Primeiro, gostaria de me desculpar com todo mundo por ter me exaltado nas postagens anteriores. Não é legal ler coisa assim, então não vou deixar acontecer de novo.
Concordo, mas vamos fazer uma proibição sem ter certeza? O que tenho certeza é que as pessoas que concordam com essa lei se sentem incomodadas com a fumaça do cigarro e isso pra mim não é o suficiente.
Bom, você usou sua experiência de vida como exemplo, mas isso não pode ser um argumento. Você tem rinite e ela não é afetada com fumaça de alguém do outro lado da mesa? Que sorte a sua. Eu também tenho rinite, minha cunhada fuma lá em cima no terraço de onde moramos e eu fico tossindo, espirrando, com olhos inchados e lacrimejando todas as vezes. Isso porque estou aqui dentro do quarto com a janela fechada, no andar inferior.
Existe muita gente como eu, muita gente como você, por isso não dá pra usar nenhum dos dois casos individualmente como argumento. Tem muita gente que não tem problema respiratório, e muita gente que além de rinite, tem asma, bronquite, alergia, etc. E exatamente por se tratar de um espaço público é que ele deve ser regulamentado pelo Estado, pois o Estado são as pessoas que os cidadãos escolheram democraticamente pra fazer cumprir seus interesses. Não pense que eu to falando que o Estado é santinho e que tudo é lindo, pq eu sei que não é, mas uma questão de respeito ao espaço individual e saúde pública em um espaço público é sim responsabilidade do Estado, por melhor ou pior que ele seja.
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Uma discussão que já vi muito a esse respeito, e que aí sim cai como uma luva com o seu argumento, é lugares de condomínio, a maioria prédios, onde a pessoa fuma dentro do seu apartamento e a fumaça se espalha pro corredor coletivo. Mas veja bem, é um direito da pessoa fumar dentro da casa dela, ela faz o que ela quiser dentro da casa dela. Isso sim é uma coisa que gera uma discussão complicada, pois como há condomínios que restringem coisas [cigarro, animais, festas] e há os que não têm essas restrições e que as pessoas reclamam assim mesmo. Em ambos os casos é regra estabelecida e acordada por todos que estão ali se uma coisa pode ou não. Os condôminos podem fazer ações entre si para mudar a regra do condomínio de acordo com os interesses da maioria ali, e isso aí, realmente, não é da conta do Estado.
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Fumar numa rua de bares? Não vejo que tenha um grande potencial para danos.
Você já se repetiu N vezes sobre
fumar nas ruas de bares, mas ou não está se expressando direito, ou tem uma regra especial sobre isso aí onde você mora. Em nenhum lugar do país é proibido fumar na rua, pela lei federal. Só é proibido fumar debaixo de cobertura, mas saia de baixo da marquise, pronto, aí pode. Na mesma rua ali, de frente ao bar, se não tem cobertura ou parede, pode fumar. Eu chego no trabalho fedendo a cigarro todo-santo-dia porque da parada do ônibus até o prédio onde eu trabalho são 15 minutos de caminhada e praticamente
todo mundo fuma.
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Sim. Vocês dois estão lutando pelo o que dizem acreditar que é o melhor para as outras pessoas.
Isso aqui é outra coisa que você repete muito, todo mundo diz que não e você continua usando como argumento. Skar, você não está entendendo o abismo de distância entre o que você está falando "
acreditam que essas coisas fazem mal" e o que nós estamos falando "essas coisas
fazem mal".
Ninguém "acredita" que o cigarro faz mal. Ele
faz mal, há provas disso. Ninguém "acha" que a restrição de cigarro "é pro bem da saúde de todo mundo". Eu já falei isso, o kinn tb, o taverneiro, o Roderick... e você continua argumentando como se estivéssemos querendo ser heróis do pulmão alheio. Não é isso, entenda, por favor. Nós estamos falando de uma questão de
direitos, não de
salvar o mundo do mal.
Todo mundo tem direito de fumar, mas a lei garante que
se você não quer fumar, seu direito se sobressaia.
