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ARTE => Poemas => Tópico iniciado por: Malena Mordekai em Outubro 15, 2011, 10:34:18 am

Título: O Internauta Perfeito
Enviado por: Malena Mordekai em Outubro 15, 2011, 10:34:18 am
(http://1.bp.blogspot.com/_I_ImFAmedKw/TPkJ-lWvatI/AAAAAAAAAQ4/aWFR0_xSVTM/s640/evil_twitter_bird_2.jpg)


Passou o dia naquela solidão de monstro da lagoa
Ruminou pensamentos, regurgitou ideias e arrobas
Misturou todas e semeou eclipses e apocalipses.

Andando por sua teia, tecia um mundo melhor
Melhor para seu próprio bem, o bem maior egoísta.

Zanzou a noite inteira caçando o que fazer, abriu a CAM
Demorou demais pra descobrir os tons certos de seu violão
A toada rompeu a noite, cigarras choravam lá fora.

Andando por sua mente, maldava uma vida melhor
Melhor para sua própria vida, a vida inútil sem fim.

Exibiu postagens de curiosidades, de merda assumida.
Linkou demônios a anjos e borboletas a calangos
Tuitou horrores, vomitou na tela um amor egoísta.

Refazendo a própria mente, moldava um mundo melhor
Melhor para sua casa absurda, a casa da sobrecarga final.

Banzou a tarde inteirinha, maginando grilos e curiangos virtuais
Não sabia o que postar e postou fotos de um futuro impossível.
Curtiu a vida adoidado e cadastrou seu inferno pessoal.

Refazendo a própria vida, deletava um mundo maior
Maior que aquela negação de gente, o internauta perfeito.



Publicado originalmente em http://insanemission2.blogspot.com/2011/10/o-internauta-perfeito.html (http://insanemission2.blogspot.com/2011/10/o-internauta-perfeito.html)
Título: Re:O Internauta Perfeito
Enviado por: z é d u a r d o em Outubro 18, 2011, 11:50:25 am
Minha primeira impressão é de satisfeito, porque você tomou coragem de falar em poesia sobre uma coisa que eu não ousaria: a internet.

Haha, não sei porque isso acontece comigo. Acho que passei tanto tempo absorvendo uma cultura completamente anacrônica à minha (a ponto de ser fantástica) que fico sem jeito, com vergonha e desconcerto, de escrever ou retratar meu próprio tempo e mundo como eles são, cheios dessas virtualidades imperfeitas e bizarras.

Daí, acima de qualquer questão de ritmo ou rima ou construção, respeito esse poema por essa característica de sinceridade.