O músico Raphael Lopes, 24, que chamou a polícia durante um show de stand-up após ser comparado a um macaco por um humorista, diz que a piada racista da qual foi vítima foi a coisa "mais leve" que ouviu na noite de segunda passada, no Kitsch Club, zona sul de São Paulo.
Ele não assinou o termo que era submetido às pessoas que pagaram R$ 60 para ver a apresentação de vários comediantes, entre eles Danilo Gentili, Fábio Rabin e Felipe Hamachi, este último autor da piada que causou a confusão.
o termo, clientes se comprometiam a não ficarem ofendidos com o humor "Proibidão" da noite, que teve como temas centrais negros, gays, deficientes e mulheres.
O advogado de Raphael, Dojival Vieira, afirma que estuda "medidas legais cabíveis". Hamachi já pediu desculpas públicas ao músico.
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Folha - Você sabia o que era o show "Proibidão"?
Raphael Lopes - Não. A banda já tocava na casa, mas o show foi de última hora.
Você assinou o termo em que se comprometia a não se ofender com as piadas?
A banda não assinou.
Quando ficou incomodado?
Logo no começo. Era horrível. Tinha piadas como: "Só namorei com mulheres com defeito --cega, muda--, mas a pior foi uma cadeirante...".
Comigo foi o mais leve.
E quando decidiu sair?
O Felipe disse: "Dizem que a Aids veio do macaco, mas não acredito. Transo sempre com macaco". Aí olhou para mim e disse: "Né?". Saí sutilmente e chamei a polícia.
E o show continuou?
Sim. Pouca gente ali sentiu a minha ausência.
E quando a polícia chegou?
O policial, também negro, me chamou de canto e disse: "A essa hora, se formos para a delegacia, vai ficar tudo como um mal entendido". Aí deixei como estava.
O humorista que fez a piada te procurou naquela noite?
Veio me pedir desculpas.
Você o desculpou?
Queria acabar logo com o assunto. Apertei a mão dele e não esbocei reação. Não há mágoa. Ele é só mais um que quer fazer sucesso com isso que chamam de humor.
De onde vem seu apelido Dantop? Tem conotação racial, por ser um doce de chocolate?
Teve até um comediante que disse: "Seu apelido é Dantop e você não acha racista?". O apelido não tem nada a ver com o fato de eu ser negro. É uma coisa de quando era adolescente. Prefiro não contar o motivo.
Acabou em confusão a primeira edição do Proibidão, show de stand-up no qual comediantes fazem piadas preconceituosas contra negros, gays, deficientes e mulheres.
Um músico da banda que fazia as vinhetas entre uma apresentação e outra se sentiu ofendido por uma piada racista contada pelo humorista Felipe Hamachi.
Negro, o tecladista chamou a Polícia Militar. Após muita conversa, a confusão foi resolvida ali mesmo, sem a necessidade de registrar um boletim de ocorrência.
CARTA ANTIOFENSA
O show aconteceu na noite de anteontem, no Kitsch Club, zona sul paulistana.
Já na entrada, as pessoas tinham de assinar um termo de compromisso, confirmando que não ficariam ofendidas com nada que fosse dito.
A plateia era formada por pessoas de várias idades. Havia negros e mulheres. Entre os comediantes estavam Danilo Gentili, Fábio Rabin e Luiz França. Alexandre Frota era o apresentador.
A confusão ocorreu no momento em que o humorista Hamachi disse que não se pega Aids em relações sexuais com macacos e, em seguida, dirigiu olhares para o tecladista insinuando que mantinha uma relação com ele.
O músico, que não havia assinado o compromisso de "não ofensa" que é imposto ao público, abandonou o palco e chamou a polícia, que foi ao local. Amigos, companheiros da banda e funcionários tentaram acalmá-lo.
À Folha Alexandre Frota disse não ter percebido o ocorrido, pois não estava no palco no momento. Ele disse acreditar que o público se divertiu com a noite e até aplaudiu de pé. "Ninguém agrediu ninguém na rua ou dentro de um bar. É feito no palco."
O sócio majoritário do Kitsch Club, Marcelo Szykman, disse que não esperava tal reação. Segundo ele, a função da comédia é "provocar reflexão e quebrar mitos e tabus".
Em sua página do Facebook, Hamachi disse: "A única pessoa com quem brinquei no show era a única que não estava avisada do que aconteceria ali e isso causou mal-estar, que foi resolvido depois de muita conversa e de eu pedir desculpas para a pessoa".
A Folha não localizou o músico, que é conhecido como Rapha "Dantop".
