?
- Instalando membro do Skylar... Munição total neste rifle. Sem maiores danos.
- Ok, vamos ao Quartel Central, há mais 20, espere, 15 atacando, segundo o satélite.
- Pronto.
- Skylar, aguarde fora da cidade, com seu piloto, se possível.
- Sem problemas.
O quartel ficava a 2 Km dali. 5 do pelotão principal vieram para enfrentar os Laden. Red acabou com dois, usando os rifles do Skylar.
- Yellow, arme os viróticos, rápido!!
- Ok, um minuto...
Um dos inimigos, um Dasker-4, travou seus 2 lasers em Green!!
- Te peguei, maldito!! Morre!!
- Não hoje, queridinho...
Os lasers bateram em seu escudo GCA, sendo transformados logo após em 5 rajadas certeiras no inimigo...
- Mísseis carregados! Travando inimigos restantes...
- Fogo!!!
- Red Laden aqui, tudo limpo.
- Cuidado Red!! Míssel pelas costas!
- Ah, já tinha visto.
Destruiu os 5 Tankbusters como mosquitos, deixando que os viróticos pregassem nas carapaças dos 2 inimigos restantes como pulgas...
- Virótico ativo, ordenando ejeção...
- Ótimo.
- Ejeções OK.
- Matem os pilotos.
- Afirmativo...
Deixando os dois mortos para trás, seguiram até o quartel, que somente com seu grupo de escolta havia destruído mais da metade dos inimigos...
- Central, Green Laden requisitando autorização para apoiar fogo...
- Comando Central aqui. Rápido, eles estão fugindo!! Disparem à vontade...
Red avançou para pegar o Fuchen-LK mais próximo, que tentava destruir uma guarita para penetrar o quartel. Imediatamente, O Fuchen descarregou suas metralhadoras em Red.
Os rifles acertaram a locomoção do inimigo, mas os tiros foram fatais para os membros do Jihad...
- Red 90% danificado, vou ejetsssss....
Os pedaços do Jihad encheram a esquina, com a explosão.
Alice entrou em desespero, enquanto Josafar travava seus lasers e posicionava Yellow para fogo em cascata.
- Maldito!!!
- 10 mísseis travados e em curso!!!
- Morre!!!
Os tiros laser resvalaram na proteção GCR do Fuchen, mas os mísseis o deixaram em meio a uma nuvem de fogo que acabou por fazê-lo cair de joelhos.
Mais 4 artilheiros inimigos dispararam lasers e mísseis contra Alice, mas a proteção e o fogo de Yellow garantiram mais vítimas. 2 inimigos mais caíram perante as forças do quartel, enquanto os restantes fugiam para o deserto.
- Red, fale comigo... Red!!!
- Ok, o piloto ejetou , prima. Estou ativando os reparos nTec, 80% do chassi está funcional. O Piloto está um pouco ferido pelas chamas dos destroços, mas a minha análise primária indica que ele vai viver.
- Que susto você me deu. Não faça mais isso, você sabia que o fogo daquele Fuchen poderia ter te destruído todo!
- Não se preocupe. Não pretendo acabar numa sucata neste planeta seco.
- Vamos reagrupar. Consegue andar?
- Me dá 5 minutos.
- Yellow, pode vir aqui? Acabou, por enquanto.
O sorriso de Josafar era enorme. Uma semana depois, fora condecorado. Destruiu mais da metade dos inimigos num inacreditável surto estrategista que o próprio Josafar agradecia a Allah por ter tido, mais ainda por ter sido com Alice, que conhecia mais da metade dos processadores do pelotão inimigo.
Eram sua família, do ponto de vista do número de série, claro. Ninguém soube do fato até o desmonte de Alice, 150 anos após. Josafar a adotara como parte de sua própria família, e quis até que fosse enterrada no jazigo da família.
Desejo este realizado após incessantes pedidos da própria, após a morte de Josafar. Os EUA jamais tentaram retomar o planeta.
Os primos de Alice, se é que se pode dizer assim, tiveram vida longa no exército, tendo sua produção continuada até a quinta geração, quando já eram chamados Série Alice-53XX.
Era uma homem da Terra, nunca pensou em usar seu wermech para matar, mas os infiéis não tomariam sua terra tão suada sem luta e sangue.
Alice Zero Nove era um wermech de combate leve, recém transplantado para um Jihad-MK5, modelo terran-israelense, de 5 anos de funcionamento desde sua ativação, trabalhando com transporte de carga pesada. Apresentada ao seu novo serviço, em menos de 2 horas estava recalibrada e pronta para proteger o ideal da colônia com seu armamento pesado.
- Zero Nove, pronta para uso, aguardando ordens...
- Zero Nove, seu codinome de rádio será Green Laden, ok? Seu piloto é Josafar Amnushkaid, por favor instrua-o sobre o curso da missão e o armamento disponível.
- Afirmativo.
- Josafar, entre, por favor.
- Sim, claro. Com licença.
- Estou meio nervosa, mas deve ser por que é a primeira vez que faço isso. Josafar, meu nome é Alice Zero Nove, mas você pode me chamar de Alice. Co-Pilotarei este Jihad MK5, equipado com 2 Lasers Cat10, LV10, Mísseis Halcon-2 LV5, E outros equipamentos de suporte que vou gerenciar, se não se importa.
- Tudo bem, tenho minhas ordens. Devemos proteger o posto próximo à Valikan, para evitar que os invasores cheguem à cidade. Devemos sair logo daqui, em 6 horas eles pousarão, pela trajetória informada, descerão bem no deserto fronteira com Deslorin. Vamos logo.
