Fazendo uma leve Necromancia de Tópico.
Eu assisti, após leve insistência do Lumine, RahXephon. Meu veredito, com alguns leves spoilers e retirado da conversa:
O anime fez tudo que era possível para que eu o odiasse.
Síndrome de Deus do Meio da Temporada? Check.
Mega-Conspirações não bem explicadas? Check.
Robôs Gigantes? Check.
Robôs Deuses do Além? Check?
Alguém por Trás de Tudo, Tudo e Tudo? Sure as Hell.
Robôs Gigantes e Protagonista de Cabelos Brancos? Off Course.
E... eu não consegui odiá-lo. Mesmo que ele tentasse. Essa anime é bom.
E aos interessados, começou a segunda temporada do melhor anime cyberpunk do momento (junto com Ghost in the Shell), Psycho-Pass.
Psycho-Pass 2 サイコパス 2 Opening #1 (Ling Tosite Sigure - Enigmatic Feeling) (http://www.youtube.com/watch?v=fjcMrGSrryg#ws)
Já que esse aqui acabou virando o Tópico Oficial de PSYCHO-PASS®, vou falar um pouquinho sobre as impressões que tive da Visual Novel (Psycho-Pass: Mandatory Happiness). Ainda não terminei as duas rotas principais, mas já dá pra ter uma ideia do jogo.
(https://cdn3.dualshockers.com/wp-content/uploads/2015/12/PsychoPass.jpg)
Em primeiro lugar, vamos pela parte boa: é um roteiro do Gen Urobochi, a história se passa no meio da primeira temporada (o que quer dizer que temos os personagens mais carismáticos em cena), e o jogo é totalmente dublado com as mesmas vozes do anime (com direito a menu de jogo lido em voz alta pela voz do Sibyl System). A trilha sonora é ótima (na verdade é nada mais nada menos que a trilha sonora instrumental da primeira temporada), o design de todo o jogo é muito bem feito e fiel à identidade visual apresentada no Japão fictício do anime - ou seja, se você tem pavor à cor azul, esse não é o jogo pra você. Eu até gostei do joguinho extra que vem junto (mais viciante do que aparenta), e não me arrependo de ter pago quase quarenta mangos numa promoção da Steam por ele, mesmo porque esse preço só ficou mais salgado porque fiz questão de levar o artbook que vinha como DLC. Tem sido uma experiência satisfatória, não tenho como negar.
Porém.
Eu fico muito feliz de a história não ter sido adaptada para a TV. Porque seria um filler bem fraquinho, ao menos pelo que eu pude ver até aqui. É claro que não daria pra fazer nada de extremamente revelador ou importante num produto que será consumido por uma parcela consideravelmente menor do público alvo, mas eu esperava mais.
Há duas rotas para seguir no jogo, dando ao jogador a escolha de assumir o papel de um desses novos personagens: Takuma Tsurugi, um enforcer sadboy protagonista de shonen movido por um interesse amoroso; ou Nadeshiko Kugatachi, uma inspetora apropriadamente apelidada Droid-san, que incorpora o trope inédito de personagem-com-amnésia-que-o-público-sabe-exatamente-quem-é-embora-todos-pensem-ser-um-mistério.
Eu já completei a rota do Tsurugi e... meh. É uma história de detetive com um detetive idealista, cabeça quente e apaixonado por uma garota. Não tem aquele efeito noir que você esperaria de uma história de detetive num universo cyberpunk (não, nada de Bladerunner aqui). Na verdade, adaptando alguns elementos, daria pra ser uma história genérica - e não muito boa - de investigação de algum outro cenário de ficção qualquer. Não tem cara de Psycho-Pass, na boa. E acho que isso se deve muito à representação dos personagens.
Pra começar, temos o protagonista. Ele parece sem lugar no universo de Psycho-Pass. É difícil defini-lo por qualquer coisa que não seja o fato de que ele tem um interesse amoroso. Outras características dele incluem: não ser tão bom quanto o Kogami em nada do que faz. Sério. Não sou eu quem estou fazendo essa comparação, é o roteiro. O Kogami só aparece nesse jogo pra mostrar pro jogador como ele é melhor que o Tsurugi. Os dois não são apresentados como rivais, veja bem, mas o jogo me fez lembrar de um fato de que eu já havia me esquecido depois da segunda metade da primeira temporada: o Kogami é fanservice. Ele tá lá pra parecer bonito, alto, misterioso, e bom em tudo que faz. No jogo, isso fica mais claro nas cenas em que o Kogami e o Tsurugi resolvem treinar luta juntos, e temos uns bons minutos de interação entre os dois que consistem em ver o Kogami com roupa justinha, depois ver o Kogami suado e sem camisa, e pra fechar, ver os dois conversando enquanto tomam banho. É claro que, Kogami sendo Kogami, ele ganha a luta não importando as suas escolhas como jogador. Lá pro final dessa rota, no TRUE END, Kogami ainda rouba a cena do casal apaixonado em fuga, provando que poderia tê-los impedido de fugir se quisesse, mas como ele é Kogami-sama, entendeu que eles deveriam fugir, e sai de cena pulando algumas centenas de metros direto no oceano - e sobrevivendo.
Isso faz com que Kogami, um personagem que os fãs já estão acostumados a ver como alguém mais complexo que isso, seja resumido em fan-service. Mas não é só ele. Na verdade, todos os personagens conhecidos estão na fase em que ainda não tiveram seus arcos principais superados - o que é compreensível considerando que a história se passaria lá por volta do episódio seis ou sete da primeira temporada. Logo, Kogami é o sonho molhado de todos nós. Akane é a novata ingênua e insegura. Ginoza ainda é o chato de galocha, rigoroso e incapaz de confiar nos enforcers. Mas eu senti falta mesmo é do personagem principal de Psycho-Pass, cuja ausência faz com que nada do jogo nessa primeira rota consiga atrair meu interesse com a mesma intensidade que o anime. Estou falando do Sibyl System. Todo o lado distópico do Japão de Psycho-Pass deixa de ser o carro chefe da história, e fica relegado a mero pano de fundo.
O que já parece não ser o caso na rota da Nadeshiko. Assim espero, pelo menos. Mas o fato é que Psycho-pass funciona mesmo é com protagonistas femininas, por alguma razão. Já avancei um pouco pela segunda rota, e ainda estou naquela fase em que tudo é igual ao que já vi na primeira rota, mas de um ponto de vista diferente. Quando os casos repetidos se resolverem, aí sim pode ser que algo de genuinamente interessante saia desse roteiro. O que não é difícil, já que o jogo tem a virtude de se focar (até aqui da maneira errada, mas vamos torcer) num aspecto fundamental da ficção científica e que foi de certa maneira negligenciado no anime. Ele mostra com mais detalhes o funcionamento da inteligência artificial no universo de Psycho-Pass.
Enfim, quando eu tiver acabado o jogo todo, eu passo aqui e dou um veredito final.