Achei legal o que o Bispo fez e realmente deve ser uma emoção fora do comum receber a filha nos braços assim.
Quanto aos partos em hospitais, eu tenho 4 experiências e as 4 foram positivas. Sou o orgulhoso tio de 3 meninas e um menino e todos eles vieram ao mundo em excelentes condições, mesmo em hospitais. Nenhuma das minhas duas irmãs sofreu nada parecido com o texto postado aqui (graças a Deus!), mas isso não significa que a violência obstétrica não exista.
Meus 3 primeiros sobrinhos poderiam ter nascido em casa, como a Clarinha do Bispo nasceu, mas a minha última sobrinha jamais poderia ter sido dessa maneira, e é esse caso que uso bem para ilustrar a importância de ter certeza do estado que o feto se encontra antes de tomar uma decisão dessas.
Larissa, minha princesinha caçula, hoje tem 2 anos e meio... mas foi muito difícil para mantê-la viva até aqui. Larissa nasceu com uma complicação séria no intestino, o que levou a uma cirurgia minutos depois de ter nascido... minha irmã mal pode ver a própria filha (que foi desejada e esperada por anos). A cirurgia tinha corrido bem, mas só saberíamos mesmo se ela estava bem quando defecasse pela primeira vez. Foram dias na UTI até ter o primeiro sinal de fezes. Depois disso, mais uma bateria de exames e tratamentos e 40 dias depois de nascida, minha princesinha finalmente estava saindo do hospital pela primeira vez... para voltar 20 dias depois.
O intestino dela tinha piorado de novo e uma nova cirurgia se fez necessária para tirar mais um pedaço do mesmo... mais algumas semanas no hospital e Larissa estava de volta pra casa.
Com pouco mais de um ano, ela começou a ter muito sono, febre e ficava quente. Depois de passar por dois médicos (onde o primeiro disse que "não era nada"), nossa guerreirinha agora sofria de meningite... mais internação, mais tratamento, mais uma temporada no hospital...
Quando parecia que ela finalmente tinha escapado da meningite, pôde voltar para casa. Mas era muito difícil fazê-la comer qualquer coisa e ela estava perdendo peso ao invés de ganhar. Passamos por diversos médicos, até que um deles recomendo a Unicamp para um exame mais detalhado. Dias depois, a bomba: minha sobrinha possui um DNA defeituoso e nasceu com Fibrose Cística. Resumindo, a FC é uma doença que não tem cura, e ela impede que as proteínas ingeridas sejam aproveitadas pelo corpo, não importa o que ou a quantidade ingerida. Ela precisa ingerir uma cápsula com enzimas durante todas as refeições para que o corpo aproveite as proteínas, para o resto da vida.
Acabou, certo? Não... nos últimos 6 meses do ano passado, ela foi ficando cada vez mais devagar e queria comer cada vez menos. Em novembro chegou ao estado desesperador de não se comunicar gestualmente de maneira alguma conosco, apresentava estrabismo e não atendia quando a chamávamos... ali, naquele começo do mês de novembro, eu tinha a certeza que estávamos perdendo a luta e minha sobrinha estava morrendo...
Corremos em vários médicos e descobrimos que ela estava com hidrocefalia oriunda da meningite. uma cirurgia de emergência foi feita (sim, mais uma cirurgia em uma criança de menos de 2 anos) e uma mnagueira com válvula foi "instalada" no cérebro dela para drenar o líquido que estava sendo produzido. Não se sabe quanto tempo ela terá que usar isso, mas está lá dentro do corpinho dela.
Hoje, depois de muita luta, ela come bem, fala pelos cotovelos e está começando a andar sozinha... finalmente.
Ok, eu poderia ter parado a história lá no nascimento dela, mas a grande realidade é que dificilmente ela teria sobrevivido em um parto caseiro. A ideia do mesmo é válida e legal, mas é bom ter certeza do estado do feto e fazer toda a bateria de exames necessários antes de tomar uma decisão dessas.