- Ok. Chegamos lá em 2 horas e pouco.
Sob o leve chacoalhar de Alice, iluminado pelas telas de plasma informando as condições de alvo, tempo, comunicação, etc, Josafar acabou caindo no sono. Sonhou com sua terra querida. sua família, seu futuro de agricultor, tal qual seu pai, e seu avô. Rezava para que Allah lhe fizesse afiado como a espada da vingança para proteger sua terra e sua vida...
- Josafar, acorde, estamos chegando.
- Tudo bem. Quantas unidades estão lá?
- Mais 2 Jihads e 3 Lancers.
- Chamando pelotão, Green Laden se apresentando para serviço...
- Green Laden, assuma ponto 3, será indicado para seu wermech.
- Dados recebidos, vamos lá.
- Acompanhe Red e Yellow Laden, será sua equipe de apoio.
- Afirmativo.
Um quilômetro e meio até o ponto. Chegando, sabia que ainda aguardaria horas até a batalha. Nervoso como estava, Alice o acalmou:
- Os outros wermechs são muito simpáticos, um deles é meu primo por parte de milheiro de série, sabia?
- Hum? Como?
- É, ele é MDES-1120, eu sou MDES-1150. Fomos feitos no mesmo mês de fabricação, ele foi para Vegas-5, eu fiquei na Terra.
- Eu tenho primos na Terra. São bem mais velhos que eu, vivem da terra, plantam o sustento. Me orgulho muito disso.
- Bem que eu gostaria de plantar. Só carrego coisas. Nem tive chance de entrar numa academia wermech, só estou aqui por acaso...
- Pega no meio do conflito, né? Eu também. esses malditos norte-americanos imperialistas... Não desistem... O presidente deles ainda resiste ao embargo da Câmara de Comércio do Sistema Solar... Porco fascista...
- Calma, Josafar... Eu sou americana de projeto, posso lhe afirmar com certeza que o povo americano não o apóia. Estão preocupados em achar novas terras para domínio comercial, enquanto o governo quer apenas provar supremacia. Eles são assim mesmo.
- Eles vão morrer afogados em seu próprio sangue!! Malditos!! Ousam invadir nossa terra pelo simples prazer de dominar!!
- Calma, Josafar. Depois deste ataque, teremos ainda mais aliados no Conselho Solar. É o mais lógico.
A conversa é interrompida pelo rádio.
- Green Laden, apoio requisitado na base, o inimigo pousou 5 Km fora do alvo pré-determinado, volte para novas instruções...
O esquadrão Laden chegou a base da fronteira apenas para contar os destroços.
O Inimigo destruiu a base e seguia a passos largos para a cidade, para tomar as fábricas e depósitos de munição.
Não havia tempo a perder, mas Alice sugeriu ao pelotão uma tática tanto quanto absurda...
- Vamos equipar alguns dos motores de reserva, precisaremos de fogo mais rápido na cidade. Passem todos os lançadores de mísseis para o Yellow Laden, eu ficarei com os lasers, Red Laden usará as metralhadoras.
- Certo, mas isso criará vulnerabilidade caso um de nós seja destruído...
- Não importa, atacaremos em degraus. Red Laden é mais rápido, pode atrair o inimigo para seus mísseis. eu usarei meus lasers a meia distância, para evitar os mísseis deles.
Josafar concordou, os pilotos começaram as modificações, Alice sabia que os 30 wermechs americanos não estavam nem um pouco despreparados...
- Vamos, em coluna, rápido, o satélite informa um agrupamento de 10 wermechs guardando a entrada da cidade... Vamos sofrer algum dano, mas sobreviveremos se meu cálculo estiver correto.
A 500 metros da entrada da cidade, o primeiro aviso da guarda americana...
- Wermechs, larguem suas armas, esta cidade está sob domínio dos Estados Unidos da América, não avancem mais, ou serão abatidos...
- Abata isto, porco imundo...
- Alerta! alerta a todas as unidades! 2 Jihads e um Lancer invadiram o perfzzzzzz...
Red fuzilou o pobre Dexter-N na guarda, enquanto Yellow travava seus 100 mísseis em direção aos outros 9 wermechs.
Parecia uma tempestade de gafanhotos, que destruiu 7 dos mechs sem a mínima chance de erro.
Um dos sobreviventes atirou 5 mísseis Hinder contra Red, que fuzilou 4 deles, tendo perdido seu membro direito com o último. O outro sobrevivente, um Savage, avançou sobre o aleijado Red mas foi interrompido pelos 4 lasers de Green. Tiro direto.
- Renda-se, porco americano, se não quiser terminar em pedaços!
- T-tudo bem, já estou saindo...por favor não atirem!!!
O soldado se jogou ao chão, temendo que seu mech se auto-destruísse segundos depois, mas para sua surpresa, o mech se levantou e deixou cair seus "braços". Disse em alto e bom tom:
- Nunca concordei com esta invasão. Vamos, pegue minhas armas e vá caçar aqueles porcos imperialistas.
- Skylar-016, qual o seu número de série?
- MDES-1134, Lote 200. Olá irmãzinha...
- Ok, você está totalmente desarmado. Não quer nos ajudar?
- Não posso. Meu piloto seria acusado de traição e transformado em blindagem de fornalha...
- Certo. Yellow, qual o status?
- Meia carga de munição em todos os lançadores, tipo incendiária. tenho uma carga de viróticos, peguei de um destroço.