Não dá pra todo mundo ter o que quer, concorda? Eu quero comer meu sanduíche em paz, sem ficar tossindo, sem ficar com a garganta seca na lanchonete. O cara da outra mesa quer terminar de comer e fumar o cigarrinho dele pra relaxar, mas se ele fizer isso ali, ele vai estar invadindo a minha vontade. Então alguém teve que "ceder", e compulsoriamente, porque é assim que funciona a sociedade. Ninguém tá nem aí pra vida dos outros, antigamente se fumava até dentro de avião (e ainda tem gente que tenta). A
lógica que se usou pra decidir quem é que tinha que ceder, ou seja, o direito de quem deveria se sobressair em relação ao direito do outro, foi o fato de: isso não faz mal? não se espalha pra todo lugar? não é melhor
não fumar do que fumar? não é um hábito comprovadamente nocivo? Então a melhor solução é que se sobressaia a vontade de quem não quer usar o cigarro. Não tem nenhum motivo pra que se decida o contrário. "Porque o cara tava
com vontade?"; "porque
ele tem direito de fumar?" tem! e ninguém tirou o direito dele de fumar, cigarro ainda é legalizado. Só que priorizou-se o direito do não fumante.
Dito isso, dá pra fazer paralelo do que eu fiz com o cigarro com o seu exemplo do decote? Ou qualquer outro exemplo em que o "freio" da situação é baseado em crenças, religião, conservadorismo, tradição ou qualquer outra coisa exclusivamente subjetiva? Vamos lá:
Cigarro: Causa danos? SIM;
A religião aprova? irrelevante;
Interfere no espaço do outro[saúde, sossego, espaço pessoal, vontade individual] SIM;
É proibido? NÃO;
É restrito? SIM
Decote: Causa danos? NÃO;
A religião aprova? NÃO;
Interfere no espaço do outro[saúde, sossego, espaço pessoal, vontade individual] NÃO;
é proibido? NÃO
Casamento homossexual: Causa danos? NÃO;
A religião aprova? NÃO;
Interfere no espaço do outro[saúde, sossego, espaço pessoal, vontade individual] NÃO;
é proibido? discute-se para que NÃO,
pois não há fundamento para que SIM
Maconha: Causa danos? SIM;
A religião aprova? NÃO;
Interfere no espaço do outro[saúde, sossego, espaço pessoal, vontade individual] NÃO;
É proibido? SIM, mas como não interfere na vida dos outros, vem sendo liberada em vários países e discute-se isso no Brasil, mais do que nunca.
Percebe como não é uma questão de "ser herói" ou "querer salvar o mundo do mal"? É, como todo mundo já cansou de falar, uma questão de direito individual versus direito coletivo. Moral, religião, tradição ou fatores subjetivos não são motivos aceitáveis
hoje como fundamento para se criar uma restrição. As restrições que existem
hoje que não têm fundamento concreto e se baseiam nessa "moral" subjetiva são
heranças do passado, e não coisas que surgiram agora.
Sociedades democráticas caminham nessa direção: restrições arbitrárias -> restrições fundamentadas; represália baseada em moral subjetiva -> liberdade individual que não interfira ou restrinja a liberdade individual de outrem. Não na direção oposta. Evoluímos cada dia como cidadãos, temos mais acesso à informação do que nunca, e
a voz mais ativa da história, como população, nesses tipos de assuntos. Claro que ainda acontece muita merda, mas ninguém disse que isso é uma utopia. O contexto social dos países democráticos é o mais livre, liberal e "prafrentex" do que jamais houve na história. Ele está longe de ser ideal? Pfff, há anos luz! Mas apesar de Bolsonaros, de bancada evangélica e de um monte de porcaria que ainda existe, nunca houve tanta força
contra esse tipo de porcaria como agora. O que é difícil ainda é quebrar as restrições porcas que já existem - tanto as "no papel" na forma da lei, quanto as "morais" na forma de opressão social - mas com a luta em cima delas que existe hoje, a tendência é enfraquecerem com o passar do tempo.