O que me intrigou foi o pessoal ter que assinar um termo se responsabilizando a não se ofender com o que acontecesse dentro do estabelecimento. Isso pode?Até onde eu sei (e isso não é quase nada, perguntar pro Gegê depois) você não pode abdicar de qualquer direito legal seu, mesmo que assinado.
A Comédia É o pior lado do homem. É lado escroto e grotesco.
Não há nada belo e digno na comédia.
Se houvesse, seria a Tragédia, que na definição é descrita como "o melhor do homem".
Agora, ter o APELIDO DE DANTOP, ele não leva como racismo? No no no.
Bom, por isso eu adoro os judeus - que não só são comediantes extraordinários, como costumam a ser os maiores autores de humor judaico (que outra religião - e talvez etnia - devota livros e espaço em suas congregações só para a arte de tirar sarro de si mesma?).
Então, amor. A definição da comédia é realmente o pior lado que o homem pode ter. Isso não é uma opinião minha, é a definição desde a comédia grega.CitarA Comédia É o pior lado do homem. É lado escroto e grotesco.
Não há nada belo e digno na comédia.
Se houvesse, seria a Tragédia, que na definição é descrita como "o melhor do homem".
(...) Falar que comédia se resume apenas a explorar o pior do homem já seria uma ofensa tremenda(mas perdoável talvez pela ignorância) mas dizer que 'é o pior do homem' ultrapassou as barreiras.
Aí brincou, isso já ultrapassou os limites do errado. Vc realmente coloca comédia a frente de todas as atrocidades que já fizemos e fazemos? Serinho que vc ignora toda a relevância política que a comédia sempre teve, talvez o mais antigo e consagrado método de crítica social? E isso só falando do óbvio, do que é mais reconhecido.Não, a comédia não tem limites. É um fato. Ponto.
Há mais gêneros e estilos de comédia do que qualquer outro do drama.Óbvio.
Existe humor de qualidade, inteligente, sem sensacionalismos e schadeunfraude. Como praticamente tudo há maior proporção de lixo do que as boas obras.Humor de qualidade, é claro, mas eles sempre vão citar o pior lado do homem. :)
Então, amor. A definição da comédia é realmente o pior lado que o homem pode ter. Isso não é uma opinião minha, é a definição desde a comédia grega.
Hã, exceto que não. A definição aristotélica contrapõe o tipo de homem representado: o homem elevado na tragédia e o homem comum, risível, desprezível na comédia. Isso não quer dizer que a comédia deva ser obrigatoriamente um reduto de babaquice, ela é simplesmente a retratação de gente que não é elevada
Hã, exceto que não. A definição aristotélica contrapõe o tipo de homem representado: o homem elevado na tragédia e o homem comum, risível, desprezível na comédia. Isso não quer dizer que a comédia deva ser obrigatoriamente um reduto de babaquice, ela é simplesmente a retratação de gente que não é elevada.¬¬
Mas a Noara falou sobre o que é pior no homem ser a comédia você falou algo semelhante com palavras bonitas.Obrigada, era isso que eu ia responder.
O ideal do homem na Tragédia e o cara Desprezível na comédia [ o pior do homem]
Em tempo: o que essa definição (errada) de comédia veio fazer num tópico sobre um evento que tinha o FROTA?kkkkkkkkkkkkkk, faleci horrores com isso. XD
Porra, Noara!
Então, mal ae, mas acho que o humor tem limites sim. É a linha tênue que separa a Risada e o Horror frente ao pior do homem (na forma de catarse), da Idolatria ao Pior do Homem, que é o que acontece com essa leva medíocre do stand up brasileiro e com esse movimento babaca do "politicamente incorreto".
Pablo Villaça tem um texto ótimo sobre o assunto:
http://www3.cinemaemcena.com.br/pv/BlogPablo/post/2011/05/14/Fazer-comedia-nao-e-facil.aspx (http://www3.cinemaemcena.com.br/pv/BlogPablo/post/2011/05/14/Fazer-comedia-nao-e-facil.aspx)
Bom, por isso eu adoro os judeus - que não só são comediantes extraordinários, como costumam a ser os maiores autores de humor judaico (que outra religião - e talvez etnia - devota livros e espaço em suas congregações só para a arte de tirar sarro de si mesma?).
Kinder Ovo e Dan-top pra mim dá a ideia de "preto por fora, branco por dentro".