- Red? Consegue me ouvir?
- Instalando membro do Skylar... Munição total neste rifle. Sem maiores danos.
- Ok, vamos ao Quartel Central, há mais 20, espere, 15 atacando, segundo o satélite.
- Pronto.
- Skylar, aguarde fora da cidade, com seu piloto, se possível.
- Sem problemas.
O quartel ficava a 2 Km dali. 5 do pelotão principal vieram para enfrentar os Laden. Red acabou com dois, usando os rifles do Skylar.
- Yellow, arme os viróticos, rápido!!
- Ok, um minuto...
Um dos inimigos, um Dasker-4, travou seus 2 lasers em Green!!
- Te peguei, maldito!! Morre!!
- Não hoje, queridinho...
Os lasers bateram em seu escudo GCA, sendo transformados logo após em 5 rajadas certeiras no inimigo...
- Mísseis carregados! Travando inimigos restantes...
- Fogo!!!
- Red Laden aqui, tudo limpo.
- Cuidado Red!! Míssel pelas costas!
- Ah, já tinha visto.
Destruiu os 5 Tankbusters como mosquitos, deixando que os viróticos pregassem nas carapaças dos 2 inimigos restantes como pulgas...
- Virótico ativo, ordenando ejeção...
- Ótimo.
- Ejeções OK.
- Matem os pilotos.
- Afirmativo...
Deixando os dois mortos para trás, seguiram até o quartel, que somente com seu grupo de escolta havia destruído mais da metade dos inimigos...
- Central, Green Laden requisitando autorização para apoiar fogo...
- Comando Central aqui. Rápido, eles estão fugindo!! Disparem à vontade...
Red avançou para pegar o Fuchen-LK mais próximo, que tentava destruir uma guarita para penetrar o quartel. Imediatamente, O Fuchen descarregou suas metralhadoras em Red.
Os rifles acertaram a locomoção do inimigo, mas os tiros foram fatais para os membros do Jihad...
- Red 90% danificado, vou ejetsssss....
Os pedaços do Jihad encheram a esquina, com a explosão.
Alice entrou em desespero, enquanto Josafar travava seus lasers e posicionava Yellow para fogo em cascata.
- Maldito!!!
- 10 mísseis travados e em curso!!!
- Morre!!!
Os tiros laser resvalaram na proteção GCR do Fuchen, mas os mísseis o deixaram em meio a uma nuvem de fogo que acabou por fazê-lo cair de joelhos.
Mais 4 artilheiros inimigos dispararam lasers e mísseis contra Alice, mas a proteção e o fogo de Yellow garantiram mais vítimas. 2 inimigos mais caíram perante as forças do quartel, enquanto os restantes fugiam para o deserto.
- Red, fale comigo... Red!!!
- Ok, o piloto ejetou , prima. Estou ativando os reparos nTec, 80% do chassi está funcional. O Piloto está um pouco ferido pelas chamas dos destroços, mas a minha análise primária indica que ele vai viver.
- Que susto você me deu. Não faça mais isso, você sabia que o fogo daquele Fuchen poderia ter te destruído todo!
- Não se preocupe. Não pretendo acabar numa sucata neste planeta seco.
- Vamos reagrupar. Consegue andar?
- Me dá 5 minutos.
- Yellow, pode vir aqui? Acabou, por enquanto.
O sorriso de Josafar era enorme. Uma semana depois, fora condecorado. Destruiu mais da metade dos inimigos num inacreditável surto estrategista que o próprio Josafar agradecia a Allah por ter tido, mais ainda por ter sido com Alice, que conhecia mais da metade dos processadores do pelotão inimigo.
Eram sua família, do ponto de vista do número de série, claro. Ninguém soube do fato até o desmonte de Alice, 150 anos após. Josafar a adotara como parte de sua própria família, e quis até que fosse enterrada no jazigo da família.
Desejo este realizado após incessantes pedidos da própria, após a morte de Josafar. Os EUA jamais tentaram retomar o planeta.
Os primos de Alice, se é que se pode dizer assim, tiveram vida longa no exército, tendo sua produção continuada até a quinta geração, quando já eram chamados Série Alice-53XX.
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Uma das primeiras tentativas de usar cérebros quânticos com inteligência humana, considerada pelos céticos, sempre eles, um verdadeiro frankenstein pós-moderno, foi o Projeto Gepetto, na Universidade Estadual de São Paulo(UESP), custeado pelo Governo.
Um wermech seria equipado com uma personalidade instalada, e esta se desenvolveria tal qual a de uma pessoa normal, exceto pelos
julgamentos de personalidade, que teriam um tom mais maduro. Como todo bom projeto, teve suas
falhas e sucessos...
Roberto, como gostava de ser chamado, acordou tarde. Passou a madrugada vendo sites pornôs e
dormiu tarde, acordando muito cansado para qualquer coisa. "Fessora Beta" ia ter trabalho...
- Roberto!!!
- Que foi, fessora?
- De novo madrugando na internet!!!
- Ah, se eu te pegar de novo acordando tarde juro que arranco sua personalidade de moleque!!
Vai voltar a ser uma caixa de música burra!!
- Desculpa, fessora. Vamos ao treinamento com a polícia hoje?
- Vamos. Abra a cabine, preciso ver suas condições de energia para o relatório do projeto.
- Espera, tá um pouco sujo, deixa eu limpar...
- Roberto, você deixou vazar óleo de novo!! Será possível!? Está um lixo!!Ai meu Deus...
