No mesmo eixo está a ideia de criar incentivos fiscais para a iniciativa privada fixar metas de preenchimento de vagas de trabalho por negros.
Ou seja, o empresário não ficaria obrigado a contratar ninguém, mas seria financeiramente recompensado se optasse por seguir a política racial do governo federal.
Tu tá supondo então? Ok.
Óbvio que estou supondo, não é como se alguém fosse burro o suficiente para criar uma lei que diga explicitamente "demita funcionários brancos para contratar negros".
E imagino que todos estejam familiarizados com a periculosidade das suposições. Quem é contrário a cotas raciais (como eu) tende a sempre imaginar logo a forma como o tiro pode sair pela culatra, enquanto quem é a favor das cotas tende a supor sempre o melhor cenário. Mas é preciso lembrar que no ramo empresarial é comum tomar as decisões que, estando dentro da lei, maximizem o lucro.
É por que afinal de contas empresas médias e grandes, vão levar isso em consideração.
Eu acho que é o contrário: quanto maior a empresa, maiores as chances de que a proporção de negros em sua folha de pagamento seja próxima da proporção de negros habilitados para tais tarefas na comunidade em que a empresa se situa. Por exemplo, se 40% dos técnicos em química do Vale dos Sinos são negros, é provável que uma empresa de grande porte situada em São Leopoldo (centro do vale dos sinos) tenha em torno de 35-45% de seus técnicos em química negros. Com empresas pequenas o desvio é maior. Além disso, para uma empresa grande, contratar um novo funcionário sem despedir outro no lugar não é tão prejudicial (financeiramente falando) quanto para uma empresa pequena.
Por outro lado, tenho que admitir que a população de negros nas minhas turmas, tanto no técnico quanto na engenharia, sempre foi menor que 30%. Assim, para compensar a falta de mão de obra especializada técnica, a empresa terá que contratar bem mais de 30% de negros em funções menos especializadas. É possível a medida ajude a fazer surgir funções em que não trabalhe nenhum branco (mas não é como se isso já não seja o caso hoje em dia: a proporção de negros no chão de fábrica é maior do que em qualquer outro setor).