Notícias relativamente boas: acabou de ser aprovado na câmara o novo Plano Nacional de Educação (ainda tem que passar pelo congresso).
Entre as metas do PNE, as mais interessantes: professores ganhando salário equivalente ao de outros profissionais de grau de escolaridade equivalente, educação em tempo integral para 50% das escolas públicas de ensino básico e (o mais falado) aumento do investimento em educação dos atuais 5% para 10% (prazo de 10 anos para cumprimento da meta), tendo que ter aumentado para no mínimo 7% em 5 anos. Detalhe é que alguns estudos (já desde o ano passado) mostravam que os 5% adicionais seriam apenas o mínimo para implementar tadas as medidas propostas pelo PNE. Ou seja, em 5 anos vamos começaaar a ver alguma mudança, e em 2020 talvez as coisas comecem a entrar nos eixos. O que é bom, porque é melhor entrar nos eixos em 2020 do que nunca (exceto que o pré-sal, olimpiadas e nossa chance de brilhar no cenário mundial não vão esperar)
Nota especial para a meta 7 do PNE: até 2021, elevar a média nacional do ensino medio no IDEB para
ridículos 5.2 (para quem não sabe, vai de 0 a 10, sendo 6 a media mínima estabelecida pelo MEC). Pelo menos eles estão sendo realistas aqui. Mais ridículo ainda, a estratégia 16 para esta meta: "Garantir o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena". Eu nunca fiz nenhuma avaliação do IDEB, mas não é cobrado apenas matemática, leitura e ciências? Não querendo desvalorizar a história indígena, mas como isso vai aumentar a média no IDEB? Isso no máximo serve para deixar claro que os redatores do PNE não tinham muita ideia do que estavam escrevendo. Outra estratégia para aumentar nossa média no IDEB: "Implementar políticas de inclusão e permanência na escola para adolescentes e jovens que se encontram em regime de liberdade assistida e em situação de rua, assegurando-se os princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente de que trata a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990". :facepalm:
Ainda tem muita coisa faltando (uma meta de reduzir o número de alunos por turma para a metade seria um ouro), e no geral eu continuo pessimista. Parece que basta dizer que vão aumentar os investimentos que o pessoal já acha que tudo vai melhorar automaticamente. Se esquecem que o ponto não é a quantidade de investimento, mas sim a qualidade do mesmo. Tanto que o país com os melhores indices educacionais é a Finlandia, que investe "apenas" 6.5% do PIB em educação. A questão é primariamente cultural, e isto é algo que ninguém parece querer mudar por aqui (um vídeo interessante mostrando como são as escolas da finlândia pode ser visto aqui:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/programmes/world_news_america/8601207.stm)
Mesmo assim, saber que o professor vai poder ganhar o mesmo que um engenheiro já dá algum motivo para comemoração...