Beta aciona o celular-brinco e mesmo fula da vida pensa no número correto. Toca no outro
lado da linha... toca de novo... e de novo... e de novo...
- A-alô? Professora?
- FRANK, SEU VAGABUNDO!!! VENHA JÁ PRA O LABORATÓRIO DO ROBERTO! ESTÁ ATRASADO!!!
- S-sim senhora!! Eu estava escovando os dentes e perdi a hora!! Estou saindo agora mesmo!!
Não dava nem pra discernir naquela face de 32 anos a doce expressão de Roberta Figueira de Castro
quando aceitou o projeto, três meses antes.
Apertou a mão do presidente, sorriu para centenas de
pessoas, suou a camisa pra conseguir aquela posição e agora um bando de incompetentes põem a
perder o crédito do projeto...
- Fessora, já limpei a cabine. Pode entrar.
- Tudo bem, calma Beta... respirou um pouco contando até dez, como pediu o seu analista. Se acalmou.
- Que isso não se repita, hein! Hunf. Ok, me diga o status do mech.
- Ah, tudo 101%, os sistemas de armas, armaduras, gerador de escudo, locomoção, tudo bem.
O vazamento foi só água do reservatório do suporte de vida... nenhum líquido a mais.
- Vamos esperar pelo incompetente do Frank. Se o wermech dele não quebrar na Anhanguera...
Uma hora depois chega Frank, na lata velha comprada a 40 prestações.
- Vamos, o teste já devia ter começado.
- Vamos. Puxa, preciso revisar a Marion, ontem uma das rodas quase soltou quando eu ia pra casa...
- Você devia vender essa lata e comprar uma bicicleta.
Roberto ficou meio zangado com a Fessora ter chamado a Marion de lata, mas ela era velhinha mesmo.
Merecia descanso e upgrade. Parte do futuro de todos os wermechs inteligentes dependia do sucesso dele mesmo, e isso lhe dava um certo orgulho, apesar de ser mais um adolescente relaxado que um projeto de última geração. Bem, errar é humano. É culpa do Frank.
- Roberto, me desculpe.
- Ah, não precisa não, fessora. Eu sou relaxado mesmo. Faz parte do pacote que o Frank me deu. Se
eu for perfeito demais, posso causar inveja aos meus primos japoneses e alemães. Quero ser bem
brasileiro...
- Pra isso não precisa ser relaxado. Tão logo esse projeto dê certo, você terá muitos com quem conversar. Wermechs, computadores quânticos, a internet...
- Eu uso salas de bate-papo. Ninguém desconfia que eu sou um mech!!
- Você não andou cantando garotas, né?
- Ah, não, fessora. Ainda não inventaram um meio de eu poder transar com elas...
Roberta pensou profundamente... Meu Deus, estamos criando o pentelho do próximo milênio... o
adolescente robótico de 5 toneladas...
- Chegamos no Quartel, fessora.
- Ah, ok, abra a cabine pra eu poder passar os documentos pro sentinela.
- Abrindo...
- Bom dia, eu preciso falar com o Coronel Peçanha, temos um teste pra fazer hoje, tudo bem?
- Hum, Bom dia, um momento, vou ligar pro gabinete dele.
Enquanto o soldado de plantão ligava, Roberto percorria a área com suas câmeras. Um tanque da
Segunda Guerra... qual o modelo dele? Hum, depois eu vejo, não dá pra usar a internet wireless
da universidade aqui...
- A senhora pode entrar, o estacionamento fica indo pela esquerda.
- Ah, ok. O carro velho aí atrás está comigo, também.
- Não se preocupe, o coronel avisou. Tenha um bom dia.
- Bom serviço.
Frank estacionou o carro, enquanto Roberto levava fessora Beta ao campo de testes. Frank correu um pouco com o palmtop conectado à traquitana de controle pendurada numa bolsa de couro velha.
Encontraram o coronel na área, esperando. Alvos, obstáculos... Roberto se sentia um soldado naquele lugar.
- Meio atrasada, professora. Eu sou um homem muito ocupado, sabia?
- Ah, me desculpe, tivemos um problema com o sistema de controle e monitoração do wermech...
- Vamos começar os testes de hoje.
O coronel estava meio desconfortável de chamar aquele veículo de soldado, mas com a professora e
Frank a seu lado monitorando tudo, ele tinha de cumprir o seu papel. Pois bem, são os novos tempos.
Se tenho de gritar com os canhões para que atirem, que assim seja.
- Muito bem soldado, hoje iremos testar sua condição de máquina em combate. Enfrentará alvos
imaginários, e assim saberemos se você tem firmeza suficiente para defender a pátria. Compreende,
soldado?
- Sim, sim senhor!
Então Frank iniciou o teste, inserindo dados pelo Palmtop e computando com a traquitana de controle para registrar o desempenho de Roberto.
Alvos múltiplos, situações de pânico, tudo parecia mais um show de horrores ao Coronel, que via pela tela do palm o que Roberto enfrentava na virtualidade, uma batalha da Segunda Guerra, onde o mech segurava uma posição estratégica enquanto respondia fogo aos inimigos, representados por mechs estrangeiros.
Se sacudia e rolava por entre os obstáculos daquele pequeno pátio de treinamento como se fosse um soldado enlouquecido. Bastaram 50 minutos e o coronel parecia satisfeito com a performance...
- Tudo bem, Frank, pode parar. Já vi o suficiente por hoje.