Politicamente incorreto =/= babaca
Pablo Villaça tem um texto ótimo sobre o assunto:
http://www3.cinemaemcena.com.br/pv/BlogPablo/post/2011/05/14/Fazer-comedia-nao-e-facil.aspx (http://www3.cinemaemcena.com.br/pv/BlogPablo/post/2011/05/14/Fazer-comedia-nao-e-facil.aspx)
Nossa, ótimo. Os gringos podem fazer piadas que tá de boa, afinal eles são os "genios" do gênero. Aí vamos fazer a mesma coisa ... BAM! Quanta defecação mental, quer pagar de entendido pra forçar sua opnião.
Moralismo é uma merda mesmo.
Não tem nada a ver com ser gringo, eles têm sua própria cota de "humoristas" retardados que usam o humor como desculpa pra falar merdas (exemplo mais recente: Rush Limbaugh), e que são igualmente criticados pelo autor do texto. Esse coitadismo aí não tem sentido.
CitarNão tem nada a ver com ser gringo, eles têm sua própria cota de "humoristas" retardados que usam o humor como desculpa pra falar merdas (exemplo mais recente: Rush Limbaugh), e que são igualmente criticados pelo autor do texto. Esse coitadismo aí não tem sentido.
Primeiro Rush Limbaugh NÃO é humorista. Sério cara desculpa, mas o texto Pablo é tão tosco que nem tenho palavras.
O humor deles não é agradável para você não assista. Agora para de querer tirar o direito de se fazer piadas de humor negro.
Se faz questão de um exemplo que seja literalmente um comediante, fique com Jimmy Carr ou Bill Maherr, ambos da mesma leva de humor burro e ofensivo. O ponto se mantém: piadas ruins "politicamente incorretas" (óóó, que coragem) não são exclusividade brasileira. Como tantas outras podridões, eles estão só tentando imitar os gringos.
pois o estado não é babá da população pra dizer o que ela pode ou não ter contato.
Citarpois o estado não é babá da população pra dizer o que ela pode ou não ter contato.
País errado para dizer isso. :P
Nós não estamos tratando de um público infantil. É um humor feito para adultos e adultos não podem colocar a culpa de seus preconceitos em um show de stand up que assistiu
O que não dá pra aceitar é esse pensamento de "é tudo só piada, piadas são inofensivas, quem se ofender é que está errado".
Infelizmente. E estamos ficando cada vez mais babysitteristas....
Bom, levem em consideração que, segundo o Assumar, eu tenho um linguajar chulo. :linguinha:
Até tentamos, no chat, formar a palavra nipopedonecrofilia, por exemplo, que me parece uma das piores coisas que um homem pode fazer.
Mas aí a palavra estava abarrotada, como zoonipopedonecrohidroagoraescatofilia...
Notificar-me de respostas.me fez falta, quatro páginas...
, e que aquilo que é aceito como "alvo livre pra piada" fica automaticamente mais fácil de tratar como sub-humano...
Eu sei que ninguém é obrigado a entender conceitos menos óbvios sobre como o homem é moldado pela sociedade em que vive...mas eu sei também que não são todos que pecam por não entender isso, e sim por entender e não se importar. Isso eu acho imperdoável.
zoonipopedonecrohidroagoraescatofilia...Quem são vocês e como olharam dentro da minha ALMA!?
Acabei de ler umas palavrinhas de um "comediante" chamado Bruno Mazzeo e resolvi comentar. veja o que ele escreveu:Citação de: Bruno MazzeoHá muito tempo eu vivi calado, mas agora resolvi falar. Os caras do stand up são muito unidos, tanto na hora de falar o que quiserem, quanto na hora de se revoltar quando sofrem críticas. O termo “politicamente incorreto” virou salvo conduto para se acharem no direito de falar qualquer coisa. E, quando criticados, se unem para dizer que há censura. Não há. Censura é não poder falar. E todos eles podem falar o que bem entenderem, tanto que andam fazendo isso, aqui e ali, em bares e no Twitter. Desculpem-me todos, mas chamar um negro de “macaco”, como fez o rapaz semana passada em Sampa, o que gerou até policia, não tem nada a ver com humor. Não tem crítica, como necessita o humor. Não tem graça, como necessita mais ainda o humor. É apenas agressividade. Como foi com a piadinha de Auschwitz tempos atrás. Como são todas as (mesmas de sempre) que vivem fazendo com Preta Gil, por exemplo. Se eu mandar meu síndico “tomar no cu”, não estarei sendo politicamente incorreto. Estarei apenas sendo mal educado.
Não gostarem da piada, acho justo. Processarem o comediante, acho justo. Odiarem a família dele, acho justo. Mas pegue o meu exemplo. Estou:
- Proibido por lei de fazer certos comentários sobre determinados grupos de pessoas;
- Perdendo processos judiciais;
- Ameaçado de ir parar na cadeia (sim, essa possibilidade ainda não está descartada).
