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Sociedade e restrições

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Lucita:


Tudo começou com o velho e batido papo sobre "não se pode ficar fazendo piada sobre os oprimidos e achar que tá tudo bem" e chegou até "essa lei antifumo tá errada porque eu tenho direito de fumar onde eu quero"vs "a lei está certa porque eu tenho direito de NÃO fumar o cigarro de um sem noção mal educado que fuma em qualquer lugar".

Mas a essência da coisa é: uns acreditam que precisa-se regulamentar as coisas que prejudicam a vida em sociedade até que isso se torne algo cultural e cada um saiba respeitar naturalmente o lugar do outro, enquanto outros acreditam que proibir as pessoas de fazerem as coisas é se valer de censura e que isso vai prejudicar os direitos das pessoas.

Eu não acho que a liberdade de expressão, hoje, é uma coisa que precisa de ter um cuidado tão melindroso pra se proteger. Eu sinceramente não vejo esse tipo de liberdade em apuros hoje em dia no Brasil. Não tanto quanto os oprimidos precisam de proteção, que se mude a cultura que os oprime, que sejam feitas coisas pra melhorar a situação deles.

Não acho que seja mais importante proteger a liberdade que uma pessoa tem de fumar do que proteger a liberdade das outras que não querem fumar: o cigarro solta uma fumaça que faz mal, você tem que decidir o que vc faz com o seu corpo, não com o corpo dos outros. Ninguém impediu ninguém de fumar, só impediu de fumar em locais inapropriados.

Você precisa cagar, vai baixar as calças no meio da rua e cagar ali mesmo, porque você tem direito de se aliviar? Porque faz mal ficar segurando? Tá errado proibir as pessoas de sujarem as vias públicas?

Não pode proibir as pessoas de fazerem umas coisas porque "daqui a pouco tudo tá proibido" ou "proibiram a coisa porque 'achavam que isso faz mal' só que isso é relativo", ou "quem vai julgar o que vai ser proibido e o que não vai". Porque, aparentemente o mundo é assim: preto-no-branco, ou sim ou não, ou 8 ou 80, pra tudo. Bora liberar geral pra não ferir os direitos das pessoas serem escrotas umas com as outras.

Fiquem com um dos melhores TEDs que eu vi recentemente. Ele trata de escolhas, mas dá pra fazer um bom paralelo entre as escolhas e as questões de restrições. Porque isso tudo se trata de uma questão de liberdade. De que adianta termos liberdade de escolha numa sociedade culturalmente podre, onde essas escolhas vão causar um imenso prejuízo em troca de uma pequena bobagem fútil? Deixar as pessoas terem liberdade de prejudicar os outros, só pra dizer que todo mundo é livre eba? Liberdade de quem, carapalida?

http://www.ted.com/talks/sheena_iyengar_on_the_art_of_choosing

VA:
Falou tudo, Lucita.

(Não, sério, não tenho nada a acrescentar. Pra mim a abertura do tópico já tem os argumentos que eu mesmo usaria.)

Elven Paladin:
Um detalhe secundário, mas incrivelmente curioso. Apenas citando todo os momentos onde a palavra "livre" ou derivados dela foram citadas.

"Não coloco o livre discurso em um pedestal' (Eltor)
"Eu não acho que a liberdade de expressão, hoje, é uma coisa que precisa de ter um cuidado tão melindroso pra se proteger"
"Eu sinceramente não vejo esse tipo de liberdade em apuros hoje em dia no Brasil"
" Bora liberar geral pra não ferir os direitos das pessoas serem escrotas umas com as outras."
" De que adianta termos liberdade de escolha numa sociedade culturalmente podre, onde essas escolhas vão causar um imenso prejuízo em troca de uma pequena bobagem fútil?"
"Deixar as pessoas terem liberdade de prejudicar os outros, só pra dizer que todo mundo é livre eba? Liberdade de quem, carapalida?"

Não é curioso como salvo em parágrafo, todos usos dessa palavra a colocam como algo secundário, pouco importante ou associada a atos danosos, como se seus defensores fossem idiotas ou fúteis? :)

Lucita:
Sou suspeita pra falar porque foi eu quem escreveu, mas aqui, onde a discussão é exatamente sobre o quanto essa "busca pela liberdade total" não é tudo essa lindeza que parece, é claro que os argumentos são o uso dessa liberdade para a prática de atos danosos. Eu não vou argumentar a minha ideia falando o quanto é incrível e bom sermos livres pra viajar pra onde a gente quer, por exemplo.

Toda a minha argumentação se baseia em defender que a liberdade, única e exclusivamente não deveria ser a única coisa a ser cultivada em sociedade, já que se trata de um conceito muito amplo e genérico e que pode (e é) usado como justificativa pra muita coisa errada e prejudicial.

É isso que é uma argumentação. Eu defendi o ponto de que uma coisa não é a coisa mais importante do mundo, e vc disse que "parece que está escrito que aquela coisa não é a mais importante do mundo". Está mesmo.

Eu só não chamei ninguém de idiota.

Elven Paladin:

--- Citar ---onde a discussão é exatamente sobre o quanto essa "busca pela liberdade total" não é tudo essa lindeza que parece, é claro que os argumentos são o uso dessa liberdade para a prática de atos danosos.
--- Fim de citação ---

Pergunta trivial - salvo uma minoria composta de anarquistas e alguns tipos de libertários e comunistas, quem defende consistentemente a "busca pela liberdade total"? Porque a origem do seu argumento vem contra o Skar, que está a quilômetros de distância de ser alguém que busca a liberdade total.


--- Citar --- e vc disse que "parece que está escrito que aquela coisa não é a mais importante do mundo". Está mesmo.
--- Fim de citação ---

Note que eu não disse isso - mas sim que "todos usos dessa palavra a colocam como algo secundário, pouco importante ou associada a atos danosos".

Mas prosseguindo - então, se uma forma de liberdade comumente aceita for um entrave para a realização de algo positivo e benéfico, a liberdade (e por conseguinte, pessoas) deve ser suprimida por tal causa maior?

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