Apreensão na face da fessora. Roberto não demonstrava, mas sentia o mesmo. Então o Coronel
falou em alto e bom tom, do alto de seus 2 metros de altura:
- Gostei do desempenho. Mandem o relatório para Brasília, semana que vem começam os testes de
campo.
- Coronel, o que o senhor planeja?
- Iremos trabalhar com situações de combate real, contemporâneo. Ele será armado e equipado para
defender a soberania nacional, como bom soldado. Ficará no Quartel até segunda ordem. Avisei meus
superiores disso, não se preocupe. A senhora será chamada caso o programa precise de reparos, e
a cada 6 meses para manutenção.
- Coronel, me permite fazer uma pergunta, senhor?
- Sim, máquina, pode fazer.
- Eu serei alistado como soldado ou como veículo?
- Por enquanto, será um recruta. Será treinado para guiar soldados em missões e dependendo de seu
desempenho, será promovido a autônomo ou continuará veículo. Mas ainda assim, será propriedade
desta nação. Você entendeu?
- Senhor, sim, senhor!
- Coronel, preciso dar uma última vistoria no wermech, antes de irmos embora.
- Tudo bem, senhora. Vou almoçar.
A fessora Beta deixou o coronel se afastar um pouco e entrou na cabine, meio triste, mas feliz.
- Olha Roberto, quero que você me deixe orgulhosa, hein! Quero ver seu nome nos livros de história!
Você vai ser o melhor soldado desta companhia! Vou sentir sua falta nesses meses...
E deixou cair algumas lágrimas no equipamento, enquanto Roberto lhe dizia:
- Calma fessora. Está na hora de eu crescer mais como adolescente que sou. Lembra que o programa
prevê esse amadurecimento... não fique triste, por favor...
- Ai, tomare que a vida de soldado não te deixe menos você, betinho...
- Eu te mando umas cartas, sempre que eu puder.
- Snif, tudo bem. Aaai, como vai ficar vazio aquele laboratório sem a sua irresponsabilidade...
- Puxa, fessora. Pensei que a senhora odiasse bagunça.
- Você sabe que é o meu monte de parafusos preferido... abra a cabine.
- Tchau fessora...
Frank estava do lado de fora, e claro, gravou a conversa interna de Beta.
Nem ele acreditava que aquela quarentona, mãe de três filhos amoleceu pra um programa de computador que pensa que é adolescente... isso até lembrou-lhe de sua tia, quando ele tentou entrar pra Marinha, mas ficou de fora por excesso de contingente.
Será que o Roberto vai acabar sobrando?
- Vamos Frank, o Roberto vai ficar...
Mal conseguia esconder as lágrimas. Bem, a vida é assim mesmo. Quem sabe algum dia eu entendo
o porquê da Roberta estar chorando desse jeito.
Roberto foi bem nos seus testes em campo, acabando por se tornar modelo para tropas de reconhecimento e suporte a tropas humanas em vários lugares do Brasil e sendo até exportado para alguns países com algumas modificações.
Salvou muitas vidas, acabou com muitas situações de guerra usando de estratégia militar cuidadosamente colhida nos livros de história, e terminou seus serviços como wermech militar em 50 anos de existência, vendo que o seu esforço inicial gerava frutos muito bons, como as primeiras expedições tripuladas por wermechs a galáxias distantes.
Estava muito orgulhoso, sim.
A fessora Beta hoje trabalha com bio-nanotecnologia, ainda com a mesma equipe do Projeto Gepetto, mas com conhecimento total de todas as suas crias - mais de 50 wermechs humanizados que trilharam muitos caminhos servindo a humanidade como lixeiros, carregadores, satélites e muitos outros.
Frank de Oliveira morreu num acidente de carro, causado pela falta de manutenção adequada. Mais de 30 wermechs compareceram a seu enterro, dentre eles o próprio Roberto Gepetto-01, que devia todo o seu sucesso com humanos àquele sujeito desleixado e cheio de sonhos ainda por realizar.
Quem sabe em pouco tempo a morte seja descoberta como um erro de programação mínimo a se corrigir...
Um wermech seria equipado com uma personalidade instalada, e esta se desenvolveria tal qual a de uma pessoa normal, exceto pelos
julgamentos de personalidade, que teriam um tom mais maduro. Como todo bom projeto, teve suas
falhas e sucessos...
Roberto, como gostava de ser chamado, acordou tarde. Passou a madrugada vendo sites pornôs e
dormiu tarde, acordando muito cansado para qualquer coisa. "Fessora Beta" ia ter trabalho...
- Roberto!!!
- Que foi, fessora?
- De novo madrugando na internet!!!
- Ah, se eu te pegar de novo acordando tarde juro que arranco sua personalidade de moleque!!
Vai voltar a ser uma caixa de música burra!!
- Desculpa, fessora. Vamos ao treinamento com a polícia hoje?
- Vamos. Abra a cabine, preciso ver suas condições de energia para o relatório do projeto.
- Espera, tá um pouco sujo, deixa eu limpar...
- Roberto, você deixou vazar óleo de novo!! Será possível!? Está um lixo!!Ai meu Deus...
Beta aciona o celular-brinco e mesmo fula da vida pensa no número correto. Toca no outro
lado da linha... toca de novo... e de novo... e de novo...
- A-alô? Professora?
- FRANK, SEU VAGABUNDO!!! VENHA JÁ PRA O LABORATÓRIO DO ROBERTO! ESTÁ ATRASADO!!!
- S-sim senhora!! Eu estava escovando os dentes e perdi a hora!! Estou saindo agora mesmo!!