Você não acha que é preciso fazer uma análise profunda sobre a questão da liberdade de expressão?
Teu texto atenta contra a tua própria profissão, amigão.
Não julgo se a piada foi boa, ou não. Piadas precisam de contexto e só quem tem isso é quem estava no local, mas venho aqui dar o meu apoio ao comediante Felipe Hamachi.
Acerte, erre, mas não seja Bruno Mazzeo, digo, bundão.
TODO IDIOTA sabe que negro não é macaco...Infelizmente não.
Então, Stinger, não somos tão livres assim.
Dúvida: Se o comediante que comparou o negro com macaco fosse negro e soltasse a frase para um branco (como se ele estivesse sujeito a passar AIDS para o branco) a repercussão seria a mesma?
Pois por essa lógica, só uma anã, gorda, judia, perneta, homossexual e afrodescente estaria livre para falar o que quiser sobre as ditas minorias, ou estou enganado?
Isso tudo me lembra de um dos filmes da Hora do Rush, em que o companheiro do Jack Chun chama um afrodescendente de criolo e o cara sorri, daí quando chines chama o cara de criolo o cara fica com cara de bravo pronto para bater nele. Tipo, qual a lógica de se ofender por uma coisa e não por outra?
No final das contas, o preconceito estaria em quem verbalizou com um tom de humor ou em quem ouviu sem tom algum?
Claro que tem uns comediantes que abusam, mas isso não justifica acabar com o humor em si. Ainda vejo a lei antibullying como um passo para o abismo, pois tem outras formas de combate-lo além da judicial. Por exemplo: não incentivá-lo. Ajudar a pessoa a "superar". (Lembro de certa vez ter visto uma propaganda antibullying dos EUA, em que diversos artistas falavam terem sofrido bullying na escola mas terem usado aquilo como uma forma de se superarem). Não deveriam ser as leis a educar uma sociedade, ao meu ver.
Mas claro, isso sou eu: um branco de classe média-baixa, heterossexual e "saudável" quem está indagando, então "julguem como quiserem".
Aliás, o argumento "se fosse uma piada com branco ninguém falaria nada" é completamente idiota porque, ora, não existem piadas "de branco". Não existem piadas "de hétero". Existem piadas com grupos que foram ou são marginalizados. Existe piada de preto e piada de bicha. Não se faz humor com brancos ou com heterossexuais porque não existe um grupo superior disposto a minimizá-los ou ridicularizá-los.
[...]
Esses argumentos do Rain são argumentos de branco que acha que preconceito não existe ou que não causa mal. Foda.
Esses argumentos do Rain são argumentos de branco que acha que preconceito não existe ou que não causa mal.
Esses argumentos do Rain são argumentos de branco, que acha que preconceito não existe ou que não causa mal.
Este tipo de preconceito existe, sempre existirá e não são piadas que o reforçarão. Repito isto é besteira, o problema do preconceito não esta no humor, nunca esteve e nunca estará. Cabe ao lesado, mostrar que os preconceituosos estão errados, e a cada dia os negros e outros grupos de “minoria” (que aqui não são tão minoria assim) provarem por A+B que este tipo de idéia é ultrapassada, deixando só os retardados mentais fazerem a proeza de a possuírem (por que sempre existiram retardados metais preconceituosos)
Poxa Rain, xenofobia existe até mesmo entre os próprios nordestinos.
outras são puro preconceito, como por exemplo as piadas que manauaras fazem com paraenses.E pior:
Péra, péra, péra...
Estão colocando muitos gatos no mesmo saco.
Uma coisa é: profissionais que ganham dinheiro com humor fazerem piadas de cunho ofensivo em determinados locais e eventos, para público específico.
Outra coisa completamente diferente é: eu chamar alguém de "preto fedido" e dizer que isso é uma piada.
Gente, não são a mesma coisa.
Mas as piadas fazem mal mesmo quando são ouvidas só por gentinha descolada que curte esse humor ousado e corajoso. Servem pra encorajar preconceitos que já existem, e tornar aceitável todo tipo de discriminação, afinal tem tanta gente rindo junto comigo daqueles pretos/viados/judeus, essa laia deve ter problema mesmo! Mesmo que o indivíduo não se dê conta disso de forma consciente, esse sentimento influi na hora de escolher um preto com cara de macaco na entrevista de emprego. Ou fechar um olho quando vê uma dessas sub-pessoas sendo agredida verbalmente por uma pessoa diferente, com um preconceito igual. Ou destratar um desses por ter a audácia de namorar com a sua filha. E por aí vai.