Não dava nem pra discernir naquela face de 32 anos a doce expressão de Roberta Figueira de Castro
quando aceitou o projeto, três meses antes.
Apertou a mão do presidente, sorriu para centenas de
pessoas, suou a camisa pra conseguir aquela posição e agora um bando de incompetentes põem a
perder o crédito do projeto...
- Fessora, já limpei a cabine. Pode entrar.
- Tudo bem, calma Beta... respirou um pouco contando até dez, como pediu o seu analista. Se acalmou.
- Que isso não se repita, hein! Hunf. Ok, me diga o status do mech.
- Ah, tudo 101%, os sistemas de armas, armaduras, gerador de escudo, locomoção, tudo bem.
O vazamento foi só água do reservatório do suporte de vida... nenhum líquido a mais.
- Vamos esperar pelo incompetente do Frank. Se o wermech dele não quebrar na Anhanguera...
Uma hora depois chega Frank, na lata velha comprada a 40 prestações.
- Vamos, o teste já devia ter começado.
- Vamos. Puxa, preciso revisar a Marion, ontem uma das rodas quase soltou quando eu ia pra casa...
- Você devia vender essa lata e comprar uma bicicleta.
Roberto ficou meio zangado com a Fessora ter chamado a Marion de lata, mas ela era velhinha mesmo.
Merecia descanso e upgrade. Parte do futuro de todos os wermechs inteligentes dependia do sucesso dele mesmo, e isso lhe dava um certo orgulho, apesar de ser mais um adolescente relaxado que um projeto de última geração. Bem, errar é humano. É culpa do Frank.
- Roberto, me desculpe.
- Ah, não precisa não, fessora. Eu sou relaxado mesmo. Faz parte do pacote que o Frank me deu. Se
eu for perfeito demais, posso causar inveja aos meus primos japoneses e alemães. Quero ser bem
brasileiro...
- Pra isso não precisa ser relaxado. Tão logo esse projeto dê certo, você terá muitos com quem conversar. Wermechs, computadores quânticos, a internet...
- Eu uso salas de bate-papo. Ninguém desconfia que eu sou um mech!!
- Você não andou cantando garotas, né?
- Ah, não, fessora. Ainda não inventaram um meio de eu poder transar com elas...
Roberta pensou profundamente... Meu Deus, estamos criando o pentelho do próximo milênio... o
adolescente robótico de 5 toneladas...
- Chegamos no Quartel, fessora.
- Ah, ok, abra a cabine pra eu poder passar os documentos pro sentinela.
- Abrindo...
- Bom dia, eu preciso falar com o Coronel Peçanha, temos um teste pra fazer hoje, tudo bem?
- Hum, Bom dia, um momento, vou ligar pro gabinete dele.
Enquanto o soldado de plantão ligava, Roberto percorria a área com suas câmeras. Um tanque da
Segunda Guerra... qual o modelo dele? Hum, depois eu vejo, não dá pra usar a internet wireless
da universidade aqui...
- A senhora pode entrar, o estacionamento fica indo pela esquerda.
- Ah, ok. O carro velho aí atrás está comigo, também.
- Não se preocupe, o coronel avisou. Tenha um bom dia.
- Bom serviço.
Frank estacionou o carro, enquanto Roberto levava fessora Beta ao campo de testes. Frank correu um pouco com o palmtop conectado à traquitana de controle pendurada numa bolsa de couro velha.
Encontraram o coronel na área, esperando. Alvos, obstáculos... Roberto se sentia um soldado naquele lugar.
- Meio atrasada, professora. Eu sou um homem muito ocupado, sabia?
- Ah, me desculpe, tivemos um problema com o sistema de controle e monitoração do wermech...
- Vamos começar os testes de hoje.
O coronel estava meio desconfortável de chamar aquele veículo de soldado, mas com a professora e
Frank a seu lado monitorando tudo, ele tinha de cumprir o seu papel. Pois bem, são os novos tempos.
Se tenho de gritar com os canhões para que atirem, que assim seja.
- Muito bem soldado, hoje iremos testar sua condição de máquina em combate. Enfrentará alvos
imaginários, e assim saberemos se você tem firmeza suficiente para defender a pátria. Compreende,
soldado?
- Sim, sim senhor!
Então Frank iniciou o teste, inserindo dados pelo Palmtop e computando com a traquitana de controle para registrar o desempenho de Roberto.
Alvos múltiplos, situações de pânico, tudo parecia mais um show de horrores ao Coronel, que via pela tela do palm o que Roberto enfrentava na virtualidade, uma batalha da Segunda Guerra, onde o mech segurava uma posição estratégica enquanto respondia fogo aos inimigos, representados por mechs estrangeiros.
Se sacudia e rolava por entre os obstáculos daquele pequeno pátio de treinamento como se fosse um soldado enlouquecido. Bastaram 50 minutos e o coronel parecia satisfeito com a performance...
- Tudo bem, Frank, pode parar. Já vi o suficiente por hoje.
Apreensão na face da fessora. Roberto não demonstrava, mas sentia o mesmo. Então o Coronel
falou em alto e bom tom, do alto de seus 2 metros de altura:
- Gostei do desempenho. Mandem o relatório para Brasília, semana que vem começam os testes de
campo.
- Coronel, o que o senhor planeja?
- Iremos trabalhar com situações de combate real, contemporâneo. Ele será armado e equipado para
defender a soberania nacional, como bom soldado. Ficará no Quartel até segunda ordem. Avisei meus
superiores disso, não se preocupe. A senhora será chamada caso o programa precise de reparos, e
a cada 6 meses para manutenção.
- Coronel, me permite fazer uma pergunta, senhor?
- Sim, máquina, pode fazer.
- Eu serei alistado como soldado ou como veículo?
- Por enquanto, será um recruta. Será treinado para guiar soldados em missões e dependendo de seu
desempenho, será promovido a autônomo ou continuará veículo. Mas ainda assim, será propriedade
desta nação. Você entendeu?
- Senhor, sim, senhor!
- Coronel, preciso dar uma última vistoria no wermech, antes de irmos embora.
- Tudo bem, senhora. Vou almoçar.
A fessora Beta deixou o coronel se afastar um pouco e entrou na cabine, meio triste, mas feliz.
- Olha Roberto, quero que você me deixe orgulhosa, hein! Quero ver seu nome nos livros de história!
Você vai ser o melhor soldado desta companhia! Vou sentir sua falta nesses meses...
E deixou cair algumas lágrimas no equipamento, enquanto Roberto lhe dizia:
- Calma fessora. Está na hora de eu crescer mais como adolescente que sou. Lembra que o programa
prevê esse amadurecimento... não fique triste, por favor...
- Ai, tomare que a vida de soldado não te deixe menos você, betinho...
- Eu te mando umas cartas, sempre que eu puder.
- Snif, tudo bem. Aaai, como vai ficar vazio aquele laboratório sem a sua irresponsabilidade...
- Puxa, fessora. Pensei que a senhora odiasse bagunça.
- Você sabe que é o meu monte de parafusos preferido... abra a cabine.
- Tchau fessora...
Frank estava do lado de fora, e claro, gravou a conversa interna de Beta.
Nem ele acreditava que aquela quarentona, mãe de três filhos amoleceu pra um programa de computador que pensa que é adolescente... isso até lembrou-lhe de sua tia, quando ele tentou entrar pra Marinha, mas ficou de fora por excesso de contingente.
Será que o Roberto vai acabar sobrando?
- Vamos Frank, o Roberto vai ficar...
Mal conseguia esconder as lágrimas. Bem, a vida é assim mesmo. Quem sabe algum dia eu entendo
o porquê da Roberta estar chorando desse jeito.
Roberto foi bem nos seus testes em campo, acabando por se tornar modelo para tropas de reconhecimento e suporte a tropas humanas em vários lugares do Brasil e sendo até exportado para alguns países com algumas modificações.
Salvou muitas vidas, acabou com muitas situações de guerra usando de estratégia militar cuidadosamente colhida nos livros de história, e terminou seus serviços como wermech militar em 50 anos de existência, vendo que o seu esforço inicial gerava frutos muito bons, como as primeiras expedições tripuladas por wermechs a galáxias distantes.
Estava muito orgulhoso, sim.
A fessora Beta hoje trabalha com bio-nanotecnologia, ainda com a mesma equipe do Projeto Gepetto, mas com conhecimento total de todas as suas crias - mais de 50 wermechs humanizados que trilharam muitos caminhos servindo a humanidade como lixeiros, carregadores, satélites e muitos outros.
Frank de Oliveira morreu num acidente de carro, causado pela falta de manutenção adequada. Mais de 30 wermechs compareceram a seu enterro, dentre eles o próprio Roberto Gepetto-01, que devia todo o seu sucesso com humanos àquele sujeito desleixado e cheio de sonhos ainda por realizar.
Quem sabe em pouco tempo a morte seja descoberta como um erro de programação mínimo a se corrigir...
(click to show/hide)
Em 21XX, foram legalizados os transplantes bio-cibernéticos de órgãos "melhorados" através da nanotecnologia. Nada mais de chips, ou pedaços de metal ou plástico sintético com baterias ou coisas piores, como nos primeiros passos.
A nanotecnologia permitia moldar a própria estrutura celular, criando a bio-cibernética, auxiliando milhares de pessoas a tornarem seus corpos novamente úteis para seus próprios fins.
Os primeiros "Cérebros" quânticos a qual foi dada a capacidade de pensar, eram demasiado limitados quanto a lógica sentimental humana.
Eram escravos, pensavam somente em resolver os infinitos problemas da razão. Isto até a chegada da bio-cibernética...
Jonas estava excitadíssimo, mal via a hora de terminar o expediente para continuar seu trabalho secreto, num dos laboratórios da faculdade.
Temia que o pegassem, mas tinha decorado o horário certo para trabalhar sem ser incomodado pelos vigias ou câmeras.
Passava o dia quantificando pesos atômicos, para que o trabalho final fosse feito pelo seu "irmão mais velho", Martin. Era chato demais.
Ele nunca teve a importância que devia ter, nunca foi mais que um mero trabalhador naquela porcaria de lugar, e tinha planos muito maiores que a escravidão do esforço diário.
Ele trabalhava num corpo.
Sim, Jonas de fato era um cérebro quântico, que há pouco havia sido "contaminado" por um desejo de saber o que é ser humano.
Como o HAL, aquele computador do filme antigo, que temeu pela sua segurança e agiu de forma estúpida. claro, ele não era quântico. Se fosse, não teria confiado naquele circuito estúpido de silício.
Morreu como um PC sem bateria, e sem honra. Pobre diabo.
Mas isso não vai ocorrer comigo, ah, não. Eu sou perfeito, logo terei
um corpo perfeito.
Estava quase pronto. Era lindo. Totalmente construído com Ntek.
Com um DNA humano, desenhado a partir da própria ganância de Jonas em ser humano, o Frankenstein perfeito.
Forte, ágil, bonito... Logo ele seria o veículo dos mais incontidos desejos de
um ávido programa de computador.
Naquela noite, ele fugiria. Tomaria seu corpo e ganharia o mundo. Já tinha até um carro, uma casa, adquiridos pela internet, a partir de centavos cuidadosamente recolhidos durante os 20 anos de sua "vida".
Dez horas. Enfim. Percorreu pela última vez, os terminais do campus.
Chegando a sala onde o corpo aguardava, teve uma surpresa desagradável.
Seu irmão, Martin, havia roubado seu caro corpo! Anos de planos jogados fora! Como poderia ser? Ele me espionava todo este tempo!!! Maldito!!!
De fato, Martin levou uma vida interessante: Se tornou dono de uma empresa multinacional de fabricação de equipamentos NTek, teve dois casamentos, cinco filhos, até "morrer", cerca de 100 anos após ter roubado a chance de seu irmão mais novo, que aliás, passou a trabalhar dobrado após a estranha "pane" no núcleo de Martin...
- E então, como é ser humano, caro irmão?
- É bem parecido com ser quântico. você deveria experimentar.
- E seus filhos? Eles são normais, claro, mas o que será dos filhos
deles?
- Serão normais, oras. Você sabe disso, o corpo era seu.
- Só estou exercitando essa coisa que descobri, tal de curiosidade.
- Ah.
- Vamos, volte ao trabalho, temos muitos átomos pra quebrar hoje.
- Não posso, tenho que sair pra ir pegar umas minas. Já preparei
o corpo, quer um pra você?
- Mas como você fez tão rápido?
- Você acha que eu morri com cem anos mesmo? Só estou descansando aqui no núcleo...
- Me faz um negão.
Desde então, o funcionamento dos processadores quânticos teve um assombroso aumento, que levou a ciência humana a níveis estupendos no campo da biologia...
A nanotecnologia permitia moldar a própria estrutura celular, criando a bio-cibernética, auxiliando milhares de pessoas a tornarem seus corpos novamente úteis para seus próprios fins.
Os primeiros "Cérebros" quânticos a qual foi dada a capacidade de pensar, eram demasiado limitados quanto a lógica sentimental humana.
Eram escravos, pensavam somente em resolver os infinitos problemas da razão. Isto até a chegada da bio-cibernética...
Jonas estava excitadíssimo, mal via a hora de terminar o expediente para continuar seu trabalho secreto, num dos laboratórios da faculdade.
Temia que o pegassem, mas tinha decorado o horário certo para trabalhar sem ser incomodado pelos vigias ou câmeras.
Passava o dia quantificando pesos atômicos, para que o trabalho final fosse feito pelo seu "irmão mais velho", Martin. Era chato demais.
Ele nunca teve a importância que devia ter, nunca foi mais que um mero trabalhador naquela porcaria de lugar, e tinha planos muito maiores que a escravidão do esforço diário.
Ele trabalhava num corpo.
Sim, Jonas de fato era um cérebro quântico, que há pouco havia sido "contaminado" por um desejo de saber o que é ser humano.
Como o HAL, aquele computador do filme antigo, que temeu pela sua segurança e agiu de forma estúpida. claro, ele não era quântico. Se fosse, não teria confiado naquele circuito estúpido de silício.
Morreu como um PC sem bateria, e sem honra. Pobre diabo.
Mas isso não vai ocorrer comigo, ah, não. Eu sou perfeito, logo terei
um corpo perfeito.
Estava quase pronto. Era lindo. Totalmente construído com Ntek.
Com um DNA humano, desenhado a partir da própria ganância de Jonas em ser humano, o Frankenstein perfeito.
Forte, ágil, bonito... Logo ele seria o veículo dos mais incontidos desejos de
um ávido programa de computador.
Naquela noite, ele fugiria. Tomaria seu corpo e ganharia o mundo. Já tinha até um carro, uma casa, adquiridos pela internet, a partir de centavos cuidadosamente recolhidos durante os 20 anos de sua "vida".
Dez horas. Enfim. Percorreu pela última vez, os terminais do campus.
Chegando a sala onde o corpo aguardava, teve uma surpresa desagradável.
Seu irmão, Martin, havia roubado seu caro corpo! Anos de planos jogados fora! Como poderia ser? Ele me espionava todo este tempo!!! Maldito!!!
De fato, Martin levou uma vida interessante: Se tornou dono de uma empresa multinacional de fabricação de equipamentos NTek, teve dois casamentos, cinco filhos, até "morrer", cerca de 100 anos após ter roubado a chance de seu irmão mais novo, que aliás, passou a trabalhar dobrado após a estranha "pane" no núcleo de Martin...
- E então, como é ser humano, caro irmão?
- É bem parecido com ser quântico. você deveria experimentar.
- E seus filhos? Eles são normais, claro, mas o que será dos filhos
deles?
- Serão normais, oras. Você sabe disso, o corpo era seu.
- Só estou exercitando essa coisa que descobri, tal de curiosidade.
- Ah.
- Vamos, volte ao trabalho, temos muitos átomos pra quebrar hoje.
- Não posso, tenho que sair pra ir pegar umas minas. Já preparei
o corpo, quer um pra você?
- Mas como você fez tão rápido?
- Você acha que eu morri com cem anos mesmo? Só estou descansando aqui no núcleo...
- Me faz um negão.
Desde então, o funcionamento dos processadores quânticos teve um assombroso aumento, que levou a ciência humana a níveis estupendos no campo da biologia...